Fonte:|sic.sapo.pt|
Algodão, milho, ouro ou cobre são algumas das matérias-primas que continuam a registar subidas de preços acentuadas nos mercados internacionais, o que está preocupar a indústria
e em breve pode atingir os consumidores. Depois da queda de preços em
2008, provocada pela crise internacional, o preço das matérias-primas
voltou a subir no final de 2009.
O algodão tem registado custos crescentes, tendo atingido a 27 de outubro 1,305 dólares por libra-peso na bolsa de futuros de Chicago, nos Estados Unidos, o valor máximo desde
que começou a ser transacionado, há 140 anos.
Na origem da subida do preço está a escassez da oferta, depois das fracas campanhas
de 2009 e 2010, e as previsões de aumento da procura pela China, que
consome cerca de 40% do algodão mundial.
Esta escalada está a
provocar tensões na indústria têxtil, adianta Ricardo Marques da IMF --
Informação de Mercados Financeiros, que aponta desde logo as "dificuldades de tesouraria", sobretudo num momento em que o financiamento dos bancos está mais díficil.
Além disso, "as
empresas podem sentir dificuldades de vendas, uma vez que se venderem
para um mercado sensível à subida de preços pode haver uma retração do
consumo", acrescentou.
Também as matérias-primas agrícolas estão cada vez mais caras.
"As
matérias-primas agrícolas tornaram-se nos últimos tempos o alvo mais
apetecível dos investidores. Se nos casos do algodão e do açúcar há uma
escassez de produto para entrega imediata que justifica a subida, há
outras situações como a soja e o milho onde a ampla disponibilidade de
cereal a nível global torna pouco compreensíveis os preços atualmente
praticados", segundo a análise trimestral IMF, divulgada em outubro.
Bruno Costa, operador da Go Bulling, atribui também a valorização destes bens a um "aumento da procura" após alguma recuperação económica mundial.
Queda do dólar
A
queda do dólar também tem tido a sua quota parte na inflação de preços,
levando empresas que necessitam de matérias-primas a tomar já posições
na bolsa de futuros "visto que têm mais poder de compra com um dólar mais fraco", explicou o analista de mercado.
A
valorização dos cereais a nível mundial, com o milho a atingir a 11 de
outubro o valor mais alto dos últimos dois anos na bolsa de
matérias-primas de Chicago, de 5,7325 dólares o alqueire, já está a ter
efeitos na indústria.
A multinacional do setor alimentar General
Mills já avisou que deverá aumentar os preços dos cereais de pequeno
almoço, como os conhecidos Cheerios, até final do ano.
"Se o líder faz isto dá margem a empresas com menor quota de mercado para também o fazerem", observou Bruno Costa.
Nos
metais, destaque para o cobre com a crescente procura, sobretudo pela
China, a impulsionar o seu valor, que já está acima dos 8.500 dólares
por tonelada.
O ouro continua a ser visto como um ativo de
refúgio dos investidores em períodos de crise económica e financeira,
sendo que nos últimos tempos a sua procura tem sido também potenciada
pela debilidade da moeda norte-americana que torna mais atrativos os
investimentos em matérias-primas.
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