Produtoras estudam possíveis usos de inteligência artificial nos processos de criação audiovisual.
Apesar das discussões éticas, a criação de imagens e sons por meio da utilização de inteligência artificial (IA) generativa é uma realidade em diversos setores. No audiovisual, a temática, inclusive, é parte das reivindicações da greve dos atores nos Estados Unidos, que temem ser substituídos e pedem regulamentação acerca de uso de imagem.
No contexto brasileiro, a atenção das produtoras para essas tecnologias aumentou à medida que as ferramentas foram se popularizando. Nesse sentido, Paulo Barcellos, CEO da O2 Filmes, conta que, em novembro de 2022, quando Midjourney e ChatGPT chegaram no mercado, a empresa montou um grupo de pesquisa e desenvolvimento de soluções.
A equipe é formada por 30 pessoas de diferentes áreas, como produtores executivos, desenvolvedores de software, diretores, supervisores de efeitos e roteiristas. Segundo o executivo, no início, a produtora usava a IA generativa, principalmente, na geração de imagens de referência para storyboards, tratamentos e books. Agora, existem avanços.
“Temos um modelo de large language model (LLM) proprietário em desenvolvimento específico para leitura e decupagem técnica de roteiros. Essa ferramenta auxiliará nas estimativas e orçamento de produção, pós-produção e efeitos visuais”, conta. Deepfake para troca de rostos e mecanismo para alteração de voz são outros usos da inteligência artificial.
Allan Lico, vice-presidente de criação e conteúdo na Endemol Shine Brasil, considera que, por ser novidade, o aprofundamento dessas tecnologias nas produções requererá a elaboração conjunta de soluções. Mesmo assim, a Banijay, grupo do qual a produtora faz parte, já produziu um reality para Netflix espanhola em que a IA generativa era uma das protagonistas.
“É o caso de É amor ou falsidade, no qual a tecnologia confunde os participantes misturando realidade com ficção. Acredito que, em breve, já produziremos formatos com a tecnologia de IA aqui no Brasil também”, prevê.
Para Lico, a inteligência artificial generativa implica possibilidades e desafios para a realidade dos estúdios. Uma das novas demandas diz respeito à procura de novos tipos de profissionais que misturem criatividade com tecnologia da informação. Em outras palavras, inicia-se a busca por pessoas com mais conhecimento em tecnologia e que tenham referências importantes do audiovisual.
“O uso da IA pode gerar conteúdos mais assertivos, uma vez que envolve dados de comportamento possibilitando a criação de novos formatos. Porém, temos o desafio de não entregar ‘mais do mesmo’ e, sim, criar algo diferente, inovador”, analisa.
Barcellos concorda com Lico. Ele acredita que a IA se tornarão extensões que potencializarão talento e criatividade. “Um mundo de possibilidades se abre para todos. Por outro lado, o principal desafio será de como se manter relevante no futuro. Quem souber dominar e dobrar essas tecnologias estará na frente”, acrescenta.
Antes de um estágio em que cenas inteiras serão geradas por IA, o CEO da O2 faz previsões de como serão os próximos anos para as empresas de mídia com o aprimoramento da IA generativa. Dessa forma, Barcellos considera que, no curto prazo, entre 1 e 2 anos, haverá ferramentas totalmente amadurecidas para dublagem e sincronismo labial.
“Imagine os filmes dublados na voz do ator original e com o lábio sincronizado em todas as línguas. O impacto disso no consumo de conteúdo será enorme, já que as versões brasileiras serão indistinguíveis da original”, fala.
Já no médio prazo, em 3 ou 4 anos, a produção conseguirá substituir atores por dublês 100% digitais e “imortalizar pessoas, personagens e performances”. Além disso, os LLMs estarão ainda mais afinados e poderão reproduzir o estilo de um texto.
“Em uma série onde o criador ou os atores já morreram, será possível alimentar as ferramentas com todos os textos desse autor, com todos os episódios. Assim, a partir disso, será possível criar novos episódios no mesmo estilo. A filmagem pode usar dublês de corpo dos atores e a ferramenta vai trocar os rostos e as vozes pelos atores originais”, adianta.
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