União é o caminho para os pequenos varejistas sobreviverem às grandes multinacionais
Não é de hoje que a História narra épicas batalhas entre dois lados desproporcionais. Muito além do bem e do mal, do certo e errado, justo ou desleal; a guerra entre o grande forte e o pequeno fraco sempre fascinou a humanidade. Assim foi com o conto bíblico de Davi e Golias, a mitologia da guerra de Esparta contra o Império Persa em 300, americanos e vietnamitas… Não faltam exemplos!
Porém, no mundo dos negócios, esta disputa nem sempre foi tão romântica. Mesmo antes do início do capitalismo moderno, organizações maiores sempre sobrepujaram as menores. Não é nem preciso ser um expert em Administração para entender os motivos. Regra geral, quanto maior a sua operação, mais vantagem competitiva se pode obter da chamada economia de escala. Este principio é valido para todas as áreas da gestão da empresa: das compras à logística, da gestão de pessoas ao marketing. Resumindo, quanto maior a operação, menores custos proporcionais e muito maior a sua competitividade.
Nesse contexto, a grande preocupação das micro e pequenas empresas do varejo sempre foi como competir contra as grandes corporações que a cada dia se tornam mais globais. Conglomerados do varejo que se expandem em todas as direções! Verticalmente, comprando outros integrantes da cadeia como fornecedores e até bancos de crédito e financeiras; e, horizontalmente, em uma feroz corrida aos novos mercados consumidores, comprando empresas concorrentes menores ou fundindo-se com outras corporações de igual tamanho e poder.
Um exemplo bem expressivo desse quadro é o segmento de revenda de material de construção. Com a tendência cada vez maior ao autosserviço no varejo, o setor vem se renovando e expandindo de forma frenética nos últimos anos, tornando-se uma das áreas mais atrativas para novos investimentos no varejo mundial. Atualmente, podem-se encontrar no mercado não somente os grandes grupos que surgiram do crescimento natural de pequenas empresas do setor, mas também os novos grupos que já nasceram grandes e orientados à escala, oriundos de outros segmentos, como o varejo supermercadista.
Conglomerados como o francês Adeo, detentor de pelo menos 5 grandes cadeias de revendas segmentadas de material de construção, entre elas a Leroi Merlin, que está em franco crescimento no Brasil, é um bom exemplo. Outro sinal do fortalecimento desse setor foi a recente aliança estratégica entre o mega grupo chileno Falabella, detentor da cadeia latino-americana de revenda de material de construção Sodimac, com uma das maiores cadeias paulista de home centers: o Grupo Dicico. E o que acontecera então com o tradicional depósito de bairro de material de construção?
O mais dramático é que podemos achar exemplos emblemáticos em quase todos os segmentos do varejo tradicional! Óticas? Luxotica italiana! Fast Food? Mac Donalds, Pizza Hut …. Padarias, autopeças, papelaria, floricultura… até serviços funerários já chegaram ao nível global de expansão, podem acreditar! Será realmente o fim do pequeno? Da loja tradicional de bairro? É possível competir com os gigantes e sobreviver?
A resposta sem medo de errar é sim! E a solução não é somente uma luz no final do túnel. Pelo contrário. O que estamos vivenciando hoje é uma revolução que está mudando radicalmente as bases de competição entre grandes e pequenos. E, ironicamente, a solução veio exatamente de forma contrária à estratégia das grandes corporações. Com as mudanças da percepção de consumo da sociedade, a máxima da globalização mudou de “Pense global e aja local” para “Pense global e seja local”.
Cada vez mais, as pessoas valorizam as raízes das marcas e empresas e consumidores prestigiam produtos, sejam bens ou serviços, locais. Com isso, a lógica atual entre as multinacionais é “dividir para aumentar”. Ou seja, continuam seu ritmo de crescimento, mas agora comprando empresas e marcas locais e mantendo-as ativas, quase que como concorrentes diretas de suas marcas principais. Assim é o caso da Coca-Cola, que atualmente possui mais de 500 marcas locais pelo mundo. O refrigerante Jesus, líder de vendas no Maranhão e a famosa Inca Cola, fenômeno de vendas no Peru desde sua criação, são ambas pertencentes à global The Coca-Cola company group. E é exatamente na lógica inversa dos grandes que vem ganhando força no mundo o conceito de Redes de Negócios, onde pequenas empresas locais do mesmo segmento se unem para ganhar poder. Aqui, o principio é “Somando para Sobreviver”.
O conceito de redes é muitas vezes erroneamente confundido com as “antigas” cooperativas, que carregavam todo o romantismo, quase utópico, dos movimentos comunistas e socialistas. As redes de negócios têm antes de tudo fins financeiros, visam o lucro. O conceito gira basicamente em torno de três princípios: economia de escala, gestão profissional, ganho e manutenção de competitividade. A ideia é simples: pequenas empresas do mesmo segmento compartilhando atividades comuns a todas, como compras, marketing, gestão de pessoal, boas práticas empresariais, entre outras, em prol de vantagens competitivas compartilhadas.
Atualmente, podemos encontrar no Brasil redes de negócios em quase todos os segmentos do varejo. A rede Âncora de revendas de autopeças se tornou um exemplo a ser seguido. Eles estão presentes em quase todos os estados da União e constituem hoje uma das maiores redes do Brasil, com mais de 800 lojas associadas e com uma previsão de ultrapassar 1.000 lojas em 2013.
Para você que é micro ou pequeno empresário do varejo, independente do seu setor, não se iluda. O caminho da sobrevivência e de uma maior competitividade é esse. Rede de Negócios com seus “vizinhos”, porque os seus verdadeiros concorrentes, os globais, estão chegando. E ainda pior: vindo de mercados em recessão como os da Europa e ávidos a conquistar novos consumidores. No caso, os seus.
Unam-se, fortaleçam-se e estejam prontos, mais fortes do que nunca, para a batalha que esta por vir!
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