Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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SOU DE ALGODÃO – Com apoio ao Clube de Costura, Abrapa intensifica diálogo com o polo de produção e venda de roupas de Goiás.

Nascido sob as luzes do São Paulo Fashion Week, como uma iniciativa que busca aumentar a participação do algodão na indústria têxtil e de confecções no Brasil, o movimento Sou de Algodão, da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), dá mais um passo rumo à meta, ao mirar um dos maiores polos fabris do Brasil, o goiano. Na última segunda-feira, com a inauguração do fashion coworkingClube de Costura, que conta com seu apoio, a Abrapa iniciou o diálogo com lojistas da região, que concentra 58,6% das unidades de confecção do centro-oeste, com produção aproximada de cinco milhões de peças de vestuário ao mês. A estratégia da associação, que hoje já desenvolve um trabalho junto a estilistas renomados, como Martha Medeiros e Alexandre Herchcovitch, é, através da ênfase aos diferencias positivos da matéria-prima, despertar o desejo pelo produto tanto por quem cria as peças, quando pelo consumidor.

 

Para falar sobre moda, criatividade e agregação de valor, a Abrapa convidou a jornalista setorizada em moda, Lilian Pacce, para um "bate-papo" durante a inauguração, que contou com a presença do presidente da entidade, Arlindo de Azevedo Moura, de membros da diretoria, de empresas da cadeia produtiva do algodão, além do presidente da holding Novo Mundo, Carlos Luciano Martins Ribeiro.

 

Em seu discurso, Arlindo Moura lembrou que o algodão participa hoje com 54% da matéria-prima utilizada pela indústria nacional, e há espaço para ampliar o market share. "Começamos o projeto almejando subir dez pontos percentuais. Hoje vemos que podemos ir mais longe, se o consumidor perceber as vantagens da fibra natural em relação à sintética, e entender que qualidade não necessariamente implica em preço alto", afirmou.

 

De acordo com o presidente, o senso comum justifica a escolha por fios como o poliéster por causa do suposto preço mais baixo. "O custo do algodão corresponde, em média, a 2% do valor da peça. Então, não se pode dizer que ela encarece o produto final, mesmo quando o preço da commodity sobe. Se a confecção entende que pode baixar um pouco sua margem e optar por um material melhor, todo mundo ganha", afirmou.

 

Para João Carlos Jacobsen, ex-presidente da Associação, em cujo mandato o Sou de Algodão foi concebido e lançado, o desafio do movimento é mostrar para o cliente potencial a qualidade do algodão e seus diferenciais positivos. "Temos de trabalhar a cultura de olhar a composição do tecido na etiqueta. É um caminho longo, mas possível. Os americanos fazem isso há 60 anos e têm sucesso nessa empreitada", diz Jacobsen. "Não é o algodão que define o preço da peça. Não conseguimos entender como o nosso algodão, que vale R$6 o quilo, vira uma camisa masculina de R$250", questiona.

 

 

 

Mega Moda

 

 

O Clube de Costura está instalado no Mega Moda Shopping, empreendimento da holding Novo Mundo, situado na movimentada "região da 44" da capital goiana, verdadeira "meca" varejista e atacadista do Brasil central. Só em 2016, passaram pelo shopping 6,7 milhões de pessoas – 535 mil ao mês – oriundas de mais de 150 cidades  de todo o país. Cada pessoa gasta, em média, R$5 mil em compras. Com o Clube de Costura, Abrapa e Mega Moda querem incentivar a criação autoral, desenvolver novos talentos, na medida em que tornam mais acessível a realização de projetos e protótipos. O apoio ao coworking é o marco zero para intensificar a parceria, que une as duas pontas da cadeia produtiva, produção e consumo.

 

"Nossos consumidores são majoritariamente mulheres, acima de 25 anos, que compram para revender a chamada 'modinha', a tendência da estação. O incentivo à criação e ao uso de matérias-primas de qualidade, como o algodão brasileiro, pelas confecções, pode agregar valor às peças, com benefícios compartilhados para toda a cadeia", diz o diretor presidente do grupo Novo Mundo, do qual faz parte o Mega Moda Shopping, Carlos Luciano Martins Ribeiro.

 

Tendência

 

A palavra "compartilhado" ajusta-se ao conceito de coworking, uma tendência atual de estruturas coletivas de trabalho, cada vez mais comum. O Clube de Costura é um grande ateliê, com máquinas de costura, mesas de corte, e toda a infraestrutura e aparelhamento necessários ao desenvolvimento de coleções e produtos de moda, além de livros e material de referência. O espaço conta também com um café e sala de reuniões e eventos, com capacidade para até 40 pessoas. "A ideia foi criar um lugar inspirador e funcional que favoreça não apenas o fazer, mas o criar", explica o consultor do projeto, Leandro Pires. A um custo que varia de R$8 a R$10 por hora, qualquer pessoa pode usufruir do Clube de Costura, e os associados terão benefícios especiais.

 

O perfil do público do polo goiano é estratégico para a Abrapa. "Crescer 10% nesse segmento representa um volume muito representativo de incremento para o nosso setor", explica João Carlos Jacobsen.

 

 

 

Múltiplos usos

 

 

De acordo com a convidada da noite de inauguração, a jornalista Lilian Pacce, apresentadora do programa GNT Fashion, na rede de TV fechada GNT, o algodão é muito importante para a moda, mas as pessoas nem sempre têm consciência do que vestem. "A partir do momento em que se conta a história daquele tecido, de onde ele veio, o que aconteceu com ele ao longo da cadeia produtiva, quais as características daquele material e por que é 'legal' usar, muda-se a relação de consumo. Por isso, campanhas como essa (Sou de Algodão), são muito importantes", afirma.

 

O conforto e o despojamento, atributos muito ligados às peças de algodão, não significam, na opinião da apresentadora, que a matéria-prima não possa ser chique. "Temos tricolines maravilhosas que já foram usadas em vestidos de festa de grandes marcas da alta costura. O algodão possibilita muitos usos, inclusive os sofisticados", diz.

 

A criação, segundo Lilian Pacce, é o único recurso infinito, e sem ela não existe moda. Ela é um valor. O autoral não é descartável e nem sempre precisa ser caro; muito embora, não raramente seja. É preciso entender que existe um trabalho que existe por traz de cada criação, e se paga por isso", conclui.

http://www.abrapa.com.br/Paginas/NoticiaAbrapa.aspx?noticia=205

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