Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Aspirações da classe média , o novo consumidor emergente, este assunto vem aparecendo em todos os jornais e revistas econômicas em virtude da significativa mudança que o mesmo esta provocando nas relações econômicas e sociais do país. Atender a classe C, vem realmente ganhando força no espaço empresarial fruto de um universo de cerca de 90 milhões de consumidores, cujas demandas históricas nunca foram atendidas.

O Marketing hoje, está provocando um entendimento deste indivíduo, está ouvindo este consumidor, saindo da esfera da fria macroeconômica estatística dos pobres, para o de um consumidor com características próprias e individuais, desejos e realidades rapidamente espalhadas pela Internet, e principalmente talvez pela primeira vez na história, o direito a escolha. Este direito a escolha, na verdade nunca existiu. Os pobres porém, sempre existiram, em Roma a cidade chegou a ter uma população de um milhão de pessoas. A fome, as doenças e as epidemias forçavam que as pessoas por vontade própria se convertessem em escravos na esperança de ter garantia de comida e casa e poder sobreviver. Na idade media, a religião exerceu um papel fundamental utilizando a caridade aos pobres como reciprocidade dos ricos numa brutal e desigual distribuição de renda. Restava aos pobres consumidores comprar o pouco disponível, se pudessem. Porque o sistema de trocas era mínimo ou então aceitar dos senhores feudais, sobras de bens, roupas, itens padrões e baratos sem nunca ter a oportunidade de escolha. De certa forma, isto se prolongou na Era Moderna, em que o pobre nunca era contemplado ou melhor "ouvido", tudo era feito na busca do consumidor A e B e isso foi exportado para todo o mundo em especial para as colônias mais novas como o Brasil.

Fica muito difícil trazer comparações com os "baby boomers americanos" que foram protagonistas importantes na expansão econômica americana pós-guerra. Eles se comparam a nossa classe média. A classe C brasileira, a dita classe média de acordo com classificação do IBGE esta segmentada C1, C2 C3, C4, difícil comparar a quem tem 4 salários de renda familiar, com o outro extremo da classe C, que pode chegar a 8 salários mínimos de renda, o que não invalida em nada as proposições apresentadas sobre as novas aspirações. Apenas que em vez de querer viajar a Miami, estas pessoas querem ver seus familiares no Nordeste ou no interior de Goiás, fazer alguma reforma na casa e talvez até comprar pela primeira vez um apartamento financiado pelos programas habitacionais vigentes. Igualmente importante é mencionar que as costureiras de bairro, pedreiros e pintores de bairro, as manicures, parecem que estão trabalhando como nunca. A demanda está "bombando", da mesma forma já esta existindo uma verdadeira competição da indústria com área de serviços por mão-de-obra barata e emprego inicial: está muito difícil por exemplo conseguir empacotadores e caixas para supermercados (salários médios de R$ 650) para trabalhar Domingos e feriados. A indústria está em vantagem quanto a isso, está forçando o setor de serviços a pagar mais.

Segundo o IBGE , 84% dos pobres no Brasil são pardos e negros em um país muito jovem, o que nos traz a conclusões culturais étnicas que vão muito além da "vontade de inclusão social", na realidade estamos falando mais em tribos ou grupos sociais com desejos próprios, embora inclusão social e preconceitos étnicos sempre estejam presentes no contexto. Existem vários trabalhos em que isso aparece claramente. A segurança na hora de comprar e com isso a preferência pelas marcas por não poder se dar ao luxo de "errar" (temos que lembrar que mais de 50% das compras on line já são feitas pela classe C e D e são basicamente marcas) realmente é um fato, mas foi a tremenda expansão do crédito e a proliferação dos cartões de credito que possibilitaram isso. Existem hoje mais de 250 milhões de cartões de crédito em circulação.

Abordo um tema um pouco ignorado pelos criadores de comunicação, (a dificuldade com a linguagem não entendida) basicamente porque estes criadores nunca viram ou tiveram realmente contato com um pobre na vida e criam produtos e campanhas a partir de idéias e leituras que afirmando "que pobre segue a classe A e B" que foi um dos pilares do Marketing importado dos USA, o que hoje já se sabe não é uma verdade.

Talvez nesta última frase eu esteja resumindo a razão deste artigo, o pobre tem que ser ouvido, tem que ser entendido, seja classe C ou D, suas aspirações são reais e cabe a indústria serviços e ao sistema financeiro criar as condições necessárias para o mesmo acontecer, já não existe mais como sendo uma verdade que o pobre come coisa ruim e barata, pelo contrário, os atuais números econômicos nos provam isso, mas é preciso despir-se de anos de preconceito e verdades nunca confirmadas a respeito deste consumidor.



 

FONTE: MONITOR MERCANTIL

por: Gabriel R D Levrini
Consultor, Professor , Doutorando em Marketing PUC- Rio.



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