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Open Finance: Brasil caminha para ecossistema financeiro mais dinâmico e acessível

Especialistas explicam em que ponto o compartilhamento de dados está.

Natalia Cruz, head de Open Finance da Sensedia e Thiago Resende, gerente de produtos de Pix e Open Finance na Efí
Natalia Cruz, head de Open Finance da Sensedia e Thiago Resende, gerente de produtos de Pix e Open Finance na Efí

Há menos de um mês, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que aplicativos de bancos deverão acabar depois do avanço do Open Finance. Esse é o pontapé para entender o status do sistema de compartilhamento de dados realmente no Brasil.

Para Thiago Resende, gerente de produtos de Pix e Open Finance na Efí, o comentário sobre a possível evolução dos apps de bancos é importante, pois reflete a transformação em curso no setor financeiro.

“Em vez do fim dos aplicativos bancários, entendemos que existirá uma evolução desses aplicativos para se tornarem plataformas capazes de centralizar informações de outras instituições financeiras, assim como realizar transações utilizando o saldo presente em outra instituição financeira, através do serviço de iniciação de pagamento ofertados pelas Iniciadoras de Transação de Pagamento (ITP). Essa mudança tem o potencial de fortalecer a fidelização dos usuários, proporcionando a conveniência de acessar informações de várias instituições em um único local”, explica ele.

Mas, antes de pensar no futuro, onde o Open Finance está agora? Em outubro deste ano, o Brasil entrou na quarta – e última – fase de implementação. Desde então, os clientes bancários poderão compartilhar suas informações sobre investimentos entre as instituições financeiras participantes.

E, de acordo com dados da Febraban de setembro, o Open Finance registrou 40 milhões de consentimentos ativos de clientes, representando crescimento de 90% ao registrado no início do projeto, em janeiro de 2021 (21 milhões). No início do ano, foram registrados 14 milhões de clientes CPFs únicos, número que chegou a cerca de 27 milhões, alta de 93%.

Natalia Cruz, head de Open Finance da Sensedia, afirma que a evolução do Open Finance está acontecendo e que, diferentemente de quando se começou a falar sobre, agora há cases de sucesso que encorajam tanto os clientes finais a autorizarem esse compartilhamento de dados quanto às instituições financeiras com participação voluntária a participar.

“Existe uma grande adesão Open Finance. Mas ainda temos uma longa estrada. Vejo algumas instituições que não usam o termo Open Finance, já que nem todo o público fala inglês ou acha que é um termo difícil. Eles usam, por exemplo: ‘compartilhe seus dados para ter acesso ao serviço X. O princípio de transparência deixa claro quais são os dados consumidos, há o consentimento, e conseguem mostrar o valor e oferecer produtos mais personalizados”, comenta a especialista.

Entretanto, para que o Open Finance seja, de fato, proveitoso para as instituições financeiras, é preciso ter uma governança de dados. “A abertura e compartilhamento de informações entre diferentes instituições exigem padrões de dados consistentes e seguros. Uma estrutura organizada facilita a interoperabilidade, garantindo que os dados sejam compreensíveis e utilizáveis em diferentes contextos. Além disso, a organização adequada dos dados é fundamental para a segurança, privacidade e conformidade regulatória, que são elementos essenciais para construir a confiança dos usuários e para o bom funcionamento do ecossistema financeiro”, alerta Resende.

Por onde começar para o Open Finance?

Segundo o executivo da Efí, para instituições que ainda não começaram, a primeira etapa é compreender as implicações e oportunidades oferecidas pelo Open Finance, especialmente no contexto dessa evolução dos aplicativos de bancos. Em seguida, é crucial investir em tecnologias que suportem a interoperabilidade e a segurança dos dados.

Natalia complementa ao dizer que é uma reestruturação interna tanto do lado de negócios quanto de tecnologia. Por isso, é importante que a instituição veja as áreas de negócios que serão envolvidas na implementação (por exemplo: se tem cartões de crédito como produtos, como integrar com a área de TI? Quais serão os canais de atendimento envolvidos?).

“Após essa definição, envolver o jurídico com o Banco Central para entender todos os requisitos regulatórios, já que há métricas que precisam ser reportadas para o BC para garantir a disponibilidade”, revela ela.

Depois da etapa dos negócios, há a etapa de tecnologia. A instituição precisa analisar o que tem dentro de casa, quais são as tecnologias usadas e se existe a necessidade de modernizar a tecnologia e por onde começar.

“Acredito firmemente que o Open Finance tem o poder de revolucionar a forma como lidamos com nossas finanças hoje, e embora o progresso possa ser gradual, estamos caminhando na direção certa para um ecossistema financeiro mais dinâmico e acessível. Contudo é importante frisar que essa ‘revolução’ ainda corre em passos relativamente lentos, já que, para isso acontecer de forma plena, é necessário a colaboração de todas as instituições financeiras. É necessário que as instituições financeiras olhem para o Open Finance com uma maior atenção, para que tenhamos um ecossistema 100% operacional, sem falhas”, finaliza Resende.

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