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Modelo desfila durante a 3ª edição do Fashion Weekend Plus Size |
Elas querem usar peças de vestuário que estejam na moda e com modelagens que valorizem o seu corpo. São mulheres grandes ou com sobrepeso, que para se vestirem precisam de roupas em tamanhos maiores do que o comum, geralmente acima do manequim 46. Muitas vezes estas pessoas sentem dificuldades em encontrar grifes que atendam às suas necessidades e as deixem elegantes. Mesmo em um País onde 46,6% da população está acima do peso (segundo dados do Ministério da Saúde), ainda é possível encontrar consumidoras insatisfeitas com o que acham nas lojas de artigos têxteis.
Percebendo uma certa carência de empresas especializadas neste nicho de mercado, a jornalista Renata Poskus, colunista do blog Mulherão, teve a ideia de criar um evento que chamasse a atenção das confecções para a demanda existente dentro deste segmento. Assim, surgiu o Fashion Weekend Plus Size (FWPS), que traz uma série de desfiles de marcas que produzem peças para as gordinhas. A apresentação, que já passou por três edições, leva para a passarela um preview das tendências que serão utilizads nas próximas estações do ano. “Toda a estrutura foi montada pensando em tornar público o trabalho feito pelas companhias que desenvolvem produtos paras mulheres grandes. Apesar de não existir um estudo sobre o faturamento deste setor, sabemos que existe um grande potencial. Neste contexto, no próximo FWPS, pretendo abrir um espaço exclusivo para negócios”, afirma Poskus.
Investimento e criatividade extra-grandes
Empresários de moda atentos ao movimento deste mercado investem em inovação para atrair cada vez mais os clientes. Uma das pioneiras em atender brasileiras GG, a Cia de Moda existe há 45 anos e trabalha com itens diferenciados para conquistá-las. Maurice Marcel Zelazny, proprietário da companhia, ressalta sua preocupação em fabricar artigos com qualidade. “Não somos especializados em plus size, mas as nossas roupas para este segmento trazem tendências de moda e são joviais. Trabalhamos com um padrão de medidas internacional para não ter erro nos manequins”, afirma o executivo. Alguns dos sinais de que as vendas estão crescendo são as novas lojas da marca, que devem ser inauguradas até o final do ano. “Temos sete unidades comerciais próprias em São Paulo e pretendemos abrir pelo menos mais uma até o final do ano”, completa Zelazny.
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Desfile de look desenhado pela estilista Patrícia Camargo para o Capital Fashion Week |
Para a estilista Patrícia Camargo, a criação para este nicho envolve a expansão dos tamanhos e da criatividade. “O maior desafio de conceber as peças é mostrar para estas mulheres que elas podem usar roupas que favoreçam o seu corpo. Então, eu mesclo o desejo das clientes com tendências fashionistas”, frisa a designer. Patrícia, que desfilou sua linha de verão para gordinhas na última edição do Capital Fashion Week, tem uma loja física e outra virtual que vende para todo o território nacional.
Mas quem pensa que a dificuldade das pessoas com sobrepeso está apenas em se vestir casualmente, se engana. Existem obstáculos ainda maiores em escolher um vestido para festas formais, ou para se casar, pois as opções são escassas. O estilista curitibano Edson Eddel é um dos poucos no País preparados para atender a essa demanda. “Atualmente recebo encomendas deste segmento de todo o Brasil e do mundo”, enfatiza Eddel. O designer afirma ainda que a maior parte de seu faturamento vem dos modelos plus size. “Apesar de atender a todo biotipo de mulher, são as mais robustas que realmente elevam o meu lucro”, comemora.
Dificuldade que persiste
Mesmo existindo diversidade de peças para este público, as queixas persistem ainda hoje. A odontologista Silvia Cristina Gomez é manequim GG e declara que o seu maior problema é encontrar pontos de vendas. “As gordinhas têm que andar muito para achar alguma coisa que gostem. Na hora de escolher lingerie então, é praticamente impossível encontrar algo sexy, moderno e grande”, brinca.
Já a dona de casa Shirlei de Fátima Nunes, critica os valores das roupas e das modelagens. “Os preços são impraticáveis, mas o que ainda falta é a atenção de algumas confecções quanto ao tamanho escrito na etiqueta e quanto ao corte das peças. Já vi artigos da mesma numeração com três ou quatro dedos de diferença de um para o outro. Isso dificulta a vida das pessoas que moram no interior e compram virtualmente”, contesta Nunes, que é moradora de São Carlos (SP).
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Troca-Troca GG reune mulheres que têm dificuldades para encontrar roupas |
Ainda não existe uma padronização de vestibilidade para este grupo de pessoas, de acordo com Maria Adelina Pereira, superintendente do Comitê Brasileiro de Têxteis e Vestuário (CB-17). Ainda assim, Adelina afirma que as empresas do setor devem prezar por alguns aspectos na produção. “O conforto deve estar em primeiro lugar, porém é muito importante lembrar que este público precisa de roupas na moda”, ressalta.
No intuito de compartilhar experiências entre mulheres com sobrepeso e ajudá-las a adquirir peças, o blog “Garotas Formosas” realiza um bazar para troca de vestuário GG. “Nosso encontro é um jeito prático e barato de renovar o guarda-roupas”, comenta Graziela Matte, colaboradora do site. O evento vem ganhando espaço e conta, inclusive com a parceria de grifes especializadas que fazem divulgação de seus produtos para estas clientes em potencial.
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