Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Os irmãos Batista sempre trabalharam muito, tiveram visão estratégica, e, agora, estão prestes a dar uma sorte danada.

Wesley Batista

A JBS, o império de carne que eles construíram, atravessou as eras Lula e Dilma com a fama de empresa amiga do Governo.

Agora, quando os erros da política econômica do PT tangeram a vaca pro brejo e fizeram o dólar disparar, a empresa dos Batista vai ser uma das maiores beneficiadas pela alta da moeda norte-americana.

A JBS está presente em 20 países e exporta seus produtos (aprovados por Tony Ramos) para mais de 150. Cerca de 84% de seu faturamento é em dólares.

“A JBS é uma aposta alavancada no dólar,” diz um gestor de recursos. “Nenhum outro empresário brasileiro — tirando a turma da cerveja via Anheuser-Busch — tem 50% da sua operação na América do Norte.”

Desde o IPO da JBS em 2007, os Batista sempre tiveram a visão de se tornar líderes nos três maiores mercados de proteína animal do mundo: Brasil, EUA e Austrália. O plano de aquisições foi executado com o apoio do BNDES e da Caixa, hoje donos de um terço da empresa.

Uma conta grosseira ilustra como a JBS é beneficiada pela desvalorização do real.

O faturamento da JBS este ano será da ordem de 116 bilhões de reais, e 84% disso será faturado na moeda verde. Assim, cada 1% de alta do dólar aumenta o faturamento da JBS em cerca de 970 milhões de reais.

No lado do passivo, a empresa deve cerca de 40 bilhões, 32 bilhões dos quais denominados em dólar. Assim, cada 1% de alta no dólar faz a dívida crescer cerca de 320 milhões.

Joesley Batista“A dívida [da JBS] também sofre a pancada do câmbio, mas os ganhos operacionais se perpetuam por muitos anos,” diz o gestor. “Quando você converte os resultados lá de fora para reais, ela está dando porrada.”

Além de ganhar quando o dólar dispara, a JBS está em seu melhor momento operacional desde que o patriarca José Batista Sobrinho abriu a Casa de Carne Mineira, na Anápolis da década de 50.

Os preços da carne estão em alta no mercado mundial, e os insumos, em baixa. O chamado “ciclo da proteína” rendeu à empresa um 2014 gordo, e os analistas acham que esse cenário vai durar pelo menos mais um ano. Aproveitando o vento a favor, a JBS reduziu sua dívida, que um ano atrás era de 4 vezes sua geração de caixa, para apenas 2,5 vezes. A ação subiu 50% nos últimos 12 meses, e está perto de sua máxima histórica de 12 reais.

O BNDES, que investiu 8,4 bilhões de reais em ações da JBS em vários momentos entre 2007 e 2009 — incluindo um aporte na Bertin, que logo depois se fundiu com a JBS — está quase no azul. Os 24,5% da empresa que o banco tem hoje valem 8,3 bilhões de reais a preços de mercado — um empate nominal, isto é, sem corrigir o investimento do banco pela taxa de juros do período.

(Excluindo da conta o aporte na Bertin e considerando-se apenas as injeções de capital diretamente na JBS, a conta fica mais bonita para o BNDES: o banco teria um custo médio de 8 reais por ação, ou seja, um ganho nominal de 50% até agora.)

Se o dólar continuar subindo, alguns gestores acham que o BNDES deveria aproveitar a oportunidade para sair do investimento.

“Não dá pra imaginar que, com o Brasil precisando de dinheiro, o BNDES vai ficar com esse caminhão de dinheiro lá…”, diz um analista.

Apesar dos negócios estarem indo de vento em popa, são poucos os gestores brasileiros que compram a ação. Eles se queixam de uma governança frágil, que inclui uma briga dos Batista com seus sócios, a família Bertin, e questionamentos acerca de um acionista misterioso na empresa, além do recente interesse do Tribunal de Contas da União pelos empréstimos da empresa junto ao BNDES.

Aumentando essa carga política, a JBS foi o maior doador corporativo para a campanha eleitoral de outubro. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, a JBS doou 352 milhões de reais nestas eleições, dos quais 69,2 milhões foram destinados à campanha da Presidente Dilma. Outros 61,2 milhões foram para candidatos a uma vaga na Câmara dos Deputados e 10,7 milhões de reais a candidatos ao Senado.

“Muita gente não compra ação da JBS por causa da percepção de risco político, mas temos que ser pragmáticos: esse é o cara que mais se beneficia desse cenário atual,” diz um gestor.

Por Geraldo Samor

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Comentário de Romildo de Paula Leite em 17 dezembro 2014 às 10:04

questionamentos acerca de um acionista misterioso na empresa, além do recente interesse do Tribunal de Contas da União pelos empréstimos da empresa junto ao BNDES.

Comentário de Romildo de Paula Leite em 17 dezembro 2014 às 10:00

  A JBS, o império de carne que eles construíram, atravessou as eras Lula e Dilma com a fama de empresa amiga do Governo.

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