“É arte; é moda. É bem; é mal. É sexista, não é”. O trabalho da italiana Vanessa Beecroft suscita as mais distintas reações, como bem descreveu o site “Design Boom” ao dissertar sobre a performance “VB 43”, exibida por ela em 2000 na Gagosian Gallery, em Londres. Ao adotar o efêmero e não o duradouro, o corpo humano em vez da argila ou do cobre, Beecroft ignorou paradigmas e criou uma obra multidisciplinar que não pode ser rotulada; no dia 28 de novembro, ela estará no Brasil para participar do Pense Moda, seminário organizado por Bárbara Bicudo, Marcelo Jabur e Camila Yahn, editora de conteúdo do FFW.
Vanessa Beecroft em frente a uma de suas performances ©Reprodução
Cada projeto desenvolvido por Beecroft traz referências culturais, econômicas e sociais de onde é realizado, mas, apesar de quaisquer características locais, o objetivo primordial de suas performances é o confronto com o espectador. Em geral, a italiana se utiliza de modelos femininas nuas para criar “instalações” humanas de larga-escala que, por sua vez, são filmadas e fotografadas e, posteriormente, exibidas como relatos documentais (ou mesmo obras de arte não convencionais). Desde 1993, Beecroft já produziu mais de 65 apresentações ao redor do mundo e se arrisca também na ilustração e na pintura.
Fotografia de parte da performance de Beecroft para a Louis Vuitton ©Reprodução
Por se encontrar no limiar da arte – e, para alguns, consistir apenas em um misto de estética e teatro –, o trabalho de Beecroft foi acolhido pela moda e, à parte os editoriais que já inspirou, foi convidada pela Louis Vuitton em outubro de 2005 para produzir uma performance especial para a abertura da loja da marca na Champs-Élysées, em Paris. No entanto, a italiana, nascida em abril de 1969 em Gênova, ingressou na vida acadêmica a partir da arquitetura, cursada no Civico Liceo Artistico Nicolò Barabino. Depois da graduação, ela estudou pintura na Accademia Lingustica Di Belle Arti e, em 1988, partiu para Milão, onde se aprofundou em cenografia na Accademia Di Belle Arti Di Brera.
De acordo com a própria Beecroft, em entrevista concedida a David Shapiro em 2008, a escolha de seu “estilo” artístico veio enquanto estudante por meio da observação de modelos femininas em sala de aula. Para ela, tais mulheres – estáticas – se assemelhavam a imagens sacrossantas e, frustrada em não poder retratá-las fielmente em pintura, decidiu trazê-las em carne e osso como obras de arte. A partir de então, Beecroft leva seu polêmico trabalho a mostras progressistas, como a Bienal de São Paulo, onde a italiana expôs em 2002.
Além de Beecroft, Alex Fury, editor da revista “Love”, Paulo Martinez e Graziela Peres, da “ffwMAG!”, Marcelo Rosenbaum, Chiara Gadaleta e Felipe Morozini participam da 6ª edição do Pense Moda. Confira abaixo a programação completa do evento, que acontece de 27 a 29 de novembro no MuBE (Museu Brasileiro da Escultura), no bairro dos Jardins, em São Paulo.
27.11 (terça-feira)
19h – Sabatina: Regina Guerreiro por Paulo Martinez
21h – “Mundo digital: Especialistas debatem a ética na internet”
Participantes: Ana Brambilla (especialista em jornalismo digital), André do Val (site Chic), Bia Granja (youPIX), Carol Quinteiro (FHits), Felipe Teobaldo e Nina Lemos. Mediador: Fernando Luna (editora Trip)
28.11 (quarta-feira)
19h – “Educação de moda no Brasil: Como olhar e pensar o futuro da educação em moda”
Participantes: Isabela Prata (Escola São Paulo), Ivan Bismara (FAAP), Lázaro Eli (Senac), Raquel Valente (Santa Marcelina), Regina Sanches (USP) e Roberto Meireles (Instituto Rio Moda). Mediador: Carol Vasone
21h – Vanessa Beecroft debate com Graziela Peres e Karlla Girotto
29.11 (quinta-feira)
19h – “Sustentabilidade na Moda: As diversas maneiras de ser sustentável e como a moda pode participar”
Participantes: Chiara Gadaleta, Felipe Morozini, Graça Cabral, Marcelo Rosenbaum e Jair Kievel (gerente de Responsabilidade Social das Lojas Renner)
21h – Alex Fury (editor da revista “Love”) debate com Augusto Mariotti (Luminosidade), Thiago Ferraz (stylist) e Cassia Tabatini (fotógrafa)
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