Fonte:|economia.ig.com.br|
Sílvia Leitão
A paisagem verde, com pastos e fazendas, é o cenário esperado para quem viaja em direção ao interior de Pernambuco. Esse retrato ganha um novo componente, o jeans, quando se está indo em direção a Toritama, no Agreste do Estado, a 173 quilômetros do Recife. As fábricas de jeans chamam atenção de turistas, empresários e comerciantes, que se deslocam de diversas partes do Brasil em busca do produto.
O Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco, com uma fatia de 14%, é atualmente o segundo maior distribuidor de jeans do Brasil, só perdendo para o Estado de São Paulo. Toritama é um exemplo da busca de alternativa econômica de sobrevivência de um povo que vive em uma terra pouco propícia à agricultura e mal servida de água.
Modelos desfilam em Toritama: participação de toda a cadeia produtiva
O coração das vendas do município é o Parque das Feiras. A empresária Djanete Sales Almeida, de 40 anos, está no mercado há quase duas décadas. Ela fabrica três mil peças em jeans mensalmente - e tudo é vendido. Os baianos, afirma a empresária, estão entre os que mais consomem. Eles levam todo tipo de peça, como vestidos, calças, blusas, shorts, saias e jaquetas, que saem por preços entre R$ 20 e R$ 50. “Em maio, com o Festival de Jeans, as vendas sobem em média 25%”, diz.
Esses comerciantes se orgulham porque seu público é fiel. Bruno da Fé Dias, comerciante de 29 anos, compra em Toritama desde 2002. “Primeiro trabalhei dez anos com pessoas de Santa Cruz do Capibaribe – cidade próxima –, depois passei a ter minhas próprias lojas e a comprar em Toritama. As peças daqui têm ótima aceitação no mercado da Bahia e brasileiro. Muita gente prefere comprar peças de fornecedores de Toritama a São Paulo”, afirma Bruno, que sai de três em três meses de Barreiras, a 950 quilômetros de Salvador, para comprar no interior pernambucano.
Essa efervescência em torno do jeans sempre aumenta em maio com o Festival de Jeans de Toritama – de 14 a 18 deste mês foi realizada a nona edição do evento, que recebeu 30 mil visitantes. A Associação Comercial e Industrial de Toritama (ACIT), que organiza o festival, diz que o evento foi um divisor de águas para a cidade. "Desde a primeira edição, o crescimento econômico local deu um salto”, avalia o presidente da entidade, Luciano Cavalcanti.
Valor sentimental
Toda a cadeia produtiva elogia a proposta do festival. Há quatro anos participando da iniciativa, o empresário Léo Lerony, de 31 anos, demonstra sua satisfação com um aumento de vendas entre 10% e 15%. Já a modelo Lídia Martins, de 15 anos, que desfila com o jeans produzido em Toritama, mostra o valor sentimental que o evento traz para a população local. “As modelos têm consciência da responsabilidade da passarela para os produtores da cidade. Estamos ajudando a mostrar o trabalho de muita gente aqui. Não é só questão financeira, mas satisfação profissional”, disse.
"São quase meio milhão de pessoas empregadas, apesar da grande informalidade do setor”, diz Waldyr Rocha, diretor da Associação Comercial e Industrial de Toritama, que reúne 150 sócios e 350 microempresários. A cidade de Toritama é responsável pela produção de quetro milhões de peças de roupas todos os meses; o polo todo, por 12 milhões.
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