Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Real fraco é sinal de crescimento nas exportações; saiba como aproveitar o momento

Por Priscila Zuini 
Exportação: entenda o passo a passo para exportar (Foto: Thinkstock)

O Alambique Weber Haus tem todas as características de uma pequena empresa. Criado em 1948 por descendentes de alemães, o alambique começou com um engenho e quatro mulas para produzir bebidas. Até o começo dos anos 2000, só os pouco mais de 20 mil habitantes de Ivoti, na Serra Gaúcha, tinham acesso aos produtos. Evandro Weber, 44 anos, comanda a empresa hoje e foi o responsável por 35 prêmios além de certificações de produto orgânico.

 

Mas, seu principal feito, talvez, tenha sido ultrapassar as barreiras da pequena Ivoti e levar as bebidas da Weber Haus para mais de dez países.

Entre 2005 e 2007, o alambique participou de feiras internacionais como uma forma de levar a cachaça brasileira para o mundo. “Com o apoio do Sebrae, participamos de uma feira na França e tivemos uma boa ideia do que poderia ser o mercado da cachaça para o futuro. No Brasil, existia preconceito com a bebida e quem era do exterior não conhecia nada além da caipirinha”, diz Weber.

Em 2007, a primeira exportação foi para um local inusitado: o Triângulo das Bermudas. “As pessoas brincavam que o navio ia sumir. Sorte que o cliente pagou adiantado”, brinca. De lá para cá, o Alambique Weber Haus ganhou um enorme mercado consumidor fora do Brasil. Hoje, exporta para Alemanha, Estados Unidos, Itália, Irlanda, França, China, Japão, Suécia, Dinamarca, Holanda, Peru e Chile.

Esses países representam 35% da receita do negócio. “Uma das coisas mais complexas foi entender que exportação é uma meta na empresa e que não vamos só exportar quando o dólar estiver bom. A gente quer ser um exportador regular, com pedidos sempre”, afirma. Mesmo assim, o dólar alto, como o atual, é um incentivo e tanto para quem quer começar a exportar. Só neste ano, as exportações da Weber Haus cresceram 5% em relação a 2014.

Exportação é coisa de gente grande?

Hoje, as pequenas empresas são responsáveis por apenas 1% das exportações brasileiras. De 2002 a 2012, o valor médio exportado pelas micro e pequenas empresas passou de US$ 100 mil para US$ 193 mil.

Para Luiz Barretto, presidente do Sebrae, mesmo em pequena escala, o avanço é uma boa notícia. “Significa que temos um espaço enorme para crescer. Mas é preciso que a micro e pequena empresa faça da exportação parte da sua estratégia de negócio”, diz Barretto.

Weber, da Weber Haus: cachaça em mais de dez países (Foto: Divulgação/Gilmar Gomes/Weber Haus)

Empresas como a Weber Haus provam que exportar é, sim, parte do dia a dia dos pequenos negócios. Instituições como o Sebrae e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) auxiliam os empreendedores que querem começar a exportar.

Com muita complexidade, os desafios são grandes, mas o resultado compensa. “É uma alternativa interessante para todo e qualquer produtor não se restringir apenas ao mercado domésticos e expandir as fronteiras. A partir do momento que consegue abrir essa frente, é fazer de tudo para não criar problemas com o mercado externo”, diz Otto Nogami, professor do MBA do Insper.

Antes de colocar seus produtos em um contêiner para fora do Brasil, é preciso passar por muitas etapas de burocracia e planejamento. “Antes de começar a exportar, o empresário deve pesquisar muito. Ele precisa saber em quais países o seu produto encontra as melhores oportunidades de mercado”, diz Barretto.

Hoje, existem ferramentas online para podem ajudar neste momento. Uma delas é oMapa Estratégico de Mercados e Oportunidades Comerciais, um serviço que ajuda a descobrir quais são os melhores destinos para os seus produtos. Outra ferramenta é oteste de internacionalização. Os empresários podem fazer, de graça, um diagnóstico do negócio, para entender o estágio da empresa. “É essencial que o empresário elabore o seu plano de internacionalização, que é como um plano de negócios. Ele deve estar sempre em sintonia com os objetivos estratégicos do negócio”, diz Barretto.

Com os estudos e planejamentos concluídos, é hora de buscar uma certificação. Conhecido como Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros ou Radar, o documento é uma habilitação para exportar. “Para exportar é preciso ter o Radar e estar devidamente habilitado na Receita Federal do Brasil”, diz Michelle Fernandes, diretora de logística e sócia da M2Trade, empresa especializada no assunto.

O próximo passo é entender todos os aspectos do mercado externo e buscar certificados e autorizações especiais. “Faça um levantamento para conhecer todas as chamadas barreiras não tarifárias, do idioma até a questão cultural”, diz Michelle.

Cachaças da Weber Haus: exportação a pleno vapor (Foto: Divulgação/Weber Haus)

Da embalagem à estratégia de divulgação, pesquise sobre as regras locais. Para Barretto, é importante acompanhar todos os aspectos do país de origem para não ter surpresas desagradáveis. “O caminho tradicional é contar com a ajuda de uma empresa que desenvolva esse trabalho e estabelecer um protocolo para esse tipo de operação. Ou o empreendedor deveria desenvolver uma área especializada internamente só para atendimento do mercado externo”, diz Nogami.

Para Barretto, o acesso ao mercado internacional é muito mais complexo do que ao local. “Aspectos culturais, religiosos, sociais, demográficos, alfandegários, sanitários e legais precisam de muita atenção por parte do empresário, sob pena de inviabilizar a sua comercialização. O empreendedor deve se manter atualizado sobre o país para o qual exporta, diz.

Os contratos e as escolhas logísticas devem ser analisados com calma para não correr riscos. A negociação, segundo Michelle, pode esconder armadilhas. “Às vezes, o exportador não sabe o que o comprador está falando e aceita sem saber. Exportar envolve muita responsabilidade e custos.”

A escolha dos produtos pode ser crucial para o resultado positivo no futuro. A Weber Haus dá um bom exemplo: apesar de produzir licores e sucos, envia ao mercado externo seu produto mais característico, a cachaça. “O que mais vendemos para fora são as cachaças brancas de alambique e as envelhecidas em madeira brasileira e carvalho europeu”, diz Weber. É importante se diferenciar, seja com um item típico ou um produto que atenda um público bem definido. “Não adianta ser mais um. Agregue valor para não ser mais do mesmo”, diz Michelle.

http://revistapegn.globo.com/Dia-a-dia/noticia/2015/09/por-que-sua-...

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