Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

O que o SPFW tem a ver com a sua vida? |Eva Coutinho |(www.revistasintetica.com.br)|

Está tudo pronto para mais uma edição do São Paulo Fashion Week, o maior evento de moda da América Latina. Muitas pessoas não se dão conta da importância que o SPFW tem para o mercado nacional e, agora, para a moda mundial. A agitação que o evento provoca faz com que milhões de reais sejam movimentados na cidade de São Paulo. E, a cada ano, o SPFW faz com que olhares de mídias e investidores internacionais se voltem para o nosso país.

Mas o que provoca tudo isso? Só as roupas? É claro que não. Na verdade, o objetivo final de qualquer evento de moda é vender roupas. E se podemos fazer isso com criatividade e ousadia, por que não fazer? Os desfiles e os grandes eventos como o SPFW são ferramentas de marketing, grandes vitrines. E geram muitos negócios, inclusive para quem está fora das passarelas. Empresários de diversas áreas, organizadores, produtores... todos estão no evento para conversarem e gerarem negócios para os próximos anos.

A cada ano, o SPFW ganha mais importância não apenas para nós, brasileiros, mas para todo o mercado de moda internacional. Uma série de fatores têm feito com que o mundo se volte para o mercado brasileiro, como um todo. E o mercado de moda, que envolve produtores têxteis, confeccionistas, lojistas, produtores de moda, maquiadores, entre outros, tem crescido de maneira estrondosa.

A estrutura que envolve o SPFW acomoda bem a imprensa internacional e promove um intercâmbio. Assim, jornalistas e profissionais de diversas partes do mundo vêm para cá e trazem seu conhecimento, e levam para casa depois nosso conhecimento e ousadia. E essa história tem se repetido há mais de 10 anos. Por tudo isso, os criadores de moda do Brasil, aos poucos, têm passado de meros copiadores a influenciadores da moda mundial. Quem sabe, seremos ditadores de tendências em breve.

Um outro fator que contribuiu para o nosso crescimento na moda foi o começo do entendimento do "timing" da moda internacional. Como assim? Até meados da década de 1990 a moda no Brasil era produzida com base no que os criadores internacionais faziam. Aqueles que tinham um pouco mais de condições financeiras iam às semanas de moda de Paris e Milão, voltavam para o Brasil cheios de informações das coleções de lá e, então, partiam para a "criação". Como as estações no hemisfério norte são invertidas em relação às nossas estações, o que acontecia era o seguinte: se uma pessoa visse um desfile num determinado momento, ele seria mostrado numa coleção aqui no Brasil um ano depois.

Com o passar dos anos e todos os esforços da cadeia têxtil e de moda do Brasil (como vimos acima), a situação começou a mudar. Os desfiles que acontecem ao redor do mundo não mudaram suas datas. O que mudou foi nosso entendimento a respeito do mercado de moda e do tempo em que as coisas devem ser feitas.

Vamos explicar brevemente as datas dos desfiles internacionais. Em Paris e Milão, por exemplo, a temporada começa em março com os desfile de Outono / Inverno. Em setembro, ocorrem os desfiles de Primavera / Verão. Nosso outono começa em abril. Sendo assim, um mês é pouquíssimo tempo para se criar uma coleção de inverno (ou copiar uma coleção de um desfile internacional). Então, antes, o que acontecia: um estilista brasileiro assistia à um desfile em março e vinha para o Brasil com as informações. Como não dava tempo de fazer a coleção em um mês, ele guardava estas informações, fazia a coleção ao longo do ano e essa coleção, que ele viu em março, seria literalmente reproduzida no mercado brasileiro no ano seguinte. E o mundo girava assim.

Com a criação e o fortalecimento dos eventos de moda do Brasil, como o SPFW, tanto empresários quanto a mídia internacionais, os organizadores dos eventos brasileiros e os próprios estilistas começaram a perceber que para crescer o Brasil tinha de sair da posição de mero copiador. Começou, então, um movimento para fortalecer o design de moda brasileiro.

