Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Panamericana: 60 anos e o desafio de formar designers para o futuro

Alex Lipszy, presidente da entidade, fala sobre o impacto da inteligência artificial, dificuldades do mercado de trabalho e do legado da escola.

As obras de Enrique Lipszey, fundador da Panamericana Escola de Design, serão expostas a partir de 20 de junho na instituição

As obras de Enrique Lipszey, fundador da Panamericana Escola de Design, serão expostas a partir de 20 de junho na instituição (Crédito: Divulgação)

Completados 60 anos, a Panamericana Escola de Arte e Design trabalha para permanecer com espírito pioneiro em meio aos avanços das tecnologias de modelagem e criação.

Ferramentas como Midjourney ou Generate Fill, do Photoshop Beta, colocam em xeque o futuro da profissão assim como os métodos de aprendizagem. Com cursos remotos e presenciais, a primeira escola de design de São Paulo quer atingir todos os públicos, sobretudo, aqueles que estão fora do eixo sudeste.

Segundo Alex Lipszy, presidente da Panamericana, o principal dilema da nova geração de profissionais é conseguir balancear as tarefas. “Na medida em que recebo um briefing de qualquer tipo de trabalho que seja, é preciso entender o tempo que temos para criar e entregar”, comenta. Com rotatividade mil alunos por ano, a instituição continua investindo em três alicerces: competências, habilidades e criatividade.

A faixa etária dos alunos da entidade varia de 20 a 40 anos, sendo comum que os discentes tenham outras formações ou mesmo sejam mestres e doutores. Para Alex, grande diferencial da escola é metodologia prática, ou seja, a “mão na massa”.

O Brasil sofre com o excesso de mão de obra especializada, diz. “Não digo que seja errado, mas tem muito doutor e pouca gente que saiba realmente fazer as coisas. Desse modo, a Panamericana enxergou nesse cenário uma brecha para ensinar as pessoas o que elas precisavam fazer para entrar no mercado de trabalho”, comenta.

Design do Futuro

“O profissional hoje deve ser extremamente rápido e eficaz, não só cria uma linguagem, mas amplifica a comunicação duma marca. Anteriormente, tínhamos um mês de criação, mais um mês de execução, era poesia”, contempla. Nas aulas, os alunos da Panamericana são incentivados a trabalhar com as imagens geradas pelo Midjourney, por exemplo, a partir da lógica utilitarista. O diretor acredita que essas ferramentas não se diferem muito de um pincel ou da caneta.

Muito se debate a respeito da ética ou dos valores que a sociedade pode refletir nas imagens geradas por inteligência artificial. Todavia, Alex ressalta que a IA tem o poder de igualar num mesmo plano de trabalho diferentes tipos de artistas e profissionais. Mesmo assim, diz, é preciso que essa geração tenha cautela, sobretudo, na apuração e na fase de pesquisa, “para que a IA dê uma resposta rápida sobre um briefing é possível que saiam coisas erradas daí”.

O diretor também menciona que inevitavelmente discussões sobre direitos autorais possam surgir a partir da massificação dos usos de IA. “Digamos que um artista brasileiro, da Panamericana, peça para o Midjourney fazer um desenho com as mesmas descrições que um designer japonês. Quem fez primeiro? Quem é ‘dono’ daquela peça? Como as empresas vão ver isso é uma questão que se coloca para o futuro”, resume.

60 anos de design no Brasil

Dessa forma, como homenagem à trajetória da entidade e ao legado do fundador, Enrique Lipszy, a exposição O Criador e Sua Obra será exposta na Panamericana. Com origem na Argentina, Eduardo chega ao Brasil em meados dos anos.... “Apesar da vox populi dizer que não podíamos usar design para definir os desenhos que ensinávamos, o que a Panamericana fazia já era o trabalho de design”, comenta Alex, filho do fundador e curador da exposição. Alex fez uma promessa ao pai, antes de Enrique falecer em 2020, que suas obras seriam vistas e apreciadas pelas futuras gerações, porém a pandemia adiou os planos do curador.

Alex conta que seu pai era fascinado pelo mito de origem cristão, no qual Eva e Adão foram expulsos do Paraíso. “Eu faço uma conexão com o que a gente vem falando, ele tomou tempo e trabalho para ler tudo que está escrito na Bíblia e em outros autores. Em outras palavras, ele tomou para si o trabalho de estudar como era esse casal primordial”. As obras de Enrique Lipszy estarão expostas na Av. Angélica, 1900, São Paulo, entre 20 de junho e 18 de agosto. Além disso, o evento será de entrada gratuita de segunda a sexta, das 9h às 20h, e aos sábados entre 9h e 12h.

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