Como não colocar na capa desta semana o fatiamento da Operação Lava-Jato pelo STF, uma das mais importantes e preocupantes notícias do ano? A resposta só poderia ser aquilo por que VEJA já se destaca há décadas: mais um furo de reportagem que possui relevância ainda maior, ao mostrar que o primeiro político preso pelo esquema do “petrolão” a aceitar o acordo de delação premiada resolveu entregar o ex-presidente Lula como possível mentor de tudo. Abaixo, um trecho da reportagem de Robson Bonin:
Pedro Corrêa, José Janene e o deputado Pedro Henry, então líder do PP, defendiam a nomeação. Dutra, pressionado pelo PT, que também queria o cargo, resistia, sob a alegação de que não era tradição na Petrobras substituir um diretor com tão pouco tempo de casa. Lula, segundo Corrêa, interveio em nome do indicado, mais tarde tratado pelo petista como o amigo “Paulinho”. “Dutra, tradição por tradição, nem você poderia ser presidente da Petrobras, nem eu deveria ser presidente da República. É para nomear o Paulo Roberto. Tá decidido”, disse o presidente, de acordo com o relato do ex-deputado. Em seguida, Lula ameaçou demitir toda a diretoria da Petrobras, Dutra inclusive, caso a ordem não fosse cumprida. Ao narrar esse episódio, Corrêa ressaltou que o ex-presidente tinha plena consciência de que o objetivo dos aliados era instalar operadores na estatal para arrecadar dinheiro e fazer caixa de campanha. Ou seja: peça-chave nessa engrenagem, Paulinho não era uma invenção da cúpula do PP, mas uma criação coletiva tirada do papel graças ao empenho do presidente da República. A criação coletiva, que desfalcou pelo menos 19 bilhões de reais dos cofres da Petrobras, continuou a brilhar no mandato de Dilma Rousseff – e com a anuência dela, de acordo com o ex-presidente do PP.
A denúncia é da maior gravidade, apesar de todos os brasileiros minimamente informados já terem claro que Lula era mesmo o mandachuva do esquema. Seria muito absurdo imaginar que o ex-presidente fosse apenas um figurante no maior esquema de corrupção montado no estado durante sua gestão, que o beneficiou diretamente. Mas quando alguém de dentro, próximo, resolve colocar a boca no trombone, isso faz toda a diferença do mundo.
Diante disso, chega a ser quase hilariante – não fosse tão nojenta – a peça de humor involuntário que o deputado petista Paulo Teixeira publicou hoje no GLOBO, defendendo Lula e repetindo a “tese” patética de que querem prende-lo porque não suportam tudo o que ele fez pelos pobres do Brasil (o que mesmo ele fez exatamente, além de gerar inflação alta e quebrar o país?). Se não for caso de demência, então o sujeito precisa ser muito cínico e cara de pau mesmo para escrever tais linhas e comparar Lula a Prometeu!
Felizmente temos, no mesmo jornal, a coluna de Guilherme Fiuza hoje, para trazer bom senso, sempre com ironia, ao debate político. Ler o texto de Fiuza e depois o do deputado petista é contrastar o Brasil que pensa e tem honestidade com a ala, cada vez menor, dos defensores do indefensável, seja por canalhice, seja por estupidez. Diz Fiuza:
Quem achava que tinha chegado ao fim a capacidade do brasileiro de ser ludibriado pela demagogia coitada, errou feio. Eis que surge o Partido dos Trabalhadores, todo melecado de pixulecos de variados calibres, no centro de uma orgia bilionária onde inventou a propina oficial com doações eleitorais de empresas, propondo o fim das… doações eleitorais de empresas. Você teve que ouvir: o PT quer purificar o processo eleitoral brasileiro, protegendo-o da influência do poder econômico. É o socialismo de porta de cadeia.
O Brasil cai em todas, e não deixaria de cair em mais essa. O companheiro monta em cima, rouba, estupra, enfia a mão na bolsa da vítima tentando arrancar mais uma CPMF, e ao ser pego em flagrante, grita: vamos discutir a relação! A vítima se senta, acende um cigarro, faz um ar inteligente e começa a debater o celibato das empresas no bordel eleitoral. Contando, ninguém acredita.
O fatiamento do Lava-Jato pode ser um duro golpe contra a Justiça, e caberá a todos nós impedir isso. Se houver perda de interesse, se uma vez mais o brasileiro se mostrar acomodado, impotente e fatalista, numa de que isso aqui nunca vai ter jeito mesmo e que não adianta lutar, então os bandidos do PT triunfarão. Como diz a reportagem da VEJA sobre o assunto:
O Brasil vive hoje um momento único. Quadrilheiros disfarçados de políticos tomaram de assalto o estado, sob a negligência ou cumplicidade de muitos. Agora a ficha já caiu para a imensa maioria, e milhões de brasileiros aguardam ansiosamente pela merecida punição dos envolvidos, inclusive no alto escalão. Se tudo terminar mesmo em pizza, será um golpe jamais visto na esperança da população decente. Sua reação poderá ser a passividade, como de praxe. Mas também poderá ser imprevisível.
Os monstros do pântano estão brincando com fogo, estão confiando demais no mito do eterno pacato cidadão. Haverá um dia em que a ebulição será inevitável, como uma panela de pressão que explode. O sapo está sendo escaldado há 13 anos, mas não morreu ainda, e poderá, num ato de revolta, saltar da panela, meio chamuscado, achando que tem pouco a perder, querendo incendiar tudo em volta. Querendo fazer justiça com as próprias mãos, sinal do fracasso da civilização, marcada pelo império das leis.
A maneira indecente com que os advogados dos réus do “petrolão” celebraram o fatiamento no STF demonstra o escárnio, o descaso com a opinião pública. Mas, em contrapartida, alguns petistas já não conseguem mais frequentar um restaurante, sair às ruas, pegar um avião comercial. O mesmo vale para Stédlie, quando está sem seu “exército”. Se abusarem demais da impunidade, isso poderá ser apenas o começo de uma nova era de revoltas populares fora de controle. Quem viver, verá.
Rodrigo Constantino
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