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Sem emoção, discurso de Lula em Suape vira prestação de contas

Sem emoção, discurso de Lula em Suape vira prestação de contas

Todos esperavam que a última visita de Lula como presidente da república ao Complexo Portuário de Suape fosse marcada pela emoção. Afinal, o pernambucano de Caetés que saiu de sua terra como retirante em 1952 anunciava como marco de sua despedida o lançamento da pedra fundamental da nova fábrica da Fiat, montadora que irá gerar 3,5 mil empregos para seus conterrâneos a partir de 2014. No entanto, o discurso de Luiz Inácio Lula da Silva, a três dias de deixar a presidência, foi muito mais uma prestação de contas do que ele deixa para a Região Nordeste

Além do governador Eduardo Campos (PSB) e políticos como os senadores eleitos Armando Monteiro Neto (PTB) e Humberto Costa (PT), estiveram presentes na cerimônia, realizada nesta terça-feira (28), o presidente mundial do Grupo Fiat, Sergio Marchionne, e o presidente do grupo na América Latina, Cledorvino Belini. Esta foi a 10ª visita de Lula a Pernambuco este ano.

 

Fotos:
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"Nem todos os presidentes da República tiveram o gostoso prazer de inaugurar a quantidade de obras que eu tenho para inaugurar, nem todos. E nós estamos, neste momento, colhendo um pouco daquilo que plantamos em momentos difíceis", disse, justificando porque ainda insiste em percorrer o País inaugurando ou anunciando novos empreendimentos.  Lula ainda vai para o Ceará, onde "por pirraça" vai lançar a pedra fundamental de uma refinaria e depois à Bahia. "Mas não posso dizer o que vamos anunciar na Bahia", brincou.

O pronunciamento de Lula, que falou para cerca de mil pessoas - muito mais políticos e empresários que trabalhadores - também foi marcado pela retórica de alguém humilde que chegou ao posto mais alto do País. "Mais do que provar a mim mesmo, eu tinha que provar a cada um de vocês que não existe escolaridade apenas, não existe o berço onde a gente nasceu, existe determinação. E cada um de nós pode chegar à presidência da república, ao governo do estado, à prefeitura da cidade e fazer as coisas acontecerem", frisou.

 

Foi exatamente um torneiro mecânico de São Bernardo do Campo, sem diploma universitário que, junto com o governo, fez a maior capitalização da história do capitalismo, da história da humanidade

 

Lula fez questão de ressaltar que a Fiat não veio para o Estado apenas por que ele é pernambucano. "Ela (Fiat) veio para cá porque temos quatro vezes mais doutores do que a gente tinha há oito anos atrás. Já temos indústria naval, indústria petroquímica e muitas escolas profissionais formando cada homem e cada mulher para que as pessoas entendam que um matuto que corta cana não produziu um carro porque ainda não deram chance a ele de produzir um carro. Daqui a dois anos, o presidente da Fiat vai vir aqui e dizer que não tem lugar nenhum do mundo que tenha trabalhador mais qualificado, mais preparado e mais produtivo do que os trabalhadores de Pernambuco e os trabalhadores do Nordeste brasileiro".

 

 

 

 

Como em outros momentos, Lula mostrou que não irá deixar de opinar no futuro governo. "Se depender de mim, Eduardo (referindo-se ao governador de Pernambuco), sendo presidente ou não, outras empresas irão se instalar em outros estados, porque o Nordeste precisa de mais indústria. O Nordeste precisa de mais empregos porque nós temos que recuperar as décadas perdidas a que nós fomos legados à miséria", destacou.

O governador reeleito Eduardo Campos (PSB), que foi ministro no primeiro mandato de Lula e contou com importantes parcerias com o governo federal nos últimos quatro anos, também foi enaltecido, reforçando a importância que costurou no cenário nacional. "Ele foi leal comigo, como somente um filho pode ser leal. Montou uma equipe muito capaz para elaborar os projetos de interesse de Pernambuco. É um companheiro que não rejeita tarefas", disse.

O presidente finalizou o discurso de mais de vinte minutos falando diretamente aos trabalhadores. "Quero dizer para vocês que valeu a pena. Eu saio da presidência e o legado mais importante que quero deixar é que vocês podem chegar lá. Se eu cheguei, é só vocês teimarem, brigarem e perseverarem, que vocês podem mudar a história deste País. Mudar definitivamente."

 

 

A fábrica da Fiat em Pernambuco
A montadora da Fiat ocupará um terreno de 4,4 milhões de metros quadrados, a cerca de 13 quilômetros do Porto de Suape. Os investimentos somam R$ 3 bilhões e a capacidade de produção será de 200 mil veículos por ano, a partir de 2014.

A fábrica produzirá novos modelos de automóveis, desenvolvidos no Brasil e voltados para a demanda do consumidor brasileiro e latino-americano. Além da fábrica, os investimentos abrangem a construção de um Centro de Pesquisa & Desenvolvimento. Estima-se que cerca de cinquenta indústrias da cadeia produtiva vão se instalar no Estado com a Fiat. Serão gerados cerca de 3,5 mil empregos diretos.

LULA EM 2013 - Não faltaram elogios e agradecimentos nos discuros que antecederam a fala de Lula. O governador Eduardo Campos até sugeriu que o presidente esteja em Suape, em 2013, para dirigir o primeiro carro produzido pela montadora. O socialista destacou que, com a montadora da Fiat, surge o renascimento da indústria pernambucana. "Vamos resgatar a indústria têxtil que perdemos a partir dos anos 70. Ao lado da Fiat, vão vir dezenas e dezenas de fábricas", disse.

O presidente mundial do Grupo Fiat, Sergio Marchionne, presente na cerimônia, disse que o País é, hoje, um dos lugares do mundo em que os investimentos encontram o ambiente mais seguro e promissor. "O Brasil tem sólidas bases econômicas, um mercado interno muito forte e tem demonstrado que sabe reagir com decisão e rapidez diante de uma crise internacional".

Cledorvino Belini, presidente do grupo na América Latina, destacou que "é preciso coragem e imaginação para dar passos como o que foi dado em Pernambuco. "É preciso estímulo e vontade política por parte dos governos estadual e federal. Neste contexto, gostaria parabenizar o governador Eduardo Campos e o presidente Lula pela orientação estratégica que Pernambuco e o Brasil como um todo estão adotando para se destacar economicamente", afirmou. O presidente da Fiat na América Latina também reconheceu a competência técnica e o profissionalismo da equipe liderada pelo secretário Fernando Bezerra Coelho.

FESTA VERMELHA - Depois de Suape, Lula seguiu para o Marco Zero, no Recife Antigo, onde foi recebido por milhares de pessoas que foram dar adeus ao presidente numa festa popular organizada pelo PSB.

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