Entenda como esse conceito está moldando o futuro do trabalho e como ele é adotado em diferentes setores da economia.
Da energia renovável à agricultura sustentável, o emprego verde se concentra em atividades, produtos ou serviços capazes de reduzir os impactos ambientais das marcas.
Na prática, eles podem gerar um impacto significativo na economia, no meio ambiente e nas organizações em geral.
De acordo com o relatório “Greening with jobs”, desenvolvido pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), os empregos verdes são um incentivo no processo de transição para a sustentabilidade ambiental.
O crescimento desse tipo de posto de trabalho tem sido impulsionado pela crescente conscientização sobre os impactos negativos das mudanças climáticas e da degradação ambiental.
Como resultado, governos e marcas estão investindo em energia renovável, tecnologia limpa e práticas sustentáveis para reduzir a emissão de carbono e contribuir para a preservação do meio ambiente.
Diante disso, é importante entender o que é empreendedorismo verde e como essas ações têm se desenvolvido no Brasil.
Um emprego verde é aquele que atua de forma sustentável, com o objetivo de reduzir os impactos ambientais de empresas.
Isso acontece a partir de ações como a redução de emissão de carbono e do consumo de recursos naturais, e investimento em projetos de preservação, por exemplo.
Como consequência, esses postos de trabalho contribuem para:
Para entender qual a origem do termo “emprego verde”, é preciso voltar até 2009, quando o conceito surgiu pela primeira vez em um estudo da Organização Internacional do Trabalho.
Em parceria com o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), a organização desenvolveu a pesquisa “Empregos Verdes: trabalho decente em mundo sustentável e com baixas emissões de carbono”.
Nela, o termo é apresentado e explicado ao leitor. Desde então, ele tem se tornado mais conhecido e tem sido mais implementado no mercado.
Hoje, as atividades consideradas verdes vão além das áreas de reciclagem, produção de energia renovável e manejo florestal sustentável, se estendendo a diversos segmentos que se preocupam cada vez mais com essas questões.
No ranking do Anuário de Sustentabilidade da S&P Global, o Brasil aparece em 12º, com 22 empresas em destaque, sendo duas delas na categoria ouro – uma do setor de varejo.
A categoria ouro considera empresas que estão dentro de 1% das melhores notas de acordo com o seu setor e alcançaram pelo menos 60 pontos.
Na América Latina, o Brasil foi o único país a aparecer neste grupo, trazendo Klabin e Renner como as mais bem classificadas.
Atualmente, o Brasil representa 10% dos empregos em energias renováveis do mundo. O dado é resultado de uma pesquisa realizada pela OIT em parceria com a Agência Internacional de Energia Renováveis, a Irena.
O material, intitulado Renewable Energy and Jobs: Annual Review 2022, mostra que o setor que mais emprega no país é o de biocombustíveis.
Ao lado destes índices, outras pesquisas comprovam a caminhada positiva do Brasil em direção à transição sustentável.
O relatório Global Green Skills Report, desenvolvido pelo LinkedIn, mostrou que 20% das startups brasileiras já tinham profissionais com habilidades verdes em 2021. O índice fica acima da média global, que é de 18%.
De acordo com o estudo, além dos segmentos voltados ao meio ambiente e fontes renováveis, as áreas com maior participação de colaboradores com habilidades sustentáveis no país são:
Nas indústrias de soluções ambientais, o número de profissionais que se encaixam nas habilidades do emprego verde chega a 90%.
As empresas que priorizam a sustentabilidade podem se beneficiar da melhoria da reputação da marca, maior fidelidade do cliente e redução dos riscos regulatórios.
No geral, o crescimento dos empregos verdes representa uma oportunidade para um crescimento econômico positivo, ao mesmo tempo em que aborda os desafios ambientais que a sociedade enfrenta atualmente.
Segundo os dados do relatório da OIT, a previsão é que os esforços para desenvolver uma economia verde gerem 18 milhões de empregos em todo o mundo até 2030.
Na América Latina e no Caribe, a expectativa é de pelo menos um milhão de empregos gerados até 2030.
Além de indicar um número significativo de profissionais com foco na sustentabilidade, o estudo do LinkedIn também mostrou que essa é uma demanda que vem crescendo nas empresas.
De acordo com a pesquisa, 10% dos anúncios de vagas de empregos já exigem pelo menos uma habilidade verde dos candidatos.
Ainda segundo os dados, os chamados talentos verdes já cresceram 38,5% entre 2015 e 2022 na força de trabalho.
Os índices reforçam a importância de se preparar para os cargos dentro do conceito de emprego verde para manter-se competitivo no mercado.
Para isso não é preciso, necessariamente, se especializar em uma atividade sustentável. O profissional pode inserir práticas mais conscientes na sua rotina, independente da área de atuação.
Um gerente de indústria têxtil, por exemplo, pode implementar a economia circular, escolhendo materiais recicláveis para produzir novas peças e adotando medidas para utilizar energias renováveis no processo de fabricação.
Os empregos verdes podem fornecer benefícios econômicos ao criar novas oportunidades de trabalho, reduzir custos de energia para as empresas e impulsionar as economias locais por meio do aumento do investimento em infraestrutura de energia renovável.
Eles também contribuem para um ambiente mais saudável, promovendo práticas de sustentabilidade, reduzindo o desperdício e a poluição.
Além disso, a economia ambiental terá um impacto importante na realidade de futuros cidadãos e profissionais, e essa preocupação a longo prazo se reflete no interesse das novas gerações em áreas com baixa emissão de carbono e ações sustentáveis.
É o caso da geração Z, dos nascidos entre 1996 e 2010, que já adota hábitos de consumo mais sustentáveis e espera das empresas um posicionamento sobre pautas sociais.
