Restoque e Marisa têm queda de vendas

[Romildo de Paula Leite]

Afrange, CEO da Restoque: venda caiu devido "ao excesso de conservadorismo em nossa política de compras em 2013"

Apesar de venderem para diferentes classes sociais, as varejistas de moda Restoque - dona de marcas como a Le Lis Blanc - e Marisa reportaram na semana passada o mesmo problema: a dificuldade de alavancar as vendas em suas lojas. Ambas tiveram queda, no terceiro trimestre, nas vendas em pontos abertos há mais de doze meses.

Na Restoque, as vendas em lojas comparáveis recuaram 13,9% de julho a setembro, ante igual período do ano passado. O presidente da companhia, Alexandre Afrange, disse que a queda foi influenciada pelo desempenho das marcas Le Lis e Bo.Bô, que tinham menos produtos disponíveis nas lojas, devido "ao excesso de conservadorismo em nossa política de compras em 2013". O preço médio praticado nessas duas bandeiras também recuou no trimestre.

A diretora de relações com investidores da Restoque, Glaucia Pacola, disse que as vendas em lojas abertas há mais de um ano foram melhorando ao longo do período e que setembro foi o melhor dos três meses para a companhia. A Restoque terminou o terceiro trimestre com 199 lojas próprias, 43 a mais que um ano antes.

A Restoque aumentou a venda de coleções passadas a preços promocionais, com a abertura de três outlets nos últimos doze meses, totalizando sete, e um outlet on-line, com o objetivo de diminuir estoques. Esse movimento gerou um recuo na margem bruta. Os produtos com descontos representam 8% da receita, e esse patamar deve ser mantido.

A Restoque teve prejuízo de R$ 1 milhão no terceiro trimestre, ante lucro de R$ 3,5 milhões um ano antes. A receita líquida subiu 6,4%, para R$ 160,8 milhões, influenciada principalmente pelo crescimento da grife John John. A receita desta mais que dobrou - assim como o número de lojas. A John John, marca jovem comprada em 2011, foi a única que mostrou alta nas vendas em lojas funcionando há mais de 12 meses.

Para 2014, a Restoque planeja abrir de 15 a 17 pontos da Rosa Chá. Das grifes existentes, a empresa informou que abrirá dez lojas John John. A Restoque desistiu de ter lojas exclusivas de sua marca de moda masculina, a Noir, Le Lis.

Na Marisa, as vendas em "mesmas lojas" (abertas há mais de um ano) recuaram 7,5% no terceiro trimestre. Entre as concorrentes, a Hering também registrou queda, de 2,4%, no indicador. A Renner apresentou alta de 5,8%, e a Riachuelo, rede da Guararapes, aumento de 10,1%.

A receita líquida da Marisa caiu 5,7%, para R$ 577,7 milhões. O lucro líquido encolheu 81,5%, para R$ 12,3 milhões. A Marisa encerrou o terceiro trimestre com 389 lojas, 46 a mais do que um ano antes. Segundo a empresa, reformas de 19 pontos contribuíram para a queda das vendas, além de um cenário econômico mais adverso. Em relatório, a administração afirma que programas do governo beneficiam a aquisição de bens duráveis em prejuízo a itens de vestuário.

"Observamos também o consumidor mais precavido e mais orientado para preços", informou a Marisa. Diante desse cenário, a companhia informou que reduziu seu volume de compras para o lançamento de verão.

Por Adriana Meyge | De São Paulo

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