Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O que os varejistas podem aprender com David Bowie?

A trajetória ímpar de David Bowie nos permite extrair diversas lições que podem ser aplicadas no contexto atual do varejo.

"David-Bowie Chicago 2002-08-08 photoby Adam-Bielawski" by Photobra|Adam Bielawski - Own work. Licensed under CC BY-SA 3.0 via Wikimedia Commons

Certamente a esta altura você já ouvir falar sobre David Bowie. Afinal, sua morte no dia 10 de Janeiro provocou uma enxurrada de manifestações e programas nas rádios e TVs e, de repente Bowie ficou mais acessível ao público em geral.

David Bowie nasceu David Robert Jones em Brixton, Londres, em 8 de janeiro de 1947. Formou sua primeira banda em 1962 e até 1969 sua carreira foi inexpressiva. Porém, tudo começou a mudar, em função da chegada do homem à Lua: fascinado pelas questões do espaço, Bowie escreveu uma música que narrava as aventuras e desventuras de um astronauta e esperou cinco dias antes do lançamento da Apollo 11 para apresentá-la. A simultaneidade dos fatos tornou-o conhecido e sua carreira decolou.

A cada novo álbum, desenvolvia uma estória com um novo formato para criar experiências estéticas e musicais únicas. Seu estilo desafia definições e, ao longo de sua carreira, fez parcerias com artistas de diversas gerações. Além disso, desenvolveu carreira como produtor e ator, tendo sido aclamado pela critica em todas suas atividades.

Em 17 de janeiro de 1996, entrou para o Hall da Fama do Rock and Roll e em 2006 foi premiado com o Grammy Lifetime Achievement Award. Em Abril do mesmo ano, anunciou que iria dar uma parada na sua carreira em função de problemas de saúde e assim o fez, mantendo-se discreto e pouco “visível” até  2013 quando, no dia de seu aniversário lançou “The Next Day”, que em poucas semanas, atingiu o primeiro lugar em inúmeros países, tendo frequentado as páginas de todos os tipos de publicação ao redor do mundo, inclusive no Brasil.

Após dois anos de silêncio, retorna ao cenário em Dezembro de 2015 para o lançamento de um musical teatro off-Broadway chamada Lazarus e, além disso, enorme expectativa foi construída em torno do lançamento de seu álbum, “Blackstar”, prometido para o dia do seu aniversário. Este último trabalho já é considerado por muitos um testamento de sua obra, uma vez que no dia 10 de Janeiro sua morte foi anunciada.

A influência de David Bowie desafia o espaço desta coluna, porém é imensa e valiosa em diversas áreas, tais como música, cultura, diversidade, moda, tecnologia e sociedade. Como evidências desta influência em áreas não artísticas basta citar a criação da Bowienet, um provedor de internet criado em 1998 e reconhecido pelo MIT (Massachussets Institute of Technology) como um dos pioneiros da Internet. Além disso, ficou famoso pelo lançamento das Bowie Bonds que representaram uma inovação no mercado financeiro ao apresentar uma opção de investimento lastreada no acervo musical do artista.

Uma trajetória ímpar como esta permite extrair diversas lições que podem ser aplicadas no contexto atual do varejo:

