Nenhum teste de estresse dos bancos foi capaz até hoje de servir de alerta sobre crises financeiras, mesmo as devastadoras como a atual, iniciada em 2007. Não apenas as limitações técnicas, mas as conceituais conspiram contra os testes de estresse e os tornam uma ferramenta útil mais para gerenciar uma crise financeira já em curso, do que se preparar para um desastre que ainda não chegou. A conclusão é de Mathias Drehmann, Kostas Tsatsaroniso e Claudio Borio, um dos economistas mais conceituados do Banco de Compensações Internacionais.
Para eles, os modelos de teste são a “verdadeira antítese” do que é de fato instabilidade financeira, ao admitir riscos de quebras bancárias apenas quando o sistema é atingido por severos choques macroeconômicos — a razão de ser dos modelos . A realidade é mais prosaica: “A verdadeira essência da instabilidade financeira é a de que choques normais causam a ruptura do sistema, porque um sistema instável é um sistema frágil”.
Por isso, o estudo das formas como se desenvolveram as crises financeiras mostrou que elas passam longe das pressuposições dos modelos. Uma análise de 43 crises bancárias em 30 países revelou que o preço dos imóveis não haviam caído substancialmente quando o desastres financeiro teve início, e o crédito ainda se expandia razoavelmente. “As crises geralmente não começam depois que a atividade econômica entrou em colapso, mas antes”.
O estudo menciona o que batiza de “paradoxo da instabilidade financeira” — “o sistema parece estar mais sólido precisamente quando está mais vulnerável”. Ele mostra os indicadores pré-crise de 2008 nos EUA como exemplo perfeito: expansão do crédito e dos preços dos ativos es bastante fortes, alavancagem normal em relação aos preços de mercado, lucros e qualidade dos ativos saudáveis e prêmios de risco baixos. “O que parecia baixo risco era, de fato, uma agressiva exposição ao risco”.
Os técnicos são céticos a respeito de se os testes de estresse poderão ser, algum dia, úteis como alerta e prevenção. “Tecnicamente, o tamanho do choque teria de ser muito grande para proporcionar alguma ‘ação’ no modelo”, dizem. E, feitos em condições pré-crise, ainda que fossem bem-sucedidos em detectar vulnerabilidades, as chances de se agir em função deles seriam pequenas. Eles dão um exemplo: “Quem levaria a sério um teste que assumisse que o spread entre taxas interbancárias e o índice de swap overnight subisse para mais de 300 pontos, como ocorreu durante a crise, quando esse spread flutuava entre 10 e 15 pontos básicos e, em ‘mercados eficientes’ o esperado é que se aproximasse de zero?”.
Fonte:|http://www.valor.com.br/valor-investe/casa-das-caldeiras/2495034/o-...
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