Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Rodrigo Dienstmann: ‘No futuro, teremos o 5G embutido nas estratégias de digitalização das empresas’

CEO da Ericsson comemora os 100 anos da empresa no Brasil e dá detalhes de implantação de 5G no País.

Rodrigo Dienstmann, CEO da Ericsson no Brasil Foto: Divulgação

Ericsson está comemorando 100 anos no Brasil. Uma história de transformação não só da indústria, mas também da sociedade. Se antes ela era uma empresa de telefonia, hoje está focada no 5G e em como as empresas poderão tirar proveito dessa conectividade.

Em entrevista ao IT ForumRodrigo Dienstmann, CEO da Ericsson no Brasil, fala sobre como a inclusão digital está mais perto com a implementação do 5G e como verticais como manufatura e mineração já estão colhendo os frutos da frequência.

“[A implementação do 5G no Brasil] está mais rápida do que esperado. A obrigação de cobertura que as operadoras tinham já foi ultrapassado. Isso porque também elas têm uma vantagem competitiva. Uma operadora com mais 5G consegue mais clientes. Além disso, ela é mais eficiente do ponto de vista energético, o que a torna sustentável e com menos custos”, comemora o executivo.

Confira o bate-papo completo:

IT Forum: A Ericsson está completando 100 anos no Brasil. Como você vê essa história?

Rodrigo Dienstmann: Nesses 100 anos, a gente se transformou muito, tanto quanto empresa quanto sociedade. Começamos como uma empresa de telefonia e, hoje, temos cada vez menos a ver com telefonia e mais com dados moveis.

Nossa fábrica, que quando foi inaugurada era praticamente uma metalúrgica, hoje é extremamente robotizada e moderna. Somos a única fábrica de 5G do hemisfério sul.

O 5g é o último capítulo lançado na história das telecomunicações e que veio fazer uma transformação mais profunda que o próprio 3G ou 4G. É uma transformação um pouco mais profunda porque passa pela economia, tem um efeito econômico nas empresas, pela digitalização, e na sociedade, por disponibilizar novos meios de inclusão de digital.

No Brasil, temos a benção no sentido de que o leilão das frequências fosse em um modelo que privilegia investimento e não arrecadação. Tivemos um bom ano por causa das metas de implantação da tecnologia. E estamos tendo um ano bastante importante em termos de volume.

Completar 100 anos é um testemunho de resiliência, mas também o sucesso de mercado de chegar aos nossos clientes com proposta de valor. Tem um aspecto que me deixa muito satisfeito que é a mudança na sociedade. Acreditamos que prover conectividade para as populações remotas é fundamental para que elas possam ser incluídas socialmente e economicamente. Você leva educação e serviços básicos, médico, Pix, auxílio assistencial. E, em um segundo momento, você leva emprego, você permite que essas regiões criem modelos de negócios, criem renda, empreendedorismo.

IT Forum: Qual a importância do Brasil para a Ericsson?

Rodrigo Dienstmann: O Brasil é super estratégico. Nós temos uma participação expressiva no global da empresa, maior do que a proporção geral, porque conseguimos ter uma liderança de mercado importante. Todas as operadoras grandes utilizam nossa área. Em São Paulo, por exemplo, 100% das redes móveis são da Ericsson.

No mercado empresarial, elegemos poucos mercados de prioridade e o Brasil é um deles.

IT Forum: Falando de 5G… você acredita que ele ajudará na inclusão digital?

Rodrigo Dienstmann: Essa é a beleza do leilão 5G no Brasil, pois ele tinha metas de inclusão, desde vilarejos, estradas e até uma infovia na Amazônia com fibra ótica subaquática para levar conectividade e escolas. Com o 5G, esse aspecto de integração e inclusão social fica mais palpável.

Globalmente, 33% das pessoas não acessam internet. No Brasil essa porcentagem é um pouco menor, mas ainda assim importante. Nós acreditamos que a tecnologia móvel incluirá esses 33% porque em alguns lugares não tem como levar fibra.

IT Forum: E a implementação do 5G no Brasil, está dentro do esperado?

Rodrigo Dienstmann: Está mais rápida do que esperado. A obrigação de cobertura que as operadoras tinham já foi ultrapassado. Isso porque também elas têm uma vantagem competitiva. Uma operadora com mais 5G consegue mais clientes. Além disso, ela é mais eficiente do ponto de vista energético, o que a torna sustentável e com menos custos.

IT Forum: Em geral, quais são os países mais avançados no 5G?

Rodrigo Dienstmann: Singapura, Coreia do Sul, Suíça, Estados Unidos, Alemanha, China e Índia são alguns exemplos. A Índia, no ano passado, fez um trabalho de implantação de 5G inédita no mundo. Eles saíram da lanterna e estão quase chegando na liderança em penetração do 5G, mas ainda está na primeira fase de cobertura. Em Singapura, por exemplo, já estão mais avançados.

IT Forum: Falando sobre os negócios empresariais, quais os setores que já estão olhando para o 5G?

Rodrigo Dienstmann: Manufatura está muito forte. Nós temos um exemplo interessante que é a fábrica da Nestlé, em Caçapava (SP), onde fizeram automatizações que só seriam possíveis com 5G.

Outra vertical bastante promissora é a de mineração. Outro caso é portos e aeroportos – no Brasil ainda não temos nenhum caso, mas temos na Europa e no Panamá. E tem uma vertical que no Brasil não existe, mas está muito popular, que é a automação ferroviária.

O agronegócio, por outro lado, ainda está olhando 4G. Eles estudando o 5G, mas os projetos são 4G. Entretanto, eles têm a necessidade de conectividade ao trabalhador e telemetria das máquinas. Conforme novos casos de uso vão sendo adicionados, como drones autônomos, teleoperação da máquina, uso de visão computacional de alta performance, você não consegue fazer no 4G.

IT Forum: Quais os principais desafios nas conversas com as empresas?

Rodrigo Dienstmann: O principal desafio hoje é educacional. Ou seja, dar ao cliente empresarial clareza dos benefícios do 5G no chão de fábrica, no campo, no porto. Como é muito novo, não tem tantos casos de uso.

O segundo desafio é adquirir essa rede de parceiros integradores que levem essa tecnologia. A Ericsson tem um modelo indireto no mercado empresarial. Se com as operadoras eu sou direto, eu firmo contratos, no mercado empresarial nós vamos indiretamente por meio de parceiros. Nós temos três parceiros assinados no Brasi que não são operadoras e dois que são operadoras.

IT Forum: E qual será o futuro no mercado empresarial?

Rodrigo Dienstmann: Teremos o 5G embutido nas estratégias de digitalização das empresas. Quando eu falo de drone autônomos, veículos autônomos, isso tudo é realidade. Mas vamos ver uma maturidade muito grande ajudando as empresas a se digitalizarem e ficarem competitivas.

O 5G habilita outras ferramentas: você vai usar visão computacional, que requer IA. E para isso funcionar em manufatura, mineração etc. será necessário o 5G.

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