Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Deputado federal Roberto Freire

 

(Artigo de Roberto Freire no jornal Brasil Econômico)

Foi-se o ministro, mas não o ilícito. Esta deve ser uma premissa para a sociedade brasileira entender o caso Palocci, o ministro que enriqueceu meteórica e subitamente, que ganhou R$ 20 milhões em ano eleitoral, quando coordenava a campanha da presidente Dilma Rousseff, mas que, descoberto, preservou os interesses de seus clientes, em detrimento da transparência, dever para um homem investido de tanto poder quanto é o de chefe da Casa Civil da Presidência da República.

Seu comportamento certamente foi uma decisão pautada por sua ética torta, que se traveste conforme a ocasião ou mistura secretamente as vestes do público e do privado.

Pelo diagnóstico que se pode fazer somente tateando esse segredo, ele parece ser cabeludo ao ponto de derrubar ministro. Então, a opção era cair ou cair.

O Brasil não pode virar a página desse escândalo como o fez com tantos outros, deixando que joguem a sujeira para debaixo do tapete. Essa postura conformista com o ilícito precisa mudar.

Não podemos mais nos dar por satisfeitos até que apareçam os clientes, que se descortine a natureza dos negócios, a máquina de multiplicar o patrimônio por 20 em apenas quatro anos. Temos o direito de saber por que o ministro Palocci valia tanto no mercado, se fazia tráfico de influência, se tinha acesso a informações privilegiadas para servir sua clientela.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, foi usado para dar a Palocci um salvo-conduto. Isso ficou claro. Mas o Ministério Público Federal em Brasília está investigando o ex-ministro.

O procurador Paulo José Rocha Júnior afirmou ao líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno, que não aceitará pressão de nenhuma ordem e que está disposto a ir até o fim nas apurações.

A oposição instou o MPF em São Paulo a começar a levantar informações sobre a empresa Projeto Consultoria, de propriedade do ex-ministro. Mobilizou também o Ministério Público de São Paulo, que entrará em campo se a representação relativa ao uso de laranjas na empresa dona do apartamento, em que Palocci mora, também for acatada.

Quanto ao governo Dilma, não lhe cabe a palavra recomeço, porque ele envelheceu precocemente. Não sei se terá forças para rejuvenescer.

A presidente entrou tardiamente na crise. Nem defendeu o então ministro, nem o demitiu a tempo de preservar sua administração do contágio dela.

Mesmo tendo ampla maioria no Parlamento, o governo consegue ser derrotado com muita facilidade por causa de suas debilidades, da falta de liderança, da inapetência para a política.

Ademais, tem o ex-presidente Lula, que fica interferindo e atazanando o governo. Urge informá-lo que ele não é mais presidente. Sua interferência no caso só desmoraliza a presidente e atrapalha o país.

A presidente está frágil, com um governo cheio de problemas. Fez uma aposta arriscada ao escolher a senadora Gleisi Hoffmann, mulher do ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, para ocupar o lugar de Palocci.

Afinal, não sabemos como será ter um casal em dois ministérios importantes e, pela experiência, já sabemos que família não costuma combinar com cargos públicos.

Roberto Freire é presidente do PPS

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