Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Fonte:|terramagazine.terra.com.b|

Na semana passada o Recife vivenciou uma nova forma de promoção de produtos e serviços relacionada com o sistema de moda e as indústrias têxtil e do vestuário. Nos dias 25, 26 e 27 de novembro, ocorreu a segunda edição do MODA RECIFE.

Construído coletivamente nos últimos 15 meses numa articulação de empresários, governos estadual e municipal, universidades e instituições de apoio à Cadeia Têxtil e de Confecções, sob a liderança do Sindivest/Sintêxtil, a iniciativa reafirma a idéia de que eventos de moda podem ser diferentes da manjada fórmula que combina desfiles com atenção voltada para os ocupantes da primeira fila e VIPs na passarela.

Explicando melhor, a proposta do MODA RECIFE é inclusiva por ter acesso universal. Não há tickets para ingresso nem pulseirinhas para entrada a espaços exclusivos: toda a estrutura está montada para todos os interessados em moda, comportamento e cultura. O princípio é simples: se os equipamentos são públicos, a admissão deve ser espontânea. Traduzindo no mais autêntico "pernambuquê": é só chegar.

Neste ano, o evento cresceu e ocupou o Observatório Cultural da Torre Malakoff, a Rua do Observatório e a Praça do Arsenal da Marinha, no Recife Antigo. O incremento não foi somente em área ocupada, mas também na promoção de iniciativas não tão efêmeras como os desfiles, que colaborem para a reflexão de que moda se quer criar, produzir e comercializar em Pernambuco.

Para começar, a programação foi concebida de forma a atender a diferentes gostos e interesses pela indústria da moda. Na primeira tarde, antecedendo os desfiles, foram lançados dois livros de produção acadêmica local e nas tardes dos dias seguintes, Andrea Bisker e Jackson Araújo debateram temas atuais e instigantes com um público ávido para saber mais e respirar oxigênio para suas futuras criações. Esta espécie de "esquente" tinha como intenção treinar o olhar da audiência para o que viria na passarela.

Os desfiles, organizados em três blocos de quatro empresas e com dois intervalos foram conduzidos por Soraya Giatto, a designer apresentadora que introduzia as marcas, destacava pontos importantes de cada coleção e aproximava o público das roupas e acessórios. Com o intuito de contemplar toda a cadeia de empresas e profissionais envolvidos no evento, ao final de cada desfile, os créditos relacionados ao styling, produção e backstage eram projetados para o público, no mais autêntico estilo película.

Durante os intervalos, o público pôde optar em comentar sobre o recém apresentado curtindo a deliciosa brisa recifense nas arquibancadas que proporcionavam uma vista privilegiada dos desfiles, conhecer os cursos que as escolas de moda do Estado oferecem no lounge com direito a orientações para o consumo de roupas, ou assistir uma performance dos integrantes da exposição Coletivo de Artistas - Corpo, Comportamento e Cultura.

Quanto às roupas, pode-se dizer que a diversidade também norteou o line up, com peças do casual ao sofisticado, da lingerie ao surfwear, da modinha ao conceito, sob a coordenação de moda do consagrado Melk Z Da. O foco das marcas também foi variado, com empresas que oferecem produtos para as classes econômicas A, B, C e D. Dessa forma, foi interessante ver durante o evento socialites sentadas ao lado de transeuntes. Todos, sem exceção, com os olhos vidrados nas criações, numa atmosfera de partilhamento do belo, do transado, do novo, e comprovando a tese de que todo mundo se interessa por moda.

Para esta colunista que vos escreve, e que esteve diretamente envolvida na concepção e produção do evento, fica a certeza de que as possibilidades de agradar ao público consumidor de moda podem ser diversas em formato, em proposta e em amplitude.

Vale revelar um segredo: a inspiração do evento veio de uma manifestação popular consolidada em Pernambuco e admirada globalmente: o carnaval multicultural, onde desfilam pelas ruas o frevo, o maracatu, o caboclinho; onde não há ticket, cordão de isolamento ou uniforme; onde cada um escolhe como quer participar.

Se a moda tem como palavra-chave a inovação, fica a torcida para que outras propostas genuínas floresçam pelo mundo. Daí o mote do MODA RECIFE no Observatório: seja qual for a latitude, a longitude ou a atitude, localize-se, oriente-se, posicione-se.

Maria Alice Rocha é doutora em moda pela University for the Creative Arts de Rochester, Inglaterra, e professora e pesquisadora de moda, vestuário e consumo na Universidade Federal Rural/PE.

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Comentário de Carolina Leal Lima em 3 dezembro 2009 às 10:51
Finalmente algo assim!!!! Que coisa bacana...

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