Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Os números são mais complexo do que parecem - Para comparar com nossa economia

Fonte: |ladroesdebicicletas.blogspot.com|

Hoje, segundo o INE, soubemos que o défice comercial português diminuiu quase 2 mil milhões de euros entre Fevereiro e Abril. Como aqui assinala Pedro Lains, esta poupança nacional equivale quase a um terço do custo do TGV. A preocupação nacional com o endividamento externo, decretada por Cavaco Silva, e seguida pelo manifesto dos 28 não parece, de todo, ser a prioridade da política económica nacional. As prioridades devem ser outras.

No entanto, quererão estes números dizer que a economia portuguesa se tornou mais resiliente a crises internacionais e mais competitiva? Não me parece. Se olharmos para os números do INE verificamos que o grosso da poupança 1,2 mil milhões vem do menor consumo e, sobretudo, da abrupta descida do preço do petróleo durante o último ano. Esta descida é sobretudo o resultado de factores conjunturais, e não estruturais, da nossa economia.

Ainda assim fico uma dúvida. Países com uma dependência energética similar à nossa, como a Espanha ou a Alemanha, sofrem agora aumentos do défice comercial brutais. Qual a diferença? Desconfio que países, como Portugal, com uma estrutura produtiva mais débil, onde as exportações de bens de consumo (ex. têxteis) têm um maior peso na balança comercial do que os bens de equipamento (ex. maquinaria da indústria têxtil), não sejam tão afectados no curto prazo, já que as quebras no investimento são muito maiores do que as quebras no consumo – em Portugal temos uma quebra esperada do investimento de 10% contra um contracção de 3,7% do PIB. Assim se explica que sejam países como a Alemanha os mais afectados pela crise. No entanto, tal não significa que a nossa estrutura produtiva seja mais desejável do que a Alemã. Muito pelo contrário...

A moral desta história é que devemos ter bastante cuidado quando usamos estes dados agregados. Há que perceber o seu real significado. Isto tanto vale para quem o usa o volátil défice externo como constrangimento inultrapassável para o investimento, como para quem percebe a actual redução deste como traduzindo robustez da economia portuguesa.

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