Você já deve estar cansado de ouvir por aí que a persistência é a chave para o sucesso, e não estou aqui para desmentir o senso comum. De fato, uma característica presente em 10 entre 10 pessoas de sucesso é justamente essa capacidade única de não desistir, de não se abalar e insistir incansavelmente até atingir um objetivo.
Agora, e se eu disser que a persistência também pode ser a causa mortis número um de incontáveis empreendedores e profissionais em geral, você acreditaria?
Você deve conhecer alguma dessas pessoas:
• O cara que está há 15 anos estudando para concurso sem a menor vocação para os cargos pretendidos;
• O amigo que insiste em manter abertas as portas da locadora do bairro;
• O sujeito que não abre mão de editar sua revista impressa;
• A moça que abriu a milésima loja de roupas femininas na cidade…
A lista é infinita. Persistir na oportunidade errada é a maior roubada em que alguém pode se meter. Muitas vezes, a gente se apaixona demais pelas nossas ideias, e paixão em excesso pode cegar. Pegar o bonde errado não vai fazê-lo chegar ao seu destino.
Como a galera de Administração curte muito um quadrante, elaborei o que chamei de Quadrante da Persistência, uma imagem didática que, resumidamente, nos oferece quatro cenários distintos:
a) Quando existe a oportunidade certa e não há persistência, o resultado, óbvio, é o fracasso;
b) Quando a oportunidade é errada, mas a pessoa persiste, o resultado, cedo ou tarde, também é o fracasso;
c) Quando a oportunidade é errada, e a pessoa sabe dizer não a ela, ou seja, não persiste, esse é um passo para o sucesso;
d) Quando existe a oportunidade certa e persistência, aí sim estamos falando do cenário ideal para que ocorra o sucesso.
O Quadrante da Persistência deixa claro, primeiramente, aquela premissa do senso comum: quem não persiste não atinge o sucesso nunca. Entretanto, ele nos mostra também que persistir nas ideias erradas nos condena ao fracasso.
Notem que a habilidade de dizer não às oportunidades erradas é essencial para o sucesso. Essas oportunidades pululam como carpas em busca da isca. E, vale dizer, nem sempre elas são oportunidades “ruins”. Muitas vezes são oportunidades interessantes, mas que podem ser fatais ao tirar a pessoa do seu foco principal, aquele que requer 100% da sua energia.
O cenário perfeito, o alinhamento astral perfeito, ocorre quando identificamos a oportunidade certa e, aí sim, perseveramos como loucos até concretizar nossos planos. Este ponto do quadrante evidencia que a identificação de oportunidades – saber detectar quando existe uma oportunidade e saber avaliar se é boa ou não – precede a persistência no rol de características essenciais para o sucesso, mas isso é geralmente negligenciado nos livros e artigos de negócios que vemos por aí. Nas universidades, nem se fala. Isso é essencialmente prático. Bons empreendedores têm essa habilidade muito bem desenvolvida. Sabe quando o arqueiro alinha o seu espírito com a flecha, o arco e o alvo? É mais ou menos por aí.
Avalie suas oportunidades com humildade e sabedoria. Se não forem suficientemente boas, não se sinta mal por abandoná-las. O seu sucesso depende disso. Por outro lado, se forem realmente boas, arregace as mangas, bote a mão na massa e persista insanamente. O sucesso agradece.
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