No ano passado, o comércio eletrônico representou 5% do varejo total no Brasil, e quase 30% na China. Com a pandemia, a participação das vendas online aumentou – a exemplo do que aconteceu no país asiático durante a pandemia da Sars em 2003. Com alta de 47% no primeiro semestre, o comércio eletrônico pode dobrar sua participação no varejo total no ano. No Brasil, há 41 milhões de consumidores no comércio eletrônico – 7,3 milhões que compraram pela primeira vez este ano, segundo a pesquisa Webshoppers elaborada semestralmente pela Ebit|Nielsen.
“A China é o futuro do Brasil em termos de e-commerce”, afirma Yan em entrevista à EXAME. Além de atuar no Aliexpress, Yan foi gerente da Ant Financial, braço financeiro do grupo Alibaba, além de presidente do Baidu, empresa de busca, ambos os cargos no Brasil.
Para o Aliexpress, 2020 foi o melhor ano de sua operação brasileira na última década. A empresa não abre o crescimento no país, mas diz que sentiu aumento de até 130% em algumas categorias relevantes. No Brasil, a plataforma é popular entre os mais jovens e com alto poder aquisitivo – 60% dos usuários têm menos de 30 anos de idade e gastam cerca de 1.900 reais por mês com compras online, diz o diretor.
Magazine Luiza, Via Varejo e B2W passaram a investir em meios de pagamento, aplicativos e malha logística para as vendas próprias e de marketplace, a exemplo do que fazem a Tencent, dona do WeChat, e o próprio grupo Alibaba. Agora, o Aliexpress corre para ampliar o número de serviços e fortalecer sua logística no país para manter sua relevância.
Um dos principais focos de investimento do Aliexpress no Brasil, no último ano, foi a malha logística e entrega. A empresa começou a fretar três voos semanais para trazer mercadorias da China ao Brasil. Com esses voos, reduziu de três meses a um mês o tempo médio de entrega.
Como a plataforma trabalha com milhões de vendedores, muitas vezes um consumidor fazia um pedido com itens de fornecedores diferentes – e que chegam ao destino em momentos diferentes. Para facilitar as entregas, a empresa lançou o Aliexpress Direct, que une pedidos de diferentes fornecedores em um mesmo pacote para envio em um centro de logística integrado.
Mesmo que o Aliexpress tenha melhorado o tempo que os produtos levam para atravessar o oceano, na China ao Brasil, ainda tem um outro desafio, talvez ainda maior: o tamanho do país. Segundo o diretor, o tempo de entrega dentro do país pode, muitas vezes, superar o tempo de chegada dos produtos até a fronteira.
Com o tamanho continental do país e a infraestrutura desigual de logística nas diferentes áreas, a companhia chinesa optou por trabalhar com parceiros locais de entrega. “Podemos trazer tecnologia para otimizar e escolher a melhor rota, mas precisamos ter paciência com a infraestrutura de entrega no país.”
O Aliexpress também ampliou os benefícios para os consumidores brasileiros, como a redução de 30 para 15 dólares para obtenção do frete grátis, devoluções gratuitas acima de 10 dólares e atendimento humanizado em português. Mesmo com esses investimentos, Yan afirma que a operação brasileira é lucrativa. “Nossa equipe por aqui é enxuta e temos um grande volume de vendas, então mantemos uma margem legal”, diz.
O tempo de entrega do Aliexpress dentro do país pode, muitas vezes, superar o tempo de chegada dos produtos da China até a fronteira.
Fonte: Exame
http://sbvc.com.br/alibaba-china-futuro-brasil-ecommerce/
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