A tendência é que essa preferência siga presente na geração Alpha, dos nascidos a partir de 2010.
As indústrias em geral estão adotando o emprego verde como meio de promover a sustentabilidade e reduzir sua pegada de carbono. Algumas das principais são voltadas para os setores de energia renovável, tecnologia limpa e agricultura sustentável.
Entre elas, a busca por serviços que reduzem o impacto ambiental, como veículos elétricos, sistemas de redes inteligentes e edifícios energeticamente eficientes, é um ponto em comum.
Com esse objetivo, as diferentes áreas contribuem para a geração de empregos e para o desenvolvimento da economia global.
Confira exemplos de setores que têm se destacado no conceito de economia verde.
A agricultura é uma das principais atividades econômicas no Brasil e, por envolver o manejo de recursos naturais, têm ganhado técnicas mais conscientes.
O modelo sustentável da atividade envolve práticas que minimizam o uso de produtos químicos nocivos e promovem a saúde do solo, buscando reduzir o impacto ambiental.
Essas mudanças são sentidas nos hábitos de consumo da sociedade, que tem buscado opções mais ecológicas, como embalagens recicláveis e alimentos orgânicos.
A tendência foi observada no relatório Panorama do Consumo de Orgânicos do Brasil. Realizada a cada dois anos, a pesquisa apresentou um aumento de 106% na compra desses produtos entre 2017 e 2021.
Neste contexto, profissões como engenheiros ambientais, agrônomos e biotecnologia tendem a apresentar maior demanda no mercado.
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As empresas que trabalham com fontes de energia renováveis, como eólica e solar, estão entre as principais geradoras de emprego verde no Brasil, segundo a pesquisa realizada pela OIT e pela Irena.
Globalmente, o número de postos de trabalho no setor ultrapassa a marca dos 12 milhões, de acordo com o relatório anual Renewable Energy and Jobs.
Neste setor, cargos como instalador de painéis solares, técnicos de turbinas eólicas e operadores em instalações de energia renovável ficam em destaque.
O setor de transporte tem sido outro destaque no empreendedorismo verde, com empresas que estão investindo em veículos elétricos e outras tecnologias limpas para reduzir a emissão de carbono.
Aqui, também destacam-se as ações de incentivo ao uso de transportes coletivos para diminuir os impactos ambientais.
Com isso, abrem-se oportunidades de empregos verdes para profissionais especializados na produção desses automóveis, bem como nos setores de transporte público, logística e na condução de trens elétricos, por exemplo.
O turismo também tem seus impactos no meio ambiente, por isso as empresas do setor têm tomado medidas para tornar sua atuação mais sustentável.
Redes hoteleiras, por exemplo, podem contar com gerentes de sustentabilidade para desenvolver ações de consumo mais consciente, que vão desde a reciclagem até o uso de energias renováveis.
Agências também podem incluir na equipe profissionais especializados em turismo ecológico e sustentável, incentivando os econegócios.
Focado em práticas mais sustentáveis, como a utilização de materiais renováveis e reutilização de matérias-primas, o ramo da construção civil também tem gerado mais empregos verdes.
Por isso, arquitetos e engenheiros especializados em sustentabilidade são cada vez mais buscados por empresas do setor.
Além deles, especialistas em saúde e segurança ambiental e outros profissionais na área de ESG também podem ter uma busca maior no segmento.
Com esses profissionais, é possível garantir uma construção com melhor aproveitamento e redução no desperdício de materiais, assim como um processo focado na eficiência energética.
O setor de reciclagem é um emprego verde naturalmente, mas o destaque vai para ações de outros segmentos ligadas ao uso de recicláveis ou medidas para reutilização de materiais.
A Sprite, por exemplo, desenvolveu uma agenda para diminuir o descarte de resíduos. O primeiro passo da marca foi mudar a cor das embalagens de verde para transparente, com o objetivo de facilitar a reciclagem do material.
Agora, a empresa tem um calendário de ações de limpeza em rios e praias em seis cidades no Brasil, ligado ao programa Blue Keepers, uma iniciativa da ONU.
Esses investimentos impulsionam o desenvolvimento de profissionais como técnico de instalações de reciclagem e cientistas ambientais, que atuam na separação dos materiais e na busca de soluções sustentáveis, respectivamente.
O varejo aparece entre os setores que mais têm contratações e aberturas de vagas, segundo o Guia Salarial da Robert Half de 2023, que fala sobre as profissões em alta para o ano.
Além disso, a sustentabilidade no varejo de moda tem ganhado espaço entre as marcas. Empresas como C&A, Renner e Riachuelo já adotam estratégias de reaproveitamento.
Há também um impulso no conceito de slow fashion, bem como na revenda de produtos de segunda mão.
Neste contexto, os empregos verdes também entram para a lista. Designer de produtos sustentáveis e gerente de sustentabilidade são exemplos de profissionais que podem ser contratados por empresas do varejo, dentro do conceito de empregabilidade verde.
A ampliação de oportunidades de empregos verdes é uma tendência no mercado atual, que preza pela sustentabilidade e pelo consumo consciente.
Dessa forma, o movimento natural é a adaptação das empresas para promover a especialização de profissionais, bem como aumentar as vagas para cargos verdes.
No Brasil, por exemplo, há fatores que contribuem para essa transformação, como o ecossistema rico em biodiversidade e os investimentos cada vez mais fortalecidos em ações sustentáveis.
Para tornar o país mais competitivo e abrir espaço para mais profissionais da área, as marcas precisam apostar na transição para a economia verde, encontrando as melhores soluções de acordo com sua área de atuação.
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