Levantamento elaborado pela GIZ, em parceria com o SENAI e com o MEC, destaca a necessidade e os desafios para profissionalizar os habitantes da Amazônia Legal.
Uma das chaves para fortalecer a bioeconomia no país está na profissionalização dos habitantes da Amazônia Legal. A região compreende nove estados, corresponde a 61% do território brasileiro, e é um grande potencial para o desenvolvimento da bioeconomia devido a grande biodiversidade.
O Brasil tem a maior biodiversidade do mundo e abriga mais de 20% de todas as espécies conhecidas. Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), só na Amazônia há mais de 160 mil espécies. E de acordo com a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), o investimento em bioeconomia pode resultar em um faturamento industrial adicional de US$ 284 bilhões por ano até 2050.
Para chegar lá, a formação profissional é determinante. Um levantamento realizado pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ, sigla em alemão), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Ministério da Educação (MEC), faz um retrato do perfil da população, da demanda de competências e da oferta de cursos profissionais em bioeconomia na região.
Apesar dos avanços quanto à universalização da educação básica, há um legado negativo em relação à população da Amazônia Legal com mais de 30 anos: 43,2% não têm ensino fundamental completo. Entre os habitantes rurais, o percentual sobe para 70%. Outros dados em destaque são:
Para lidar com esses desafios, é necessário aumentar a oferta de cursos de qualificação profissional aderentes às demandas da região. De acordo com o levantamento, entre 2018 e 2020, registraram-se 7 mil matrículas em cursos de qualificação profissional, com mínimo de 160 horas, e 36 mil matrículas de cursos técnicos, que têm duração mínima de 800 horas, voltados à bioeconomia na Amazônia Legal.
O curso técnico exige que a pessoa tenha ensino médio completo ou em curso. Já o de qualificação exige apenas ensino fundamental incompleto ou completo, além de ser mais curtos e com aplicação direta no mercado de trabalho.
Outra dificuldade, citada por 9,2% dos trabalhadores diretamente ligados à bioeconomia, foi a falta de escolas nas proximidades. Vale lembrar que, entre esses trabalhadores, nove em cada dez estão empregados em estabelecimentos localizados no interior dos estados. Nesse caso, algumas metodologias alternativas são sugeridas pela GIZ. Uma delas é a pedagogia de alternância, na qual o aluno intercala períodos de dias ou meses na instituição de ensino com recessos em casa, articulando teoria e prática.
A expansão de unidades móveis de ensino é outra medida viável para lidar com a inacessibilidade das instituições de Educação Profissional. Tanto o SENAI quanto o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) têm ampla experiência na modalidade e ofertam cursos e aperfeiçoamentos das mais diversas áreas, inclusive aqueles diretamente ligados à bioeconomia.
“As unidades móveis do SENAI beneficiam, principalmente, os habitantes de zonas rurais, pois a oferta dos cursos pode chegar em áreas mais afastadas, por meio de carretas ou barcos. Fora isso, as capacitações são de curta duração e com aplicação direta no mercado, o que condiz com o interesse deste público, com ênfase em bioeconomia nas cadeias produtivas da região amazônica”, argumenta o superintendente de Educação Profissional e Superior do SENAI, Felipe Morgado.
Uma alternativa para ampliar o alcance à educação profissional seria a oferta de cursos na modalidade de Ensino a Distância (EaD), porém, mais de um terço dos habitantes de áreas mais distantes e rurais - que seriam mais beneficiados com esse tipo de metodologia - não têm acesso à internet em domicílio. Ainda assim, uma ação considerável seria a criação de polos EaD presenciais, que aprimorariam a experiência com essa modalidade, permitindo um melhor aproveitamento por parte dos alunos.
Em relação aos temas dos cursos mais ofertados, também há uma necessidade de melhor adequação às demandas da Amazônia Legal. “Além de apontar a importância de ampliar o portfólio de cursos e o número de matrículas em qualificação profissional de curta duração, elaboramos e realizamos uma pesquisa primária com 103 empreendimentos entre cooperativas, agroindústrias e empresas dos 9 estados da Amazônia Legal e identificamos um conjunto de profissionalizações demandadas”, explica o assessor de bioeconomia da GIZ, Marcelo Nunes.
Entre os cursos de qualificação voltados para bioeconomia presentes no Guia Pronatec, elaborado pelo MEC, a formação para a ocupação de padeiro foi a mais ofertada entre 2018 e 2020, com uma média de duas mil matrículas. Em seguida, constam as capacitações em logística e em desenvolvimento cooperativista.
No mesmo período, o curso técnico de nível médio com maior oferta foi o de técnico em agropecuária, com uma média anual de 15 mil matrículas. As capacitações como técnico em meio ambiente e técnico em química vêm em seguida.
Por outro lado, os cursos com alta demanda, de acordo com o levantamento, são dos seguintes segmentos: exploração de madeira, pesca, agricultura e fruticultura. Confira abaixo a listagem dos cursos citados pelas empresas:
Exploração de madeira
Pesca e aquicultura
Agricultura
Fruticultura
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Por: Pedro Ferraz
Foto: Shutterstock
Da Agência de Notícias da Indústria
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