Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Trabalho Barato Reflete Um Mundo no Qual a "Média" Chegou ao Fim

  • Fábrica na China estava produzindo mais de 10 mil iPhones por dia, após Apple reprojetar tela

    Fábrica na China estava produzindo mais de 10 mil iPhones por dia, após Apple reprojetar tela

Em um ensaio intitulado “Making It in America” (algo como, “Tendo Sucesso nos Estados Unidos”), publicado na última edição da revista “The Atlantic”, o escritor Adam Davidson relata uma piada da região produtora de algodão dos Estados Unidos sobre o nível de automação atingido pelas fábricas de tecidos modernas. Segundo a piada, atualmente esse tipo de fábrica só possui dois funcionários: “um homem e um cachorro. O homem está lá para alimentar o cachorro, e o cachorro fica na fábrica para impedir que o homem se aproxime das máquinas”.

O artigo de Davidson é um dos vários textos recentes que argumentam que um dos principais motivos pelos quais os Estados Unidos têm atualmente um índice de desemprego tão elevado e remuneram tão mal a sua classe média é não apenas a grande queda da demanda provocada pela Grande Recessão, mas também o enorme aumento da globalização e o crescimento da revolução em tecnologia de informação, que estão, mais rapidamente do que nunca, substituindo trabalhadores norte-americanos por máquinas ou por trabalhadores estrangeiros.

Antigamente os trabalhadores que possuíam uma qualificação média e que desempenhavam tarefas de qualidade também média podiam contar com um estilo de vida médio. Mas, atualmente, a média acabou oficialmente. Ter qualidade média simplesmente não significa mais uma garantia da mesma renda que era obtida no passado. Isso não é mais possível em uma época na qual uma quantidade muito maior de empregadores conta com um acesso muito maior a mais mão de obra barata e de qualificação acima da média, bem como a equipamentos robotizados baratos, softwares baratos, automação barata e gênios baratos. Portanto, todo mundo precisa encontrar o seu próprio fator extra – a sua contribuição de valor única que faça com que o indivíduo se destaque na sua área profissional. A média acabou.

Sim, as novas tecnologias estão devorando empregos há muito tempo, e continuarão a devorar. Conforme o ditado, se os cavalos pudessem votar, jamais teriam surgido automóveis. Mas tem havido uma aceleração dessa tendência. Conforme observa Davidson, “De 1999 a 2009, as fábricas dos Estados Unidos demitiram trabalhadores tão rapidamente que elas quase anularam todos os ganhos dos 70 anos anteriores; cerca de um dentre cada três empregos no setor industrial – um total de cerca de seis milhões – simplesmente desapareceu”.

E nós ainda não vimos nada. Em abril do ano passado, Annie Lowrey, da revista “Slate”, escreveu a respeito de uma nova empresa chamada “E la Carte” que deverá fazer com que diminua a necessidade de contratar garçons e garçonetes: a companhia “criou uma espécie de iPad que permite que o consumidor faça o pedido e pague na própria mesa. A invenção, conhecida como Presto, que foi criada por um grupo de engenheiros do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), poderá ser encontrada em breve em um restaurante próximo ao leitor...

O cliente seleciona o prato que deseja e o coloca em um carrinho de pedidos. Dependendo das preferências do restaurante, o painel poderá mostrar informações nutricionais, listas de ingredientes e fotografias. O cliente pode fazer pedidos especiais, como por exemplo “quero molho nas laterais”, ou “dose de bacon quíntupla”. Após terminar, o pedido é remetido para a cozinha, e o Presto diz ao cliente quanto tempo a comida vai demorar.

Quem estiver entediado com os companheiros de mesa pode simplesmente jogar na maquininha. Ao terminar a refeição, o cliente paga por meio do tablet, dividindo a conta prato por prato, se desejar, e pagando da forma que desejar. E o recibo pode ser remetido por e-mail. Cada aparelho custa US$ 100 por mês. Se um restaurante servir refeições oito horas por dia, sete dias por semana, isso representará 42 centavos por hora por mesa – fazendo com que o Presto seja mais barato do que o mais barato dos garçons”.

