Seja para os otimistas ou para os cautelosos, com pouco dinheiro no bolso ou a carteira cheia, essa é a época em que fica difícil resistir ao impulso consumista. O comércio popular é sempre um bom termômetro de como anda o ânimo do brasileiro.

Quase 11 da manhã no Largo da Concórdia, no Brás, um dos principais polos de consumo do Brasil, e o locutor assanha as consumidoras. 'Daqui a pouco tem promoção para as mulheres', avisa. Segundos de suspense. 'Vai ter blusa de R$ 22 por R$ 12. Entra aí, meu bem.'

A aposentada Izabel Alves de Oliveira se anima com as promoções, para e escolhe uma camisa para o pedreiro que está fazendo as reformas da sua casa. 'Vai ter presente de Natal para parente, afilhados, para os vizinhos. Aqui no Brás vale a pena', conta.

Para Izabel, que recebe quatro salários mínimos de aposentadoria, o momento está propício para investir mais nos presentes. Ela costuma fazer as primeiras compras natalinas em junho. Assim, não acumula as despesas em dezembro. Pelos seus cálculos, os gastos de Natal neste ano devem chegar a R$ 1 mil.

A aposentada Neli Ana Batistuta pegou o ônibus na zona sul da cidade em direção ao Brás logo cedo. Começou as compras por volta das 8h30. Três horas depois, ela deixava a região escoltada por uma amiga e carregada com cinco sacolas. 'Hoje gastei R$ 800, tudo pago no cartão de débito para fugir de prestação.'

O Brás, na zona leste, é conhecido por concentrar o comércio popular de confecção. São cerca de 5 mil lojas. Em média, passam pela região 300 mil pessoas por dia, mas perto de datas de grande movimento, como o Natal, esse número pode triplicar.

Um dos problemas do local é a falta de estrutura para receber os visitantes. Não há banheiros e são poucas as opções para se matar a fome. Se o dinheiro estiver contado, no entanto, sempre há a opção do sanduíche grego com copo de refresco. Preço: R$ 2 (e a bebida é à vontade).

Luxo. A 16,6 quilômetros dali, na zona sul da cidade, está o Shopping Cidade Jardim, um dos centros comerciais com maior concentração de marcas de luxo do País. Por lá estão Chanel, Salvatore Ferragamo e Hermès, além de Tiffany e Carolina Herrera. Lá, o ar-condicionado alivia a alta temperatura pré-verão. Os visitantes passeiam, sem o risco de se acotovelar, sob os olhos atentos de seguranças. Um cafezinho sai por R$ 3,80.

Com a bolsa Louis Vuitton pendurada no antebraço, Lourdes Edreira conta, animada, qual é a previsão de gastos para este ano. 'Adoro presentear, independentemente da crise. Todo ano dou muitos presentes. Neste ano a verba é maior. Os negócios foram melhores e vou poder gastar mais', conta a sócia de uma fábrica de móveis. Pelas suas contas, a lista de presenteados deste ano terá entre 60 e 70 nomes.

FONTE: http://estadao.br.msn.com/economia/artigo.aspx?cp-documentid=26716490