Fonte:|recantosdaterra.wordpress.com|
Talco sintético desenvolvido a partir de nanopartículas é solução para o maior problema ambiental da indústria têxtil
Um dos grandes problemas ambientais causados pela indústria têxtil, não só na região de Americana mas em todas as regiões de produção têxtil do país, começou a ser resolvido, graças a um produto desenvolvido por uma pesquisadora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) a partir de nanopartículas.
As cerca de 30 mil empresas têxteis do Brasil, entre fiações, tecelagens, malharias, estamparias, tinturarias e confecções, liberam grandes volumes de efluentes que, se não corretamente tratados, podem gerar sérios problemas de contaminação ambiental. Os efluentes têxteis são altamente coloridos devido à presença de corantes que não se fixam nas fibras durante o processo de tingimento. As características desses efluentes dependem da tecnologia e dos processos industriais utilizados e também da natureza das fibras e dos produtos químicos empregados. Em geral, estima-se que aproximadamente 20% da carga de corantes se perde entre os resíduos de tingimento, o que representa um dos grandes problemas ambientais enfrentados pelo setor têxtil.
O produto desenvolvido na Unicamp pela química Andrea Sales de Oliveira Moscofian mostrou que tem alta capacidade de remover os corantes utilizados pelo segmento têxtil e liberados em seus efluentes.
O produto é uma espécie de talco sintético modificado, com o qual ela conseguiu remover em laboratório mais de 93% de corantes presentes em amostra real de efluente colhida em uma indústria de Americana. O trabalho mostrou que tem grande potencial para aplicação industrial em larga escala.
Hoje existem vários métodos para remoção de poluentes dos efluentes têxteis, todos apresentando vantagens e desvantagens. Normalmente, para as indústrias, é o custo que acaba orientando a escolha. O material desenvolvido por Andrea mostrou que pode ser utilizado com a mesma eficiência tanto em meios neutros (pH 7) como em meios fortemente básicos (pH acima de 7) ou ácidos (pH abaixo de 7), sem necessidade de ajuste de pH, o que simplifica tremendamente o processo de tratamento e é bem mais econômico.
“O material é sintetizado em uma única etapa, em condições de aquecimento muito brandas, em tempo reduzido, e todos estes fatores minimizam as operações e consequentemente os custos”, explica ela.
O produto agora deverá ser submetido a uma escala-piloto de testes antes de chegar ser aplicado industrialmente. Andrea diz que ainda pretende realizar estudos sobre a recuperação e reutilização do material empregado no tratamento.
Ao concluir a pesquisa, Andrea afirmou que o processo apresentou “eficiência acima da esperada” porque no efluente real não havia apenas corantes reativos, mas diversos corantes pertencentes a outras classes, além de soda cáustica e variados produtos, do que resultava uma amostra preta. Após o tratamento, a solução se mostrou praticamente incolor, evidenciando que o processo é eficaz para outros corantes presentes no efluente.
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