Medidas aparentemente de pouca importância geram forte impacto na operação do varejo, aumentam custos e impõem novos desafios ao setor.
A notícia é daquelas que seriam cômicas, se não fossem trágicas. A Serasa suspendeu a divulgação de seus índices de inadimplência, utilizados pelo mercado como referência sobre a pontualidade de pagamento dos clientes, por causa de uma lei do Estado de São Paulo (número 15.659) que determina que os inadimplentes sejam avisados por carta com aviso de recebimento. A legislação vale apenas no Estado, que representa 30% do volume nacional.
Esse é um caso emblemático, porque mostra um “efeito borboleta” que os nossos parlamentares (nos níveis federal, estadual e municipal) parecem não compreender: pequenas ações, aparentemente inofensivas, geram uma série de consequências que cria um tsunami em algum lugar. A ideia (aparentemente inócua) de trocar o envio de uma carta simples com aviso de postagem por uma com aviso de recebimento multiplica em até sete vezes o custo da operação e exige que o destinatário da carta esteja disponível para receber o documento. E que, claro, os Correios não estejam em greve.
A Serasa disse que 97% dos inadimplentes do Estado não foram negativados em setembro e, com isso, a base de dados ficou desatualizada, comprometendo a geração de indicadores e pesquisas pela empresa.
Com isso, não apenas o processo de “colocar o nome no Serasa” ficou mais caro, como a conta incide sobre o empresário, que tentará repassá-la para o preço final dos produtos. Além disso, a medida faz com que as informações sobre inadimplência, que são essenciais para a mensuração do risco das transações, fiquem desatualizadas. Em uma canetada, voltamos aos anos 80.
Nesses tempos de consumo em queda, recessão, inadimplência em alta e pouca disposição às compras, uma medida desnecessária. Tudo o que não precisamos é de mais burocracia.
por Renato Muller
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