Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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No filme “Melhor É Impossível”, de 1997, há uma cena interessante em que a personagem de Helen Hunt pede ao personagem intragável de Jack Nicholson, misantropo que sofre de transtorno obsessivo-compulsivo, para que lhe faça um elogio, um só elogio. Após algum tempo pensando, ele diz: “Você me faz querer ser uma pessoa melhor”.

O PT tem o efeito contrário em mim. Se este é um dos mais belos elogios já feitos no cinema, então podemos concluir que a pior crítica é alguém nos fazer ser uma pior pessoa. Como diria Roberto Jefferson ao José Dirceu: “Vossa excelência provoca em mim os instintos mais primitivos”.

O cuidado que deve ter quem convive demais com o monstro, mesmo que para combatê-lo, é não se tornar um também. Policiais que combatem o crime e se infiltram no tráfico sabem bem disso. Como disse Nietzsche: “Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você”.

Pensei nisso ao ler a resposta que o humorista Marcelo Madureira deu aos petistas que tentam intimidar os formadores de opinião críticos ao governo. Disse ele: “Àqueles que querem nos amedrontar com ameaças e intimidações, continuaremos respondendo a cada dia, a cada hora, a cada minuto, com as nossas únicas e legítimas armas: as palavras, as ideias e os princípios”.

Eis o desafio de todos aqueles que não aguentam mais o PT disseminando ódio e mentiras pelo país, apelando para baixarias, golpes baixos: não responder na mesma moeda, com ódio; preservar nossos valores e princípios; insistir na construção de um Brasil realmente democrático, com respeito às diferenças (dentro dos limites da própria sobrevivência da tolerância), sempre de forma civilizada.

Entendo que nem sempre é fácil. O PT, como já disse, desperta em muitos os “instintos mais primitivos”, e nos leva muitas vezes a reagir com o fígado. Mas esse é o único caminho. Ao menos o único em que o PT não vence, pois se tivermos que jogar como ele, aceitar a premissa de que os fins nobres justificam quaisquer meios, então o país já perdeu.

Em época de Copa do Mundo, faço uma analogia com o futebol: há quem, aderindo à “ética da malandragem”, só se importa com a vitória, custe o que custar. Outros não. Outros não aceitam isso, acham que como se vence faz toda a diferença do mundo. Faço parte do segundo grupo. Defendo o “fair play”.

O PT seria, ao contrário, o time que não devolve a bola após ela ser colocada para fora de propósito para o atendimento de um jogador machucado. Seria o jogador que morde o adversário, ou que faz gol de mão, ou simula escancaradamente um pênalti. E faz tudo isso com o orgulho do “malandro”, com o regozijo do “esperto”, que sempre quer tirar vantagem em cima dos demais.

Os nervos de muitos brasileiros estão à flor da pele. Há risco concreto de caminharmos na direção bolivariana, como fizeram Venezuela e Argentina, cujos governos são camaradas do PT. Nesse quadro, é tentador partir para medidas desesperadas, ficar muito paranoico, agressivo. Tem gente clamando por intervenção militar já, o que seria a morte definitiva da nossa democracia.

É preciso resistir, lutar, mas dentro dos nossos valores, respeitando as regras do jogo. Se o outro lado chuta a canela o tempo todo e mete a mão na bola, não é por isso que vamos jogar da mesma forma. Um pacto mefistofélico desses, de aceitar o “vale tudo” em prol de uma meta louvável, é um caminho escorregadio sem volta. O abismo sorri de volta, e lá no fundo dá para ver o reflexo de um monstro.

Concluo de volta ao começo: o PT me faz ser uma pessoa pior muitas vezes, pois a raiva e o desprezo dificilmente são bons conselheiros. O segrego é tentar fazer do limão uma limonada: justamente por ser o PT assim, devemos lutar ainda mais para ser sempre alguém melhor e, com isso, ajudar a construir um país também melhor, contrário em todos os aspectos àquilo que o PT representa. Eis a reação mais admirável que se pode ter ao lulopetismo.

Rodrigo Constantino

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