E o que o iPad não faz de uma forma acima da média, um trabalhador chinês fará. Basta ver este parágrafo do ótimo artigo de Charles Duhigg e Keith Bradisher, publicado no “New York Times”, sobre o motivo pelo qual a Apple fabrica tantos dos seus produtos na China:

“A Apple reprojetou a tela do iPhone no último minuto, o que resultou em uma reformulação na linha de montagem. Novas telas começaram a chegar às fábricas chinesas quase à meia-noite. Um gerente imediatamente acordou 8.000 trabalhadores que estavam nos dormitórios da companhia. Cada funcionário recebeu um biscoito e uma xícara de chá, foi conduzido à área de trabalho e, dentro de meia hora, iniciou um expediente de 12 horas, inserindo telas de vidro nas estruturas dos aparelhos. Dentro de 96 horas, a fábrica estava produzindo mais de 10 mil iPhones por dia. 'A velocidade e a flexibilidade são impressionantes', disse o executivo. 'Nenhuma fábrica norte-americana é capaz de competir com isso'”.

E a automação não se restringe apenas às fábricas, explica Curtis Carlson, diretor executivo da SRI International, uma empresa do Vale do Silício que inventou o programa para o Apple iPhone conhecido como Siri, o assistente pessoal digital. “O Siri é o início de uma enorme transformação na forma como nós interagimos com bancos, companhias de seguro, lojas, companhias do setor de saúde, serviços de recuperação de informações e prestadores de serviços”.

Sempre haverá mudanças – novos empregos, novos produtos, novos serviços. Mas uma coisa da qual nós temos certeza é que, a cada avanço na globalização e na revolução da tecnologia de informação, os melhores empregos exigirão que os trabalhadores possuam um maior e melhor nível educacional para se colocarem acima da média. Eis aqui os mais recentes índices de desemprego do Departamento de Estatísticas do Trabalho relativos aos norte-americanos de mais de 25 anos de idade: aqueles que não têm diploma de segundo grau, 13,8%; os que têm diploma de segundo grau, mas que não fizeram curso superior, 8,7%; os que fizeram parte de um curso superior ou que têm um diploma intermediário (entre o segundo grau e o superior), 7,7%; e os que possuem bacharelado ou um título mais elevado, 4,1%.

Em um mundo no qual a média chegou oficialmente ao fim, muitas coisas precisam ser feitas para elevar o índice de emprego, mas nada seria tão importante quanto criar algum tipo de GI Bill (legislação norte-americana que garante o financiamento dos estudos de militares) para o século 21 que garanta que todos os norte-americanos tenham acesso à educação superior.

Fonte:|http://noticias.uol.com.br/blogs-e-colunas/coluna/thomas-friedman/2...

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Comentário de nelson ginetti em 31 janeiro 2012 às 14:08

Essa situação existe desde os primordios da humanidade, sempre houve evolução no sistema de produção, dos arados puxados a burro aos tratores modernos computadorizados. Mas a eletronica fez tudo isso dar um salto enorme e rapido. Em poucas decadas andamos mais que os seculos anteriores mas a contrapartida disso seria a sociedade do bem estar, onde um numero crescente de empregos estariam na saude, cuidando dos idosos, no turismo pois com a redução da carga horaria teriamos mais tempo para viajar, esportes,diversão e aposentadoria mais cedo. Isso esta acontecendo, mas não na velocidade necessaria, pois o fenomeno da globalização devido o sistema de produção capitalista, retardou essas conquistas nas nações mais preparadas, para gerar empregos nas nações ditas perifericas e até eles subirem de nivel essa situação vai continuar, com o agravante de que os recursos materiais do nosso planeta não suporta o nivel de consumo padrão dos paises mais ricos. Então esse padrão de consumo também vai ter que mudar......se o planeta existir atélá.

Comentário de Dalvio José Bertó em 29 janeiro 2012 às 10:43

Esqueci de comentar na outra mensagem: excelente matéria, como sempre. Site, portal muito interessante, que agrega muito valor. Dalvio

Comentário de Dalvio José Bertó em 29 janeiro 2012 às 10:41

Fico pensando como o Brasil vai se virar com o emprego,com tanto sindicalismo e mecanismos de proteção....As regras não vão valer para nada. Vai acabar faltando renda,emprego, oportunidades.Revolução total.DJB

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