Todos os que discutem economia e política internacional conhecem as acusações que os defensores do regime cubano fazem ao bloqueio comercial americano à Cuba.
De fato, tal bloqueio, do ponto de vista de quem defende a liberdade como valor absoluto, é uma atitude questionável.
Só não supera em desumanidade a supressão de liberdade que o próprio governo cubano impõe aos habitantes da ilha caribenha, onde impede que os cubanos se associem, contratem, transacionem, se expressem ou viajem livremente.
Ao reclamarem o fim do embargo americano à Cuba, contraditoriamente, os socialistas estão defendendo o livre-comércio entre os países. E não menos contraditoriamente, ao defenderem o socialismo, se mostram contrários ao livre-comércio entre as pessoas.
Imaginar que o comércio internacional é feito entre os governos, é desconhecer a realidade, as trocas de mercadorias e serviços são feitas globalmente, por empresas privadas ou pessoas físicas, e apenas limitadamente por governos, quando estes adquirem aquilo que necessitam para seu próprio uso.
Governos, de maneira geral, quando participam ativamente do comércio internacional, o fazem apenas para coibi-lo.
As empresas privadas e as pessoas físicas não precisariam dos governos para transacionar. Para poderem pagar menos e obter o melhor resultado nas transações que fizerem, necessitam que os governos não atrapalhem com suas regras, burocracias e impostos.
Números divulgados pelo Banco Mundial, mostram que Cuba, mesmo sofrendo com o bloqueio americano, consegue que suas importações e exportações comparadas com o seu Produto Interno Bruto cheguem a valores superiores a 15%, como mostra a tabela abaixo:
Já o Brasil, sem que haja qualquer tipo de bloqueio comercial por parte de qualquer país, apresenta os seguintes números quando comparamos nossas importações e exportações com o nosso Produto Interno Bruto, segundo a mesma fonte:
Apenas para ilustrar, transcrevo também os dados do Chile, sabidamente o mais desenvolvido dos países latino-americanos:
Essa análise nos remete a seguinte pergunta: Quem está impondo o embargo comercial ao Brasil?
A resposta é tão simples quanto a regra de três que utilizamos para calcular uma porcentagem. O culpado é o governo brasileiro.
Quando afirmamos que o comércio internacional é feito por empresas privadas e pessoas físicas, e que os governos atrapalham com suas aduanas, regras, burocracias e impostos, estamos dizendo que, quem sofre com o embargo ao comércio internacional imposto ao Brasil, somos todos nós brasileiros. Salvo, é claro, aqueles que se beneficiam ilegitimamente, com salvo-condutos para passar por cima das barreiras impostas, ou os que acabam protegidos da concorrência externa, por essas mesmas barreiras.
A lógica nos leva a deduzir que, tanto os cubanos como os brasileiros sofrem do mesmo mal. Estão limitados por seus próprios governos de forma bastante similar. Não podem promover o intercâmbio comercial no mercado interno e externo sem duras restrições, o que obviamente impede a população dos dois países de elevar seu padrão de vida ao nível daqueles que mantém suas fronteiras mais abertas e seus cidadãos mais livres.
Fonte:http://www.imil.org.br/artigos/o-embargo-brasileiro-ao-brasil/
Autor: Roberto Rachewsky
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Realmente muito perspicaz e verdadeira essa análise.
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