Zé Carlos Barretta/ Hype
"Eu não compro roupa – só uso o que ganho de presente. Mas se eu não gostar da peça, vou trocar", falou Roberto Duarte, servidor público.
Que tipo de homem você é? Adora moda e segue as tendências à risca, ou só usa roupas que ganha de Natal e de aniversário? Quem olha para o teleoperador Bruno Oliveira Souza já sabe a resposta. Os cabelos cuidadosamente desarrumados, com corte super moderno; a camiseta "grita" a grife na estampa; as calças, abaixo do umbigo, dentro da tendência e os tênis cobiçados por todos os garotos da faixa etária de Bruno: 20 anos.
"Adoro acompanhar os desfiles masculinos pela televisão – quero saber o que está na moda e copiar. Só compro peças da Calvin Klein, Khelf e Dolce Gabbana. Por isso gasto todo o meu salário mensal, de R$ 600, com roupa. Parcelo todos os valores e estou sempre renovando", declara. Ele trabalha no centro da capital paulista, e mora em Arujá, na região metropolitana de São Paulo.
Outro que se orgulha de ser chamado de "super" vaidoso – a ponto de virar conselheiro dos amigos, quando não sabem que roupa usar numa festa – é o supervisor de callcenter Marcos Santos. Ele destina, todo mês, 40% da renda para comprar roupas e sapatos e cuidar de cabelos e unhas. "Eu compro revistas de moda masculina para ficar sempre por dentro do que está acontecendo. Isto se reverte em bom humor, porque me sinto bem com a forma com a qual me apresento", diz.
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"Adoro acompanhar os desfiles masculinos pela televisão – quero saber o que está na moda e copiar", contou Bruno Olivera Souza, teleoperador.
Bruno e Marcos fazem parte de um grupo de consumidores do sexo masculino chamados de "multiplicadores", de acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi): são os primeiros a comprar as novidades em vestuário.
Perfis – O levantamento, que identificou o relacionamento do comprador com o vestuário, mapeou quatro perfis de consumidores: o multiplicador, que, além de adorar e seguir a moda, ainda influencia as pessoas que convivem com ele; o seguidor, que gosta das tendências e procura se vestir dentro delas; o funcional, que pode ser chamado de pragmático – fica atento ao assunto, mas respeita o limite do bolso, e não se importa de comprar uma peça da coleção passada; e o independente, que nunca pensou no assunto. Veste o que tiver na gaveta.
O que chama a atenção na pesquisa é que os homens respondem por 60% do total de multiplicadores. As mulheres, 40%. De acordo com o diretor do Iemi, Marcelo Prado, este grupo corresponde a apenas 3% do total de 3,3 mil entrevistados em 2010. O número é pequeno mas chama a atenção. "São homens que se ligam muito ao vestuário, ao ponto de pegar uma peça cara e cobiçada de uma grife famosa, e customizá-la. Eles bordam, cortam mangas, inventam. E influenciam as pessoas que estão em volta. Apesar de não serem profissionais de moda, ditam conceitos", diz Prado.
Os homens deste perfil estão mais presentes nas classes A e B1, com 60,4%, em grupos de jovens que têm entre 15 e 24 anos de idade. Eles se interessam mais por produtos para uso próprio (85,7%), e são os que menos adquirem peças para familiares (1%).
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"Eu compro revistas de moda masculina para ficar sempre por dentro do que está acontecendo. Isto se reverte em bom humor, porque me sinto bem com a forma com a qual me apresento", falou Marcos Santos, supervisor de call center.
O grupo dos seguidores da moda também apresenta proporção equilibrada entre homens e mulheres: elas representam 49,6%, e eles, 50,4%. Estes consumidores fazem questão de estar por dentro das últimas novidades. Mas, para eles, o estilo de uma peça é mais importante do que a qualidade. Por isso, buscam marcas que reflitam a sua personalidade. Os seguidores da moda representam 39% da população, pertencem às classes B2 e C (58,7%), e têm idades entre 25 e 34 anos.
Já os consumidores funcionais se preocupam mais em estar bem vestidos do que com a moda. Ou seja, gostam de comprar as roupas na época de liquidação – procuram equilíbrio entre preço e qualidade. Estes homens estão sempre bem vestidos, mas não a ponto de influenciar o costume dos outros. O grupo é formado por 52,7% de mulheres e 47,3% homens. Do total, 65,7% têm entre 25 e 34 anos e são mais frequentes nas classes B2 e C.
Comércio – Para Prado, os varejistas do segmento de vestuário não estão preparados para servir os homens. "A maioria dos comerciantes não conhece o perfil de quem compra a mercadoria deles. Muitos fabricam para um público diverso do que realmente compra seus produtos. É preciso saber quem são os consumidores," alerta.
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"Gosto de camisetas polo e jeans para trabalhar e camisas e sapatos para os finais de semana. Acompanho pouco as notícias de moda, mas peço ajuda às vendedoras das lojas", disse Adão Massari, professor de contabilidade.
O professor de contabilidade Adão Massari é um representante dos funcionais. Ele se preocupa em se apresentar bem, combinando as peças de acordo com o ambiente: de trabalho, de festa, reunião entre amigos. "Gosto de camisetas pólo e jeans para trabalhar e camisas e sapatos para os compromissos nos finais de semana. Eu acompanho pouco as notícias de moda. E peço ajuda às vendedoras das lojas."
Nem aí – Os independentes são os chamados "desencanados" – não se importam com moda ou grifes famosas, buscam apenas praticidade e conforto, sem esquecer o melhor preço. São 52,7% das mulheres e 47,3% dos homens. Os integrantes desse grupo chegam a gastar quatro vezes menos do que um multiplicador. A maioria pertence às classes B2 e C, com mais de 35 anos.
De bermudas e camiseta, o servidor público Roberto Duarte deixa bem claro que o último assunto em que pensa é moda. "Eu não compro roupa – só uso o que ganho de presente. Mas se eu não gostar da peça, vou trocar", afirma. A mulher dele, a empresária Débora Batista, diz que escolhe o guarda-roupa do marido. "Levo em conta o estilo esportivo. Roberto não é vaidoso."
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