SÃO PAULO - A Região Nordeste do Brasil está na iminência de abrigar o mais importante polo integrado de poliéster da América Latina. Localizado no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Ipojuca, Pernambuco, o novo centro do produto receberá 64 novas máquinas para, no primeiro semestre de 2011, iniciar oficialmente a operação da produção de ácido tereftálico purificado (PTA). A capacidade instalada do novo polo será de 700 mil toneladas deste produto, principal matéria-prima da área têxtil para a fabricação de filamento de poliéster e de garrafas de PET (politereftalato de etileno). O projeto recebeu investimentos de R$ 4 bilhões, tem o apoio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e será o único local no País autorizado a produzir PTA.
"Cerca de 450 mil toneladas serão destinadas à fabricação de garrafas de PET e outras 250 mil, ao segmento têxtil", explica o gerente de Relações Externas do Complexo Industrial Portuário de Suape, Augusto Frank Caldas.
Segundo dados fornecidos pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o Brasil importou, em média, no ano passado, 408 mil toneladas de PTA de países como México, Tailândia e Estados Unidos. Baseado nestes dados, se o polo operar com capacidade total, o Brasil irá abrir as portas e exportar 342 mil toneladas. "Até agora foi comprometido aproximadamente R$ 1 bilhão em contratos assinados", afirma o porta-voz.
A Companhia Petroquímica de Pernambuco (PetroquímicaSuape) é um empreendimento liderado pela Petrobras Química S.A. (Petroquisa) para implementar o Complexo Petroquímico de Suape, que reúne três unidades industriais integradas: uma de produção de ácido tereftálico (PTA), outra para produzir polímeros e filamentos de poliéster (antiga Citepe) e uma terceira, que fabricará resina de embalagem PET.
Fontes do mercado dizem que a Petrobras conta com a consultoria da empresa indiana Lyondell Basell para conseguir a patente da fabricação de PTA e que a mesma pode tornar-se futura sócia do projeto.
A integração da cadeia nacional de poliéster será totalmente consolidada com o fornecimento de paraxileno pelo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) a partir de 2014. O paraxileno é o principal insumo para a produção do PTA.
Interesse
A Companhia brasileira Teka, uma das maiores fabricantes de jogos de cama, mesa e banho da América Latina, juntamente com a Karsten, que recentemente adquiriu a Trussardi, afirmam seu interesse em se tornarem compradoras do produto fabricado no Complexo Industrial Portuário de Suape. "Temos interesse em comprar a matéria-prima do polo de Suape e, com isso, aumentar a participação nacional em nossas compras", afirma o gerente de Compras de Importação da Karsten, Mauro de Oliveira Ferraz.
Segundo Ferraz, até o final do ano a Karsten deve importar US$ 8 milhões de fios de algodão; 80% das compras são feitas na China e 20%, no mercado nacional. Ele também afirma que este número pode aumentar para 30%, com o início de operação do polo. "O polo pode incrementar a participação percentual das nossas compras no Brasil, porém ainda importaremos da China, por exemplo, produtos como cobertores", explica o porta-voz da Karsten.
A catarinense Teka também está interessada no polo, porém admite que preço será um fator determinante no momento da escolha do fornecedor. "O polo vai ajudar as empresas a fazer suas compras no Brasil, mas precisamos saber a que preço esse fio será vendido no mercado interno", afirma o vice-presidente da Teka, Marcello Stewers.
Em média, a empresa catarinense produz 20,4 mil toneladas por ano e tem a capacidade de chegar a 30 mil toneladas por ano, se houver necessidade. Este ano a Teka deve exportar por volta de 12% da produção total para a Europa, para a América Latina e para os Estados Unidos. Na área de importação, este número é de 5% a 8% de locais como Ásia e China. O faturamento do ano anterior foi de R$ 400 milhões.
Mercado
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), o mercado está aquecido e deve crescer 4% em 2010. No ano passado, o faturamento do setor foi de US$ 49 bilhões e este ano deve alcançar os US$ 51 bilhões. O diretor superintendente da ABIT, Fernando Pimentel, afirma que o polo será muito importante para a consolidação do mercado têxtil no País. "O polo irá diminuir a dependência do Brasil do mercado externo", afirma Pimentel.
Segundo o presidente da ABIT, o Brasil está no momento de investir em infraestrutura e produção. "Se o Brasil não adotar um regime forte de competitividade e investir em infraestrutura e produção, deveremos
assistir a tomada do mercado pelos chineses", diz ele.
Pimentel complementa dizendo que o acordo com as principais países internacionais pode ser outra alternativa.
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