Não faz muito tempo, a floresta era um território de segredos e incertezas: um ambiente dinâmico, onde o plantio, o crescimento e a colheita da madeira seguiam ciclos ancestrais, baseados na experiência humana e na percepção empírica do clima e do solo.
Hoje, à sombra das copas das árvores, a revolução tecnológica brota da terra fértil dos dados, irrigada por algoritmos de inteligência artificial (IA) e pela conectividade antes inimaginável. Na Suzano, empresa centenária com alma de startup, a transformação digital está em curso, impulsionando todo o ciclo produtivo, do plantio à indústria, com soluções que tornam as decisões mais assertivas, sustentáveis e estratégicas.
Na orquestração desse ecossistema digital está Josilda Saad, CIO da companhia, que ocupa o posto há pouco mais de um ano. A executiva trouxe na bagagem 15 anos na Vale e se deparou com um desafio: acelerar a integração e a digitalização de uma cadeia complexa, que parte da floresta e alcança o cliente final, abraçando um portfólio de soluções apoiadas por IA e conectividade.
A jornada de IA da empresa começou em 2019. Na floresta, ambiente onde a Suzano já acumulava diversos produtos digitais, o desafio era a falta de conexão. Esse entrave foi superado com a adoção de antenas Starlink combinadas a rádios de frequência digital, garantindo 100% de cobertura dos módulos florestais.
“Temos 86 módulos, variando um pouco, e já instalamos 144 antenas com essas coberturas. Agora a colheitadeira e outros equipamentos móveis estão todos conectados, permitindo a coleta de dados em tempo real e a comunicação direta com as torres de controle”, conta Josilda.
Essa conectividade integrada possibilita um fluxo contínuo de informações, transformando cada galho, folha e gota de chuva em matéria-prima para decisões mais inteligentes. O resultado é um ecossistema em que algoritmos de IA otimizam desde a escolha do plantio de clones de eucalipto até a previsão de focos de incêndio.
Para essa finalidade, a Suzano desenvolveu o Manda Chuva, que antecipa condições climáticas regionais de forma mais precisa do que previsões de mercado – essencial para planejar plantio, adubação e gerir o risco de incêndios. Resultado: nenhuma ocorrência relevante de incêndio no último ano, um feito que traduz o sucesso da integração entre tecnologia, brigada e operações.
Na Suzana, a IA não se limita ao campo. No trajeto até a indústria, a ferramenta iGroot otimiza a logística de abastecimento das fábricas. Com um problema complexo, que envolve inúmeros cenários, o sistema garante a melhor estratégia de sequenciamento da madeira, reduzindo custos e maximizando a eficiência da operação. Na fábrica, soluções como o Thor (otimizador de alocação de vapor nas turbinas) e o Mantis (plataforma de gestão de ativos com Machine Learning) elevam a eficiência energética e a disponibilidade da planta.
Mas a grande estrela recente é a Ana MarIA, assistente virtual baseado em IA generativa integrado ao Microsoft Teams. Segundo a executiva, o sistema é alimentado com dados em tempo real e atua como um copiloto para o operador da linha de cozimento da celulose, fornecendo parâmetros, diagnósticos e recomendações instantâneas. No passado, era preciso consultar extensos manuais durante a operação. Hoje, a informação chega pronta e contextualizada, tornando o processo mais ágil e produtivo.
A Suzano garante que a IA extrapole as fronteiras da floresta ou da indústria. A visão da companhia é aproveitar o potencial da tecnologia e ainda da IA generativa para “destravar a performance” das pessoas em diferentes áreas.
Uma prova disso é o “Somos”, ferramenta de avaliação de desempenho que, alimentada pela IA, sugere planos de desenvolvimento personalizados. Como resultado, a Suzano aumentou em 15% o volume de planos criados logo no lançamento, envolvendo em uma fase inicial cerca de 5 mil colaboradores.
“Outro exemplo é o Vagalume, que acende uma luz sobre os dados corporativos. Em vez de navegar por dashboards complexos, a equipe pode dialogar com os dados”, conta a executiva. Ela explica que um técnico de manutenção pode perguntar a ela, por exemplo, “Quando foi a última vez que o equipamento X recebeu manutenção?”. O Vagalume vasculha bases, ERP, suprimentos e cadastro florestal, entregando a resposta de forma clara, contextualizada e imediata.
A Suzano não vê a IA apenas como uma ferramenta centralizada, mas como algo a ser democratizado. “Estamos trabalhando em hipóteses complexas com squads especializadas, mas também incentivamos a democratização das tecnologias de análise de dados, de IA generativa, sempre em um ambiente seguro e governado”, afirma Josilda.
A governança é um pilar inegociável, reforça ela. Com segurança e proteção de dados garantidas, a meta é fazer com que cada área possa extrair insights valiosos sem depender unicamente de equipes externas. Uma verdadeira aceleração exponencial da inovação, apoiada por estruturas sólidas de ERP – a migração para S/4Hana está prevista para janeiro – e por um ecossistema aberto a novas tecnologias.
Para a Suzano, não se trata de inovar por inovar. Cada iniciativa de IA é justificada por um objetivo de negócios. Essa cultura garante alinhamento, engajamento e resultados concretos. “A área de digitaltech da empresa avança com planejamento estratégico digital, antecipando-se ao mercado e ajustando-se rapidamente aos novos ventos da tecnologia”, pontua ela.
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