  • Perseverança: a dinâmica do varejo faz com que lidemos com muitos projetos simultâneos e que tenhamos pouca paciência para esperar resultados. No contexto competitivo que vivenciamos atualmente, precisamos selecionar os bons projetos e perseverar em busca dos resultados, como Bowie fez no início de sua carreira.
  • Relevância e Significado: a proliferação da concorrência, as mudanças do consumidor e do mercado demandam que os varejistas se mantenham relevantes e atuais, além de oferecerem a seus consumidores mais do que produtos e serviços. A relevância e o significado são construídos ouvindo os consumidores e observando os movimentos do mercado e oferecendo experiências e conteúdos que façam a diferença. Bowie buscou relevância em sua obra e em suas áreas de atuação, criando significados, personagens e estórias que iam além da música.
  • Experiência: muitos são os artistas, assim como muitos são os varejistas. Para se destacar neste cenário, faz-se necessário oferecer experiências distintas e únicas e no caso do varejo oferecer uma experiência de compra apropriada: capacidade analítica, mobilidade, conexões, internet, dentre outras permitem melhorar a experiência de compra e buscar diferenciação. Integrando tecnologia e mantendo-se atual, Bowie criou em seus shows experiências estéticas e sensoriais, únicas e diferenciadas.
  • Experimentação: Bowie experimentou estilos, gêneros e personagens ao longo de sua carreira, além de ter se arriscado em outras áreas do entretenimento, assim como em tecnologia e finanças. Assim como deveriam fazer os varejistas em busca de novas oportunidades para oferecer novas experiências a consumidores cada vez mais complexos, conectados e informados. Inovar nem sempre significa alto investimento e usar tecnologia. Inovar é procurar criar iniciativas novas, não necessariamente inéditas, e que criem, de fato, valor aos consumidores.
  • Tecnologia como meio: tendo utilizado a metáfora da conquista espacial, a tecnologia em seus shows e atividades, e sendo um pioneiro da Internet Bowie mostrou a importância de se usar a tecnologia para se diferenciar e oferecer experiências únicas. A tecnologia da informação é ferramenta importante neste processo de adaptação, mas não deve ser utilizada com um fim, mas sim como um meio.
  • Adaptabilidade: as organizações precisam se ajustar às mudanças nos mercados em que atuam e adaptar sua oferta, sua proposta de valor, ao contexto. A tecnologia da informação é ferramenta importante neste processo de adaptação, possibilitando, potencialmente, agilidade, eficiência e flexibilidade às organizações varejistas. Bowie evoluiu ao longo dos anos, e trabalhou com muitos artistas e grupos mais jovens, adaptando-se à evolução do público
  • Reinvenção: muitas vezes, a adaptação apenas não basta: faz-se necessário buscar reinventar a empresa e o negócio, por meio de novos mercados, formatos, canais e serviços. Assim como os personagens de David Bowie, o varejo precisa se adaptar de forma coerente à evolução dos tempos, utilizando tecnologia se e quando necessário.
  • Saber parar: muitas vezes na corrida do dia a dia, esquecemo-nos de identificar o momento certo para parar e repensar naquilo que estamos fazendo e vivenciando e, dessa forma, muitas vezes falta a coragem e a determinação para transformar projetos em processos ou ainda encerrar projetos sem fim. Saber parar para refletir e repensar nossas organizações é essencial para sua perenidade.

Valeria a pena se perguntar:

  • Sua empresa tem dificuldades em incorporar e transformar projetos e iniciativas em processos?
  • De que forma sua empresa tem procurado se tornar mais relevante para seus consumidores?
  • Se seus consumidores fossem convidados e contar a história de sua empresa, que história contariam?
  • O que sua empresa significa para seus consumidores? Apenas uma loja? Um local para alguma experiência?
  • Quando foi a última vez que você parou para refletir sobre suas diferenças e sobre sua capacidade de adaptação?
  • Quando foi a última vez que você, de fato, surpreendeu seus clientes?
  • Se sua empresa deixasse de existir hoje, como ela seria lembrada?
  • Você está satisfeito com o uso que faz da tecnologia da informação na sua empresa?
  • E quando às informações e dados?
  • Faz sentido embarcar em novos projetos de tecnologia, neste momento?

Quem sabe se ao seguirmos os exemplos de David Bowie, possamos ouvir e criar mais, convertendo nossos clientes em fãs e contribuir para transformar e reinventar nossas empresas e o varejo, oferecendo experiências únicas e surpreendentes usando a tecnologia da informação e inovação como poderosas ferramentas de transformação.

"David-Bowie Chicago 2002-08-08 photoby Adam-Bielawski" by Photobra|Adam Bielawski - Own work. Licensed under CC BY-SA 3.0 via Wikimedia Commons

“David-Bowie Chicago 2002-08-08 photoby Adam-Bielawski” by Photobra|Adam Bielawski – Own work. Licensed under CC BY-SA 3.0 via Wikimedia Commons

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