Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A maison Schiaparelli, Ungaro, Balenciaga... por que reviver nomes consagrados e quando isso dá realmente certo?

 

Coleção resort 2012 da Ungaro, por Giles Deacon: já perdemos as contas de quantos designers tentaram reviver a marca...

Foto: Style.com

 

 

Depois de um tempo de mistério, a marca da lendária Elsa Schiaparelli está para ser tirada das cinzas e voltar à ativa. O estilista escolhido para essa façanha? Christian Lacroix. Para a coleção de couture da marca, lançada no começo de julho, os temas principais da estilista italiana, como o rosa choque, estavam lá. Mas o que foi trazido de novo? Bem, não muita coisa - agora deve-se esperar e ver o que a marca vai concretamente vender. Lacroix, aliás, deixou claro que sua participação na Schiaparelli foi apenas efêmera, para garantir um debut para a volta da marca. Envolvido em projetos próprios como curadoria e figurino, não seria sua intenção, nem da empresa, tê-lo à frente como diretor criativo.

 

Para que servem, afinal, revival de criadores de moda que já se foram? Há casos de marcas que deram certo e outras nem tanto; algumas são verdadeiros desastres. Um couturier que fez sucesso em seu tempo e tem um nome de prestígio não significa uma marca de luxo com potencial de grande consumo nos dias atuais.

 

A casa de Emanuel Ungaro, que se aposentou há onze anos, é um dos maiores desastres do revival de marcas consagradas. A marca fez sucesso nos anos 1980, com seus vestidos sensuais e motivos chamativos como florais e estampa de leopardo. Comprada em 2005 pelo ex-engenheiro de computação Asim Abdullah, passaram pela casa 9 designers desde então, como Peter Dundas (hoje na Pucci), Giles Deacon e Giambatista Valli. Impressionantemente, até Lindsay Lohan foi "consultoria criativa" da marca, o que mostra a inaptidão de Abdullah para gerir negócios de moda, tão distante dos de tecnologia.

 

 

Schiaparelli por Lacroix. Foto: Style.com

 

 

Qual o sentido de se reviver a Ungaro, se os valores que tornavam seus vestidos atraentes nos anos 1980 são tão distantes de hoje? Se é redescoberta, uma marca deve sim olhar o seu passado, mas deve "ir adiante", o design deve evoluir. E apresentar novas propostas. Mal lembramos de Jeanne Lanvin e seus conjuntos de passeio para mães e filhas combinando se temos hoje Alber Elbaz à frente de uma marca fortíssima, que conquistou público e mídia. Assim como Raf Simons na Jil Sander. E por mais que Cristóbal Balenciaga ainda seja lembrado como um dos grandes couturiers de todos os tempos, não podemos ignorar a força que a marca adquiriu com Nicolas Ghesquièrre. O mesmo se pode dizer de Karl Lagerfeld na Chanel.

 

Se é redescoberta, uma marca deve sim olhar o seu passado, mas o design também deve evoluir.

 

Logo após a aposentadoria de Valentino, a dupla de designers que o substituiu (a casa não chegou a fechar), Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli, soube elevar o melhor do estilo do costureiro e expandir sua marca para outras linhas.  Muito mais que resumir um nome como o de André Courrèges para revisões caricatas do estilo "futurista nos anos 1960", quando essa proposta não faz mais sentido em nossa sociedade, o revival de marcas deve trazer o valor agregado do passado, e unir isso ao futuro.

 

Vivian Berto


Tendere - Pesquisa de Tendências e Consultoria em Moda, Beleza e Design

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