Para reverter práticas como emprego de trabalho infantil e de estrangeiros ilegais no país, o varejo têxtil lançou programa para
qualificar e monitorar fornecedores dentro de critérios de
responsabilidade social. "O objetivo é estabelecer um novo ambiente de
negócios nessa cadeia produtiva, garantindo a lojistas e consumidores a
procedência dos produtos", informa Sylvio Mandel, presidente da
Associação Brasileira para o Varejo Têxtil (ABVTEX), que congrega 1,4
mil lojas no país. "A perspectiva é essa qualificação ter efeito
multiplicador em todo o setor de moda e confecções, ecoando novas
atitudes e modelos produtivos", acrescenta Mandel.
Com apoio do Ministério da Indústria e Comércio, Sebrae e centros de capacitação como o Instituto Euvaldo Lodi, entre outras entidades, a iniciativa terá auditorias independentes com foco principal nas questões
trabalhistas, cuja conformidade é exigência básica para confecções
participarem da qualificação e estar aptas a negociar com redes
varejistas.
O setor tem cerca de 10 mil fornecedores, que serão cadastrados. A meta é concluir as auditorias até dezembro de 2012 no Estado de São Paulo, atingindo todo o Brasil um ano depois. "A compra consciente
chegou à moda, engajada com os problemas sociais", destaca Mandel,
informando que os aspectos ambientais, como a geração de resíduos, serão
tratados na segunda fase do programa.
Entre as redes de varejo que participam do novo programa está a C&A, que criou há quatro anos uma empresa independente, a Organização de Serviço para Gestão de Auditorias de Conformidade
(Socam), com objetivo de coibir mão de obra irregular e buscar a
melhoria das condições de trabalho na cadeia produtiva.
Presente no Brasil há 34 anos com 180 lojas, nas quais há coletores para o descarte de celulares, pilhas e baterias, o grupo lançou pela primeira vez neste ano o relatório de sustentabilidade, com base nas
diretrizes da Global Reporting Iniciative (GRI), inaugurando a prática
no setor têxtil varejista. A empresa adota biodiesel em toda sua frota
e, no fim do ano passado, iniciou as operações da loja construída em
Porto Alegre com critérios de ecoeficiência, reduzindo consumo de água e
energia.
No caso da rede Pernambucanas, com 269 lojas e três centros de distribuição no país, as ações envolvem projetos ambientais e campanhas de voluntariado, beneficiando comunidades do entorno. Cerca de 48% dos
resíduos das lojas, separados para coleta seletiva, são enviados para
cooperativas de catadores. (S.A.)
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