Professor de marketing da NYU critica impacto das big techs no comportamento humano e alerta CEOs sobre a necessidade de se posicionarem.
No primeiro dia de Mobile World Congress (MWC), o professor de marketing da NYU, empreendedor e autor de livros como “Os Quatro: Apple, Amazon, Facebook e Google. O segredo dos gigantes da tecnologia”, Scott Galloway fechou a agenda com uma das palestras mais contundentes do dia. Em sua apresentação, ele criticou o impacto da hiperconectividade na sociedade moderna e alertou sobre o silêncio de lideranças empresariais diante de questões urgentes como diversidade e equidade.
“As empresas de tecnologia estão transformando as pessoas em espécies solitárias, que passam o dia grudadas em seus celulares porque isso monetiza”, afirmou Galloway. Segundo ele, a economia digital incentiva comportamentos que isolam os indivíduos, reduzindo sua capacidade de assumir riscos essenciais para a vida social e profissional. “Por que colocar um terno e se candidatar a um emprego quando é possível ganhar dinheiro com criptomoedas? Por que enfrentar a possibilidade de rejeição em um encontro quando se tem pornografia acessível em casa, 24 horas por dia?”, provocou.
O professor também relacionou essa nova dinâmica ao crescimento da ansiedade e depressão, especialmente entre os jovens. “Nos EUA, os jovens homens estão em crise. Eles estão lutando. E os que mais deveriam falar sobre isso estão calados”, disse.
Ele destacou ainda que muitos jovens passam grande parte do tempo consumindo conteúdo de redes sociais sem dedicar energia ao crescimento profissional. “Se você tem um celular, você pode ganhar dinheiro. Mas, se não desenvolver habilidades para o mercado de trabalho, não vai sobreviver.”
Sobre inteligência artificial (IA), Galloway adotou um tom mais pragmático. “Muitos dos riscos da IA estão sendo superestimados. As previsões catastróficas sempre acompanham novas tecnologias. No curto prazo, sim, alguns empregos vão desaparecer. Mas não vejo a IA como uma ameaça existencial”, disse. No entanto, alertou para os desafios da desinformação e do impacto da tecnologia na saúde mental coletiva. “A verdadeira crise nos EUA não é a IA. É a ansiedade e a depressão que estão se espalhando pelo país.”
Com um discurso provocador, Galloway chamou CEOs a abandonarem a neutralidade em debates sociais e assumirem um papel mais ativo na busca por soluções. “O silêncio dos líderes empresariais é o que mais me desaponta. Se as pessoas que têm poder e visibilidade não se manifestarem, não haverá mudança.”
Para ele, nesse cenário, portanto, é fundamental que líderes influentes como Tim Cook, CEO da Apple, e Bill Gates, fundador da Microsoft, se posicionem sobre os impactos negativos da tecnologia na sociedade e ainda sobre a diversidade, que está sob ameaça, diz. “Ainda há tempo. Alguém precisa dizer que não vai fazer parte disso.”
*A jornalista viajou a convite da Intel
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