Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

O Vestir da Cor - A Origem dos Corantes Sintéticos


O VESTIR DA COR 

O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE 
AS CORES 
QUE NUTREM A INSUSTENTÁVEL “DECÊNCIA” HUMANA
Falar sobre cores em produtos têxteis é sempre um grande desafio. Tema que gera muitos questionamentos, perplexidade, surpresas, indignação, incertezas e falta de informações sobre a origem destes corantes e suas conseqüências a saúde e ao meio ambiente. 
Eu poderia iniciar este texto resgatando na história, quais foram as cores mais utilizadas pelas principais civilizações do mundo, e de quais matérias-primas naturais eram extraídas, as mais belas e exóticas cores que coloriam as vestimentas destes povos que dominavam a secreta arte de tingir tecidos.          
Mas quando percebemos que atualmente, 99,5% dos têxteis no Mundo são coloridos com corantes sintéticos (compostos produzidos por síntese química derivados da petroquímica, obtidos a partir de fontes não renováveis, não biodegradáveis,  altamente nocivos ao meio ambiente, tóxicos e bioacumulativos em qualquer cadeia alimentar), não precisamos ir tão longe na história para constatar que a humanidade utiliza–os em escala industrial há apenas um século. E o homem passou a se preocupar com as conseqüências deste uso indiscriminado há menos de 30 anos, quando evidências comprovaram seus efeitos nocivos e tóxicos a nossa saúde e ao meio-ambiente.

CONTEXTO HISTÓRICO - ORIGEM DOS CORANTES SINTÉTICOS
O comércio de corantes naturais para têxteis se difundiu na Europa a partir do século XVI.
O primeiro corante sintético foi descoberto na Inglaterra no ano de 1856, e desde então uma intensa inovação tecnológica revolucionou a indústria química.

Durante o final do século XIX, após o período que consolida a automação na Revolução Industrial e intensifica-se a implantação do neo-colonialismo, a Inglaterra e França eram os países de maior poder econômico e político na Europa. 
                
Com um forte processo de industrialização, eles dominavam extensas áreas coloniais, principalmente na África e na Ásia.
Essas áreas eram importantes como fornecedoras de matérias-primas e também como grande mercado consumidor para seus produtos industrializados.  
Nesta época anterior à Primeira Guerra Mundial (período conhecido como “Paz Armada” uma vez que a paz era mantida graças ao sistema de alianças e ao poderio bélico de cada um dos lados) as nações organizaram cada vez mais suas produções bélicas a nível industrial e tecnológico.
Várias fábricas de produtos químicos entraram em operação, entre elas a de refino de subprodutos do carvão mineral (principal fonte de energia em toda a Europa), que a partir do alcatrão da hulha, ao ser refinado, geram compostos de hidrocarbonetos que contém anel de benzeno nas moléculas, em particular interesse estava o Benzeno e o Tolueno.
Paralelo a produção do Tolueno, se desenvolveu a produção industrial de Nitrogênio (azoto) na forma de Amônia (NH3) que teve grande impulso em toda a Europa nos anos 1905 a 1912. 
Os compostos de nitrogênio usados como adubo na agricultura, só estavam disponíveis na América do Sul (ex: Nitrato do Chile), então o governo alemão, estrategicamente, financiou pesquisas e a construção de novas indústrias, e em 1911 estava em operação, a primeira fábrica industrial de produção do Nitrogênio na forma NH3, síntese a partir do gás Nitrogênio abundante no ar que respiramos.
    
Estas duas indústrias de compostos químicos e derivados, possibilitaram a produção de explosivos como Nitrato de Amônio, Nitroglicerina e TNT (Tri Nitro Tolueno). Estes explosivos passaram a ser de fácil produção, fazendo com que a 1ª Guerra Mundial se estendesse por mais tempo, causando uma destruição até então sem precedentes na história da humanidade.  
Enquanto a Inglaterra e aliados estavam interessados na síntese de Nitrogênio (azoto) para a produção de fertilizantes e assim ampliar a produção de alimentos em suas novas colônias, a Alemanha estava interessada no azoto para a fabricação de corantes sintéticos e de explosivos.            
Em 1904, com o grande desenvolvimento da indústria química alemã, o primeiro corante sintético produzido em escala industrial entrou no mercado europeu.
Produzido pela BASF (Badische Anilin und Soda - Fabrik) - o Índigo sintético (sintetizado a partir de compostos de benzeno e nitrogênio) deu início a uma revolução sem precedentes quanto ao uso da cor, em todo o planeta.
 Ao mesmo tempo deflagra a falência e o caos social nos países que eram grandes produtores de índigo natural (Índia e países da América Central), resultando conseqüências sociais catastróficas para a Inglaterra e Espanha, visto que o monopólio da produção de Índigo natural na Índia era controlado pelos colonizadores ingleses.  
Mais baratos que os naturais, mais brilhantes, mais rápidos na obtenção da cor e de fácil aplicação em tecido, estes novos corantes mudaram a regra do jogo definitivamente, e em pouco tempo, tecidos tingidos em diversas cores estavam disponíveis a todos. 
Os corantes naturais entraram em desuso, na grande maioria das aplicações.
         
Com o fim da Primeira Guerra Mundial e o controle dos países vitoriosos sobre a Alemanha, fortes restrições e imposições, influenciaram o fortalecimento do Partido Social Nacionalista – e como conseqüência o Nazismo.
A BASF e outras indústrias químicas alemãs, passaram a integrar a IG Farben SA (Associação de Interesses das Indústrias de Cores) com forte interferência do Estado, que deteve o monopólio quase total da produção da cor química até a Segunda Guerra Mundial, contribuindo para o fortalecimento da Alemanha Nazista.
           
 Neste período negro da história, devido aos interesses geopolíticos e à corrida armamentista que culminaram mais tarde na 2ª Guerra Mundial, as mesmas matérias-primas utilizadas para a síntese de corantes sintéticos foram utilizadas para a produção de explosivos (verdadeiras armas químicas de destruição para a época), levando a população a consumir tecidos em um único tom de cinza, já que não havia como tingi-los com outras cores.            


Estas cores químicas que ainda nos encantam e mudaram os hábitos da humanidade, tem seu “preço” e seu lado obscuro.
Rudolf Steiner (1861-1927), fundador da Antroposofia, foi um dos maiores “ativistas” neste período, realizando palestras em que alertava a humanidade dos riscos que esta manipulação poderia resultar. 
Em base a estudos, ele afirmava que estes corantes eram obtidos a partir da morte (derivados de carvão mineral) saturados por Nitrogênio inorgânico, associava estas cores sintéticas a Lúcifer, e dizia que “assim como Deus tem as suas cores na natureza (corantes naturais), Lúcifer precisava de suas cores (corantes sintéticos) para fazer com que os homens se apegassem cada vez mais e mais aos bens materiais e terrenos, consolidando o egoísmo na Terra.” 

Fonte:|http://www.etno-botanica.com/2011/11/o-vestir-da-cor-01.html

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