A Petrobras precisava levantar uma grana.
Banqueiros de investimento mostraram à diretoria da empresa que, juntando campos de petróleo que a empresa tinha em países como Nigéria, Angola e Namíbia, a Petrobras poderia fazer o IPO de uma “Petrobras África”, que teria um valor de mercado entre US$ 11 bilhões e US$ 17 bilhões. (Para simplificar, vamos pensar na metade dessa faixa: US$ 14 bilhões.)
A conta é banal: se a Petrobras vendesse 25% dessa empresa na Bolsa, conseguiria US$ 3,5 bilhões. Se vendesse metade, levantaria US$ 7 bilhões.
Mas, como a Folha de São Paulo mostrou neste domingo, nem sempre a diretoria da Petrobras toma as decisões mais acertadas…
Em vez de tentar o IPO da Petrobras África, a diretoria decidiu fazer um leilão internacional para vender o pacote de ativos africanos. Tudo. 100%.
Foram convidados 14 potenciais interessados; nove se habilitaram. Aí a Petrobras tomou outra decisão: não ia mais vender tudo, só metade.
Ou seja, o governo brasileiro, aquele que congela a gasolina e loteia a Petrobras entre os partidos, detonando a performance e o balanço de sua maior estatal, queria um “sócio” na África.
Quantos interessados sobraram?
Dois: o Banco BTG Pactual, do empresário André Esteves, e uma empresa espanhola.
O BTG ofereceu mais e ficou sócio do Governo pagando US$ 1,5 bilhão. Já a Petrobras, ela levantou um quarto do que poderia ter arrecadado se tivesse feito o IPO e vendido metade da empresa na Bolsa.
A Folha nota que, “em menos de oito meses”, o BTG já recebeu US$ 150 milhões em dividendos da fatia que comprou.
Como diria o ex-presidente Lula, a decisão da Petrobras parece ter sido 80% técnica. Já os outros 20%, talvez só uma CPI possa dizer.
Por Geraldo Samor
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