Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Nunca na história da humanidade tivemos um índice tão baixo de pessoas passando fome.

Nas últimas semanas, acompanhamos as negociações entre Elon Musk e os acionistas do Twitter em relação à compra da plataforma pelo CEO da Tesla, fato que foi consumado na segunda-feira, 25 de abril de 2022. Como resultado desta negociação, houve diversos comentários na própria rede social, seja de apoiadores da compra, seja de opositores da mesma. Neste caso, em sua maioria, com um discurso anticapitalista. Em muitos dos posts dos opositores frases como: “Liberdade e capitalismo não andam juntos”, ou, “O capitalismo só sabe produzir escravidão e fome”, dentre outras, foram bastante comuns durante o dia. Apesar de estarem cem por cento erradas, irei me deter apenas no ponto relativo à fome.

Nunca na história da humanidade tivemos um índice tão baixo de pessoas passando fome, e isso é facilmente comprovado. De acordo com os dados da pesquisa coordenada pela Universidade de Oxford, em seu projeto “Our World in Data”, a população mundial era de 1,08 bilhão de habitantes em 1820, com 1,02 bilhão vivendo na extrema pobreza, o que representava 94% da população. Isso significa que apenas 6% da população estava acima da linha da pobreza, e, neste índice estariam todos os estratos, desde a realeza até os outros níveis da sociedade.

Em 1970, a população mundial passou para 3,69 bilhões de habitantes, sendo 2,2 bilhões na extrema pobreza, uma parcela de 60.2% da população, e, 1,47 bilhão de pessoas acima da linha da extrema pobreza, representando 39.8% da população global. Contudo, neste ano, uma série de eventos irá mudar o cenário de forma bastante intensa. Crescimento populacional, uma maior liberação da economia ao redor do mundo – em decorrência de uma série de crises – e diversos fatores que levaram a uma maior integração global tornaram o mundo mais dinâmico e mais rico.

O resultado fica evidente pelos seus próprios números. Em 2015, a população mundial chegou a 7,35 bilhões de habitantes, com 6,6 bilhões 89.8% da população acima da linha da extrema pobreza e 705,6 milhões de pessoas ou 10.2% vivendo na extrema pobreza. Em resumo, a extrema pobreza caiu de 94% do total populacional, em 1820, para 10% em 2015. Mas, é possível ir ainda mais longe. De acordo com o Banco Mundial, em 2022, a população global é de 7.9 bilhões de pessoas e a população em extrema pobreza deve chegar a 760 milhões de pessoas ou 11% da população do planeta isso após a pandemia da COVID 19.

Três fatores são responsáveis por isso de forma direta e todos ligados de forma intrínseca ao capitalismo. Primeiro, o forte desenvolvimento de novas tecnologias para a agricultura, que permitiu aumentar a produção agrícola com mais qualidade e menos espaço, fazendo com que tenhamos comida de alta qualidade para o número crescente da população global. A agropecuária só não melhorou em diversas partes do mundo em função de muitas instituições ideológicas atrapalharem o setor. Um exemplo prático é o transgênico, pois as mesmas instituições que tanto atacam as tecnologias agrárias esquecem que boa parte dos remédios hoje usam DNA recombinante, caso da insulina para diabéticos. E, isso não afeta sua segurança.

O próprio desenvolvimento do capitalismo criou novas tecnologias gerando novos postos de trabalho, demandou novos conhecimentos, mais pessoas, gerou riqueza, consumo e tudo isso gera retorno a sociedade. O anticapitalista tem dificuldade de compreender que o capitalismo depende do consumidor e quando uma empresa gera riqueza é para que alguém consuma, em muitos casos, seu próprio funcionário, gerando um ciclo virtuoso na economia. Ao gerar novos empregos o capitalismo também criou recursos para que se possibilitasse a redução da fome no mundo.

O terceiro fator é o avanço da democracia no planeta. Desde a década de setenta a democracia vem avançando no mundo, iniciando um processo de abertura de mercados na década de oitenta, em especial nos Estados Unidos e Inglaterra, e tendo culminado com a queda da URSS soviética no início da década de noventa. O capitalismo se desenvolve melhor em ambientes livres, assim como provoca a derrocada de sistemas autoritários com o tempo. Mesmo a China, só conseguiu um avanço significativo no combate à fome em seu território após se juntar a economia de mercado, apesar de seu sistema político.

Mas, se tudo que foi dito não é suficiente para provar que o capitalismo não gera a fome no mundo, tenho um último fato: em toda a história da humanidade o maior problema alimentar de saúde pública sempre foi a subnutrição, contudo desde 1975 triplicaram os casos de obesidade no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde [OMS] 1.029 bilhões de pessoas irão estar obesas em 2022, ou seja, 13.3% da população global. Em síntese, um problema de excesso de comida, sendo a primeira vez na humanidade em que isso ocorre.

Não há dúvida que ainda temos muitas áreas do mundo com pobreza extrema, assim como muitas pessoas com fome no mundo, mas a esmagadora maioria destas pessoas estão localizadas em países onde temos uma enorme falta de capitalismo, e não excesso. É preciso fortalecer o indivíduo para que ele produza, e não o tornar dependente dos “iluminados” que prometem resolver seus problemas. O ideal é que cheguemos ao dia em que nenhuma pessoa no mundo passe fome, mas isso deve ser alcançado de maneira que as pessoas tenham acesso a alimentação de forma sustentada e não na dependência de governos e/ou políticos.

Sandro Schmitz

Possui graduação em ciências jurídicas e sociais pela Universidade Luterana do Brasil (2003) e diploma de Estudos Aprofundados pela Junta Interamericana de Defesa (OEA). Doutorando em Economia; Diplomado em Comunicação Política e Política Digital pela ACEP/Konrad Adenauer Stiftung. Atua com consultoria para o mercado financeiro, na qual presta consultoria e assessoria na estruturação de ativos, e, programas de compliance. Sócio-Diretor da Austral Consultoria & Investimentos. Tem experiência na área de ciência política, com ênfase em política internacional, atuando principalmente nos seguintes temas: direito internacional, direito dos conflitos armados, direito penal, direitos humanos e direito internacional humanitário. Atua como consultor nas áreas empresarial, tributária e societária.

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