Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Os tecidos artesanais de João Pimenta

João Pimenta é um dos novos estilistas de maior destaque no Brasil atualmente. Talvez ele não se encaixe bem na classificação "novos" estilistas, já que o designer já tinha carreira em confecções no Bom Retiro paulistano. Mas é há pouco tempo que conhecemos suas coleções autorais, desfiladas na Casa de Criadores e, mais tarde, no SPFW. Entre alguns de seus destaques, além da moda masculina mais experimental, é o uso de tecidos artesanais.
Há duas coleções, quem está por trás da produção de tecidos é outro João, o João Antônio Pereira, da mineira WS Tecelagem (especializada em têxteis para decoração). A Tendere conversou com João sobre essa parceria, e também sobre o rumo da produção têxtil manual no Brasil, em face à concorrência que nossa indústria têxtil tem que enfrentar em relação aos produtos chineses.

Tendere: Como funciona a parceria entre você e o João Pimenta? 
João Antônio: Alguns meses antes de cada coleção encontro pessoalmente, umas duas vezes, com o João Pimenta, para pegar todo briefing da coleção. Nesses encontros ele me apresenta o tema, algumas referências e alinhamos melhor a parte técnica, que tipo de textura, cor e matéria prima do tecido.


T: Como começou?
J: Trabalhei durante dois anos como assistente de estilo do João Pimenta, e desde então mantemos contato.

T: Para você, é um processo mais criativo ou mais técnico?
J: Os dois, pois o João me deixa bem livre para explorar outros caminhos, mas que tenham uma ligação com o tema. No último desfile, enviei um tecido 3 dias antes, achei que o João iria gostar, e foi uma grande surpresa ver o tecido usado no look de fechamento do desfile. 


T: Em relação à WS Tecelagem, ela atua no campo da decoração. Quais são seus tipos de clientes?
J: Trabalhamos com uma variedade de produtos e preços, consequentemente temos perfis diferentes de clientes. Trabalhamos com rede de supermercado, que é focado em produtos mais baratos, mas também com clientes para os quais fornecemos peças mais exclusivas para atender um público mais elitizado.
T: Você tem projetos paralelos, além da WS? Poderia falar um pouco sobre eles?
J: Os projetos que tenho em paralelo são os que desenvolvo em parceria com alguns designers e arquitetos. O último que desenvolvi foi para a Casa Cor de Campinas.

T: Em tempos de tecidos importados mais baratos da China (pólos têxteis, como os daqui de SP - Americana e Santa Bárbara D'Oeste - estão enfrentando dificuldades), produção artesanal têxtil no Brasil é possível como negócio?
J: O mercado têxtil nacional tem passado por um momento bem difícil há uns quatro anos, que se intensificou de dois anos para cá. E isso também afetou o setor artesanal: nesses anos alguns fornecedores e empresas com o mesmo perfil fecharam as portas. Sem dúvida é um momento em que precisamos modificar todo o processo da cadeia produtiva, alternativas novas de matéria prima, otimizar o tempo de produção, desenvolver produtos com identidade artesanal mas que estejam alinhados com o desejo globalizado, mas essa transição leva um tempo e infelizmente algumas empresas não acompanharam.
A produção artesanal têxtil no Brasil é possível, mas ela vai precisar explorar novos caminhos.


Vivian Berto
Tendere - Pesquisa de Tendências e Consultoria para Moda, Design e Beleza

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