O mix de produtos já é composto e revisado loja a loja — o que impulsionou vendas no segundo trimestre —, enquanto a rede física está sendo remodelada a um formato de menor impacto ambiental.
Na quinta-feira, a Renner reinaugura sua loja do Shopping Leblon. No último dia 18 foi a vez da unidade do BarraShopping, a maior da varejista de moda em todo o país. As duas filiais receberam, juntas, R$ 45 milhões em investimento para serem convertidas a um modelo que inclui práticas como abastecimento de energia de fontes renováveis e de baixo impacto e uso de equipamentos de menor demanda energética, explica Fabiana Taccola, diretora de Operações da Renner.
As mudanças na rede física, continua a executiva, refletem o reforço da atuação omnichannel da empresa, que já tem 15% de sua vendas vindas do digital. Essa jornada impacta na operação das lojas, mas também no que acontece nos bastidores, como forma de garantir que o sortimento que chega às gôndolas e vitrines está em linha com a demanda do consumidor:
— Trabalhamos com a informação qualitativa. Tem muita inteligência de máquina e digitalização por trás de tudo. O centro de distribuição de Cabreúva (SP) tem ferramental para ter essa agilidade de distribuição de sortimento, planejamento de onde botar produto (roupa) com mais ou menos manga, jaquetas — destaca ela. — Vem de um aprendizado de muitos anos, do know-how de construir coleções mais ajustáveis e evitar desperdício, inclusive de energia, para levar a produção para lá e para cá. Agora, estamos entregando para o cliente a junção da digitalização com as lojas.
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A Renner encerrou junho com 439 lojas em operação. Ao todo, agora já são 47 com o novo modelo físico sustentável, em uma transformação que teve início em 2021 pela loja do Shopping RioSul, no Rio — estado onde, depois do Rio Grande do Sul, sede da companhia, está a clientela mais fiel, explica Fabiana.
A unidade do BarraShopping, que tem 7.166 metros quadrados, ganhou 300m2. E vai reduzir em 58% seu consumo de água, por exemplo.
A unidade ganhou um mezanino que, além de dar mais conforto aos colaboradores, permitiu a instalação de estoques por andar, agilizando o atendimento ao consumidor e a reposição de peças em exposição.
Segundo a executiva, essa agilidade na composição do mix de produtos disponível nas lojas físicas e o ajuste rápido a variações na demanda são chaves para o bom resultado da varejista e no cumprimento de metas em sustentabilidade.
É uma movimentação conduzida com base em análise de dados monitorados regularmente pelos canais digitais e casados com a estrutura de estoque e abastecimento de produtos. No trimestre passado, a Renner inaugurou o centro de distribuição de Cabreúva, projeto de R$ 800 milhões, com mais de 160 mil metros quadrados de área para logística.
Práticas sustentáveis
Nessa unidade, a companhia usa inteligência artificial para agilizar o aprendizado dos robôs usados para selecionar e separar mercadorias. Com isso, vão refletindo esse aprendizado ao entenderem quais são os produtos mais pedidos e reorganizarem, de forma autônoma, os estoques para ganhar mais eficiência na distribuição do sortimento.
Atualmente, oito em cada dez peças da Renner têm atributos de sustentabilidade, conta Fabiana, como menos uso de água, de fibra sintética ou de processo químico, num esforço que alcança a cadeia de fornecedores. A executiva afirma que isso já é percebido e levado em consideração pelo cliente que, agora, vê esse movimento também nas lojas:
— A peça sustentável faz o negócio girar, faz parte do modelo. A gente não acredita que ser sustentável é mais caro. Tem de trabalhar porque dá para usar materiais muito melhores e sustentáveis e trazer valor. E as novas lojas trazem valor, mudam a curva de resultado, aumentam o resultado. O conceito Re (selo de sustentabilidade da Renner) acelera essa curva.
Ricardo Contrera, sócio-diretor da Mosaiclab, empresa de inteligência de mercado da Gouvêa Ecosystem, afirma que há uma tendência crescente do consumidor, sobretudo os mais jovens, de valorizar empresas e produtos que consideram melhores práticas ambiental, social e de governança (ESG, na sigla em inglês). Mas há desafios nesse campo, ressalta o especialista:
— Existe um público crescente valorizando práticas ESG, mas as ações têm de ser concretas e percebidas pelo consumidor, não podem ser vistas como greenwashing, ou ele vai embora — explica. — Outra coisa é que moda é uma categoria altamente desejada, mas pressionada pelo consumo de outras categorias e outros pontos no orçamento das pessoas, como dívidas. Então, o preço acaba sendo decisivo, daí o bom desempenho das plataformas asiáticas.
Por Glauce Cavalcante
Fonte: O Globo
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