Em entrevista a Marie Claire, Luiza explica que, assim como outros materiais removidos da natureza, pedrarias e metais preciosos também podem ser reutilizados. Uma alternativa para incentivar o upcycling e preservar ambientes que sofrem com práticas de garimpo.
“Aprendi com a minha mãe que não é preciso jogar fora”
Ela também se interessa pelo “slow fashion”, prática consciente que tem se tornado referência no mundo da moda. Só que a artesã não começou criando profissionalmente: desde cedo, ela aprendeu em casa como reutilizar metais e pedrarias. Foi através dos pais, dois artesãos nômades, que passaram grande parte da juventude usando a reciclagem como renda em feiras de artesanato, que Luiza aprendeu a reinventar brincos quebrados, colares arrebentados e anéis amassados.
“Embora minha mãe não goste desse termo, ela é bem hippie [risos]. Em feirinhas, ela aprendeu que não precisa jogar fora e que se derreter ou polir está bom de novo. Tentei fugir disso, mas me interessei e aprendi também”. Antes de assumir o posto de artesã, a jovem tentou outros hobbies e até a faculdade, mas foi chamada pelo trabalho artístico, que viu de perto desde o nascimento e onde se encontrou.
“Quando me interessei e comecei a produzir, queria fazer peças com outro design e com o meu jeito. Na minha produção, eu desmonto joias ‘quebradas’, tiro pedrinha por pedrinha e derreto para reutilizar. Tenho um saco cheio de coisas para criar [risos]”, disse Luiza.
“Me preocupo com os garimpos e com a procedência de peças novas”
Além do incentivo da mãe, a proteção do meio ambiente também fez com que Luiza procurasse formas mais sustentáveis de produzir. A artesã aponta que o consumo de peças novas incentiva a degradação compulsiva de sistemas importantes da natureza.
“Minha preocupação são os garimpos e a procedência de prata e ouro novos. Por que tirar da natureza se existem peças paradas há 30 ou 40 anos? Transformar é a minha alternativa para preservar o meio ambiente”. Além de reinventar peças, em alguns casos, ela tem os olhos treinados para um “garimpo consciente”, onde encontra joias em bom estado precisando apenas do aprimoramento das mãos de uma “artesã sustentável”.
Uma rede de sustentabilidade
Já adulta e com conhecimento sobre a importância de reciclar metais e pedrarias – passado pelos pais e aprendido também, na prática –, Luiza incentiva a clientela a transformar peças usadas em itens novos. Atualmente, grande parte das peças “garimpadas” por ela são compradas de clientes e reinventadas.
“Eu peço para os meus clientes prata que eles têm parada. Digo a eles pra não jogar fora, porque eu posso derreter e fazer algo novo. Às vezes é só limpar, soldar e polir que fica novo. São materiais que ainda são bons”, contou a artesã.
Mesmo competindo com marcas de fast fashion, o que ainda é bastante desafiador, em decorrência do incentivo exacerbado de práticas consumistas, Luiza se mostra positiva sobre a ideia crescer e se tornar referência com o mercado de joias sustentáveis.
“Vi minha mãe passar por dificuldades nesse ramo também e deu tudo certo. Ela conseguiu superar, muitos antes de mim conseguiram e tem gente que está passando por isso agora, assim como eu, mas vamos ficar bem”, refletiu.
https://umsoplaneta.globo.com/cultura-design-e-moda/noticia/2024/12...
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