20 minutos com o Ministro da Fazenda
Joaquim Levy provavelmente vai odiar esse título.
Afinal, a tarefa mais inglória do ‘garantidor-in-chief’ do rating e da política econômica brasileira é justamente convencer o País (e os mercados) de que o ajuste fiscal é não apenas possível como também tem feito avanços.
Em que pese o colapso da arrecadação este ano, Levy comemora os recentes acordos comerciais do Brasil (que estão discretamente abrindo a economia), bota fé na reforma do ICMS, e tem grandes expectativas para o novo programa de concessões, que ainda está no forno mas que tem tudo para ser o mais realista dos últimos 12 anos.
Mas, para além do óbvio apelo jornalístico, chamar o ajuste fiscal brasileiro de ‘missão impossível’ embute uma verdade inarredável.
No curto prazo, o ajuste ‘conjuntural’ se dá sob as mais impróprias condições de temperatura e pressão de que se tem notícia. O preço das commodities não para de cair, piorando os termos de troca da economia brasileira; o Governo opera sob taxas inéditas de impopularidade, e o presidente da Câmara é como o Coiote do desenho animado da Warner, sempre tentando explodir o Papa-Léguas. A diferença é que, no desenho, o Papa-Léguas sempre escapa ileso, já que todas as artimanhas de seu arquiinimigo acabam se voltando contra o próprio. Na vida real, o pacote de TNT explode dentro do Tesouro Nacional, como aconteceu na semana passada.
E, no longo prazo, o ajuste ‘estrutural’ vai demandar medidas que precisarão de um capital político inexistente no cenário atual, como mostramos aqui recentemente.
Apesar de todo o barulho, Levy continua focado na missão. O Ministro, que recebeu a coluna com exclusividade num sábado ensolarado, falou sobre a meta fiscal e as reformas em curso, comemorou que a projeção de inflação em 2016 está convergindo para a meta, e avisou aos empresários que estão postergando o pagamento de impostos: “As empresas não devem ficar na impressão de que elas não pagam e depois vai aparecer um REFIS e que ninguém vai bater na porta delas.. A cobrança vai ser bastante presente.”
Por Geraldo Samor
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