O icônico little black dress e sua mudança de significado ao longo do tempo.
Coco Chanel: rompendo as barreiras culturais do uso do preto. |
Onipresente. Não há um guarda-roupa feminino que não tenha um indefectível vestido preto (ou little black dress) para usar nos momentos em que se quer ter certeza de acertar. Ele pode assumir diversas modelagens, ser produzido de diversos tecidos, mas será sempre um LBD.
Foi assim decretado por Chanel, quando ela anunciou com seus modelos simples de crepe de chine que era o fim do luto para o preto. A era vitoriana havia transformado o preto em cor oficial do luto, sendo evitado em todas as outras fases da vida. Para as mulheres, havia o tempo específico em que deveriam usar nada mais além de preto, logo após a morte do marido. Mas nem sempre foi essa a condição da roupa preta. Antes disso, nobreza europeia, em particular a espanhola e a flamenca, usava roupas tingidas de preto para exibir sua riqueza: era um tingimento particularmente difícil e caro de se conseguir.
Cocktail dress de Norman Norell, de 1961 - o preto básico. Foto: MetMuseum |
A partir de Chanel, o vestido preto nunca sairia realmente da moda. Mas isso não foi à toa. Com a Primeira Guerra Mundial, a Europa se tornou um continente de luto, devido às inúmeras viúvas que surgiram como resultado do confronto. Chanel tirou o peso cultural do luto das mulheres. Logo em seu lançamento, na década de 1920, a Vogue chamou esse modelo de "o Ford da Chanel", comparando o moderno e versátil modelo ao carro que todos deveriam comprar.
Na era das divas do cinema de Hollywood, o branco (e outros tons claros) era o mais utilizado em seus figurinos, feitos para a mulher brilhar na grande tela. Mas o vestido preto marcou presença em dois de seus filmes mais icônicos. Primeiro, é preto o vestido de Rita Hayworth em Gilda (1946), na cena em que ela se despe de suas longas luvas, também pretas. E foi Hubert de Givenchy o responsável pelo vestido preto de Audrey Hepburn na pele de Holly Golightly na abertura de Bonequinha de Luxo (1961), quando ela toma café da manhã em frente à vitrine da Tiffany.
A cultura do uso do cocktail dress (e da mulher moderna, que saía de casa para festas e eventos e ainda bebia em público) levou o vestido preto para todas as ocasiões formais, seja de dia ou (preferencialmente) no final da tarde e à noite. O little black dress se tornou uma espécie de "tela em branco" para compor os acessórios como se desejasse montar o look, com chapéus, luvas, bolsas e joias. O preto era sempre a opção mais desejada para o cocktail - e hoje continuamos com essa herança.
Desfile de Yohji Yamamoto - verão 2014. Foto: Style.com |
Na década de 1980, os designers japoneses em Paris deram vida nova ao preto - ele era a cor perfeita para experimentar as novas propostas de silhueta para a roupa ocidental que Rei Kawakubo, da Commes de Garçons e, principalmente, Yohji Yamamoto. Yamamoto viria a dizer a cor seria "modesta e arrogante ao mesmo tempo" - em 1981, lançou o crow look (ou look "corvo"), roupas pretas com volume e corte "severo", quase monástico. Designers belgas também adentraram o mundo da moda, já nos anos 1990, usando muito preto: essa é a marca indiscutível de Ann Demeulemeester ainda hoje em suas coleções.
Já decidiu o que usar no Halloween? Que tal um vestido preto?
Vivian Berto
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