Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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 Ato contínuo ao assassinato de dois torcedores do Palmeiras, em confronto com a torcida do Corinthians, o Parlamento brasileiro acertou a votação da Lei Geral da Copa. Trata-se de um conjunto de normas que permitirão, com jeitinho, a venda de bebidas alcoólicas nos estádios e arredores. Essa prática foi proibida no Brasil por causa de todo o sangue que já correu em torno dos jogos de futebol. É uma ótima notícia para os vândalos: eles poderão encher a cara e se matar mais pertinho de seus times do coração. O problema é que a liberação alcoólica só vale para o período da Copa do Mundo. Em vez de trucidar palmeirenses ou corintianos, os boçais terão de se contentar com os argentinos. Melhor do que nada. Chato vai ser a ressaca depois da Copa. Como dizer aos beberrões que o sonho acabou e que a liberação do porre foi só um soluço da lei? Dá-se um jeito. Remendos morais são o forte desse povo cheio de ginga. Quem sabe até esse habeas corpus trôpego firme jurisprudência e a tecnologia da Copa seja exportada para o Carnaval. Para não constranger a venda de cerveja, não haveria blitz de Lei Seca nos dias de folia. Trânsito livre para a alegria, as trombadas e os sopapos. O técnico da Seleção Brasileira, que acaba de perder a carteira de habilitação por se recusar a soprar o bafômetro, já não teria o que temer. Com a anistia alcoólica nas ruas e nos estádios, Mano Menezes poderia dirigir seu carro e a Seleção com a mesma calibragem – o que talvez até tirasse seu time do marasmo.

Há quem considere a proibição de bebidas nos estádios uma medida discutível. Indiscutível é a vocação cômica de um país que transforma isso em lei, em nome da segurança dos cidadãos – e depois resolve dar a essa lei umas férias de 30 dias. E a segurança dos cidadãos? Sairá de férias também, é o jeito.

O acordo para votar a Lei da Copa foi regido pelo presidente da República, Marco Maia. Aproveitando que Dilma Rousseff levara o consultor Fernando Pimentel e mais um exército de companheiros para uma volta na Índia, na ausência do vice, o petista gaúcho sentou-se na cadeira da chefe disposto a arrumar a casa. E futebol é sua especialidade. Como presidente da Câmara dos Deputados, a primeira medida de Marco Maia foi convidar o deputado Romário para uma missão na Espanha: assistir ao clássico Barcelona e Real Madrid. Um homem que sabe para que serve o poder.

Quis o destino que o mandato de Marco Maia como presidente do Brasil coincidisse com a guerra fatídica entre corintianos e palmeirenses. Momento propício para o acordo histórico que afrouxará as regras de segurança em torno do futebol. Mas esse acordo não saiu de graça. Em troca da licença para beber, foi oferecida a licença para desmatar. É o primeiro país do mundo onde a base para a Lei da Copa será o código florestal. O time dos ruralistas pôs a bola debaixo do braço e avisou que só devolvia se sua anistia passasse com a dos bêbados.

Aliviar multas de desmatadores e ampliar sua área de ação é, portanto, um dos requisitos para a Copa no Brasil. Com otimismo, sempre se encontra uma lógica: todo pasto é, potencialmente, um campo de futebol.

O novo código florestal é cheio de controvérsias, tem até defensores respeitáveis. A única certeza é que ecologistas do mundo inteiro o abominam. E ele será aprovado às vésperas da conferência de meio ambiente no Brasil (Rio+20). É muita esperteza. De positivo, essa polêmica pode ao menos ajudar a preservar outra selva – a das obras obscuras da Copa.

São muitas, mas nenhuma há de roubar a supremacia do Itaquerão. Qualquer acordo é brinquedo perto desse empreendimento mágico. De uma só tacada, jogou para escanteio o Morumbi (e um pedaço da história do futebol brasileiro), arrancando quase R$ 900 milhões dos cofres públicos para erguer um estádio novinho em folha. Uma tabelinha mortal de Lula, Ricardo Teixeira, Ronaldo Fenômeno, uma empreiteira e um testa de ferro do Corinthians, time de coração do ex-presidente e futuro dono do pedaço. A última notícia é que os sócios estão pegando um vale de R$ 300 milhões no Banco do Brasil para desenguiçar a obra.

Fonte:http://www.imil.org.br

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