Vanessa Jurgenfeld, de Florianópolis
01/06/2009
Quase três anos depois de chegar à Karsten, fazer uma reestruturação operacional e redirecionar a maior parte das vendas da empresa para o mercado interno, o presidente Luciano Eric Reis agora quer cortar custos e ampliar essa participação para melhorar os resultados. A empresa esteve envolvida em operações de derivativos cambiais que resultaram em um prejuízo de R$ 43,8 milhões em 2008.
Reis diz que as ações para melhora do desempenho são "medidas de mais arrocho de custo" e busca de crescimento, "como os 33% que crescemos no mercado nacional no ano passado". A ideia é atuar em três pilares - maior treinamento de pessoal, melhor assertividade de produtos e absoluta obsessão em contenção de custo.
O executivo não revela metas, mas diz que a empresa pretende crescer acima da média este ano. Se encerrar 2009 com crescimento, ficará acima da média das estimativas da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), que prevê para o ano faturamento igual ao do ano passado. O setor atingiu US$ 43 bilhões.
As operações com derivativos foram feitas via trocas de Notas de Crédito de Exportação (NCEs). Por meio de operações de swap - mudança de índices financeiros com verificações -, com várias instituições financeiras, a Karsten buscava reduzir os custos financeiros incidentes sobre os valores pactuados. Em relatório sobre o desempenho de 2008, a empresa chegou a informar que "a mudança no cenário da economia mundial e a manutenção da política cambial brasileira (taxa flutuante) provocaram a valorização do dólar, desvirtuaram a operação e o resultado do exercício (2008) foi negativamente impactado".
Com a aposta nos derivativos, as perdas da companhia contabilizadas em 2008 totalizaram R$ 51,4 milhões. Desse total, R$ 19,8 milhões de operações liquidadas no ano passado e R$ 31,6 milhões até o fim de março. "Não temos mais exposição (a derivativos). Agora temos que gerar caixa. Esse acidente não tem relação com o operacional. Foi realmente um acidente. Se olhar a nossa história, é inexplicável. Deixamos nos entusiasmar por ganho eventualmente muito pequeno contra uma exposição absurdamente alta", garante Reis.
Por conta disso, a empresa teve de adiar os investimentos previstos para este ano. "Tínhamos um plano de expansão e um plano de introduzir novos serviços de logística e informática. Isso tudo foi adiado de seis a 12 meses", explicou, sem revelar o montante de recursos que seriam aplicados.
No primeiro trimestre, a Karsten já obteve pequeno lucro, de R$ 164 mil. A receita líquida cresceu de R$ 68,7 milhões para R$ 71,8 milhões. "Os primeiros meses foram satisfatórios", disse ele, acrescentando que o mercado em geral, no entanto, está em retração. "Mas o nosso crescimento não se deveu por aumento da atividade econômica, mas porque demos alguns passos no sentido de ocupar uma fatia maior do mercado", ressaltou. Reis destacou ainda que o desempenho só não foi melhor porque, em meio à crise econômica mundial, clientes reduziram os estoques para proteger o caixa de suas empresas.
"Vivemos uma situação ímpar ainda no mercado interno porque dependemos da entrega do mercado imobiliário, que está aquecido, e porque temos um alargamento das relações com parceiros, como as grandes redes de supermercados, que no primeiro trimestre tiveram bom desempenho e estão mantendo os investimentos". O avanço da empresa em redes de supermercados se deveu ao lançamento da marca de artigos mais populares chamada Casa In, lançada há cerca de dois anos.
No mercado externo, a Karsten também busca alternativas para crescer. Em fevereiro, uma equipe fez incursões na Alemanha, Hungria, Polônia, Rússia, Romênia e em março, na França, Portugal e Estados Unidos. Reis informa que a situação fora é pior do que no varejo domestico. " A estratégia de reduzir a dependência de exportação que adotamos a partir de 2006, foi muito acertada. Acreditamos que o mercado de exportação terá uma queda em relação ao ano passado entre 35% e 40% neste ano".
As vendas externas da Karsten, que já responderam por metade do seu faturamento total em 2004, devem ficar em 10% neste ano. Em 2008, atingiu 12%.
Sobre iniciativas no varejo como alternativa para melhorar a lucratividade, em linha do que fez a concorrente Coteminas recentemente, ao adquirir 65% da M. Martan, o executivo afirma que "respeita todos os movimentos". E observa: "Acho que nossa vocação ainda é muito industrial e temos um campo largo para aprendizado de logística e distribuição. Estamos observando (as empresas que estão indo para o varejo)". Disse que vê como um laboratório e não tem projetos".
No exterior, contudo, clientes, por iniciativa própria, abriram lojas com a marca Karsten, com a liberação do uso da marca pela empresa. Há uma loja na Venezuela e outra na Colômbia. Reis nega movimento de internacionalização.
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