GENEBRA - A indústria têxtil brasileira pediu para o governo tentar limitar na Organização Mundial de Comércio (OMC) um plano da União Europeia para dar livre acesso a uma lista de 81
produtos do Paquistão, por três anos, no mercado europeu.
A UE
precisa apresentar o pedido na OMC para fazer a concessão apenas para o
Paquistão, sem ser estendido aos outros membros. Bruxelas pediu ao
Brasil para apoiar sua proposta, alegando para as dificuldades
econômicas que o Paquistão enfrenta depois da violenta inundação que
afetou o país.
Mas a Euratex, representando a indústria têxtil
europeia, denunciou que a lista beneficiará mais de 60 produtos têxteis e
confecções originários de companhias paquistanesas eficientes, bem
equipadas, localizadas fora das áreas inundadas e com faturamento
superior a média da própria indústria europeia.
Na mesma linha, a
Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) pediu oficialmente ao
governo, em Brasília, para só apoiar os europeus na OMC se o pacote
excluir todo o universo da cadeia têxtil - fibra, fios, filamentos,
tecidos, vestuário etc. - que afinal é uma das poucas coisas que o
Paquistão exporta.
O Brasil exporta atualmente US$ 500 milhões
por ano de tecidos para o mercado europeu e teme perder ainda mais
espaço para os paquistaneses.
Para produtores europeus, a
eliminação de tarifa por três anos poderá causar perda de até 120
empregos na Europa. Admite no máximo concessão por um ano, mas limitando
a entrada dos têxteis e dando espaço eventualmente para outros
produtos.
A indústria têxtil brasileira se opõe também a
concessão pelo Brasil de livre acesso para produtos dos países mais
pobres do mundo, uma promessa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
terá dificuldades de cumprir até dezembro.
O setor alega que o
Brasil precisa manter as tarifas sobre importação de têxteis, diante da
forte competitividade de países como Camboja e Bangladesh, que serão
beneficiados pelo plano brasileiro.
Na negociação Sul-Sul, de 11
países emergentes, que deve ser assinado em Foz do Iguaçu no mês que
vem, o Brasil acabou excluindo concessões no setor têxtil.
(Assis Moreira | Valor)
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