Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

ONG recicla jeans e cria peças fashion com resíduo têxtil.

Desde 1995, quando se instalou na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, a ONG Florescer faz um trabalho de responsabilidade social com crianças, jovens e adultos. Encontrou na reciclagem de tecidos, principalmente do jeans, e dos aviamentos, uma forma de manter suas atividades e criou, em 2003, o projeto Recicla Jeans.

Trata-se de uma parceria com a Prefeitura de São Paulo, com o Programa Bolsa Trabalho da Secretaria de Desenvolvimento do Trabalho e Solidariedade (SDTS) e a Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura). “Precisávamos ter uma renda que pudesse manter as atividades da ONG, relacionadas à educação das crianças e adolescentes, e que gerasse capacitação e trabalho para os moradores da comunidade”, explica a presidente Nadia Bacchi.

Das roupas às lembrancinhas de casamento

Os tecidos que chegam à ONG - doações de voluntários, resíduos têxteis e até mesmo peças que foram barradas no controle de qualidade das empresas - são desmontados. “Separamos tudo antes de iniciar o trabalho. A partir daí, as costureiras que participam do projeto criam as mais diversas peças de roupas como jaquetas, saias e vestidos; acessórios como bolsas; e produtos para decoração como pufes e colchas”, enumera Nadia Bacchi. Como o projeto aceita encomendas, a presidente comenta que já fez lembrancinhas de casamento, de nascimento e até de primeira comunhão.

As peças prontas seguem para o showroom, na própria sede da ONG, em São Paulo, onde são comercializadas, e para bazares. Eventualmente, participam de eventos para a divulgação do trabalho, como, por exemplo, da exposição Cow Parade - São Paulo, em 2010, com a Salomé, uma escultura em formato de fibra de vidro em formato de vaca toda decorada com retalhos e que ficou exposta no bairro do Morumbi.

O sucesso do trabalho com jeans é tanto que a ONG Florescer foi convidada também para participar de alguns eventos internacionais em países como Portugal, Itália e Espanha. “Chegamos a receber uma proposta para criarmos uma franquia no exterior. Mas não estávamos preparados para dar esse passo. Quem sabe no futuro”, avalia Nadia Bacchi.