Tudo começou com a divulgação da imagem da moda nacional através de grandes modelos, como Gisele Bündchen. Então, começou a surgir uma série de cursos de Moda no Brasil para formar profissionais que pudessem dar conta do trabalho que começava a ser gerado. Agora, o mercado de moda se encontra numa época em que os estilistas brasileiros ainda não se firmaram como criadores vanguardistas, mas estão no caminho.

Algumas vezes, o que ainda acontece é a inversão de tendências. Como eu disse, os desfiles de Primavera / Verão no norte acontecem em Setembro. Alguns estilistas pegam as influências destes desfiles e as utilizam em suas coleções de inverno, que serão apresentadas no mês de janeiro, a seguir. É claro que atualmente isso ocorre numa escala muito menor, mas, infelizmente, isso ainda acontece.

Diante de todo esse movimento para tornar os estilistas brasileiros verdadeiros criadores, muitas tendências acabam se misturando e outras novas surgem, independentes, sem qualquer previsão.

Atualmente, pesquisadores brasileiros apresentam tendências que serão propostas aos estilistas (que irão criar suas coleções) muito mais baseados na cultura mundial do que nos estilistas internacionais. Sendo assim, as coleções que vemos nas passarelas do SPFW com frequência são influenciadas por algo que vem das artes plásticas, do cinema ou da história (do Brasil e do mundo). Por isso, não ache "bobagem" um desfile que foi buscar inspiração em uma artista plástica japonesa, ou uma coleção que fale do Rio São Francisco. Tudo isso tem um porquê. "Por que, então, eu preciso ler numa revista as tendências para a próxima estação?", você deve estar se perguntando. Para que você se prepare e saiba com antecendência o que vai encontrar na loja. Mesmo com a democracia no vestir de hoje em dia, é recomendável usar o bom senso. Saber o que vamos encontrar nas lojas e poder selecionar o que é adequado a cada um de nós, é uma boa opção para qualquer pessoa que queira se sentir bem e fazer bonito numa roda social, não é mesmo? A boa aparência e o bom comportamento ainda são fatores-chave para o sucesso profissional.

O que esperar da 27 do SPFW?
Vamos ter muitas atividades interessantes! Nos desfiles, tops como Gisele Bündchen (para a Colcci) e Raquel Zimmermann (para a Animale) darão o ar da graça. Muitas badalações vão agitar os lounges e os espaços do evento. Uma grande exposição com estilistas franceses e brasileiros vai tomar conta do prédio da Bienal, no Ibirapuera. Muitas atividades em comemoração ao ano da França no Brasil, como uma festa a Bethy Lagerdère e uma aula com Didier Grumbach (que veio diretamente do Studio Berçot, em Paris, para cá), lançamentos de eventos, como o Fashion Nights Out (que é uma criação de Anna Wintour, a toda-poderosa da Vogue Amricana), que será realizado no Brasil, entre outras, vão acontecer.

Surpresa! O que vamos encontrar no Verão 2009/2010?
O movimento pró-cultura brasileira continua. Sendo assim, veremos nas lojas coleções que têm como base muitos itens do nosso dia-a-dia, aliadas a influências do design mundial. Coleções com apelo mais étnico e outras com características mais limpas, minimalistas, até por influência do estilo Niemeyer, serão vistas. Cores mais suaves, tons de pele e neutros (como cinzas, brancos e tons pastéis) estarão na maior parte das coleções. Os comprimentos continuam lá em cima: shorts, saias e vestidos e muita perna à mostra. A cintura alta e a cintura marcada ganham ainda mais força. E, para quem pensava que veríamos calças pantalonas, como nos desfiles internacionais, se engana. No Brasil, isso não deve pegar ainda (ufa!, diga-se de passagem). Mas muitas peças, especialmente na parte de cima, devem começar a ficar mais soltas no corpo.

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